sábado, 13 de março de 2010

CHEIRA-ME A FIM DE REGIME!

Há muito tempo que não ouvia afirmação tão bombástica. Alguém teve a coragem de o dizer!
Foi dita hoje, por um dos oradores do Congresso do PSD!

Por ser bombástica, ela traduz, letra por letra, a preocupação de alguém pelo estado de extrema degradação social, política e económica a que o país chegou.

De facto, nem na primeira República, após a queda da monarquia, se chegou a um estado de degradação tão elevado, nunca se bateu tão no fundo. Em 1926, apesar de estar muito mal, Portugal não estava tão mal como hoje. Digamos que Portugal hoje, está a cair de podre...

Em artigos anteriores já abordei esta questão.
Portugal está prisioneiro de si próprio, mergulhado nas contradições duma persistente tendência de voto, sempre nos mesmos, os tais que dão subsídios por tudo e por nada, sem terem dinheiro para o fazer, arruinando as finanças públicas, apenas por ambição do poder.

Quinze longos anos, praticamente sempre os mesmo a governar! E o resultado aí está.
Portugal está à beira da ruína!

Por isso o cheiro a podre sugere fim de regime, como alguém afirmou no Congresso do PSD.

O que quereria dizer o orador?

Não sei ao certo, mas talvez fosse a sugestão da inevitável queda natural do governo e a sua substituição por um governo do PSD, resultante de eleições antecipadas.

Todos os candidatos à liderança do PSD, aliás, sugerem isso nos seus discursos.
Estão, no entanto, todos enganados numa coisa, ou melhor dizendo, em várias coisas.

Não só não é certa a queda do governo, porque o Partido do poder está muito bem apoiado nas suas bases eleitorais, os tais eleitores do cartão, do subsídio, do clube e dos interesses instalados, como o PSD numa hipótese remota de ganhar as próximas eleições, nunca terá condições para governar.

E nunca terá condições para governar, pela simples razão, já várias vezes por mim abordada, da existência do paradigma constitucional português que, como todos sabemos, resultou de uma revolução socialista.

O PSD não é socialista, logo não pode governar, nem com maioria absoluta, muito menos com maioria relativa mesmo coligado com o CDS.

O paradigma constitucional, demasiado analítico (quase trezentos artigos) por um lado e reflectindo a filosofia socialista subjacente à revolução de 1974 por outro, torna extremamente difícil, senão mesmo impossível, uma governação à direita do Partido Socialista.

A única excepção foi a do governo de Cavaco Silva, e foi extremamente tortuosa.

Caiu pouco tempo depois de eleito com maioria relativa e só governou com maioria absoluta devido aos persistentes apelos ao «DEIXEM-ME TRABALHAR...» e, perante os vetos constitucionais e políticos do Presidente da República socialista da altura, ter sido obrigado a governar à esquerda.

Depois de Cavaco, desde há quinze anos a esta parte, as passagens do PSD pelo Governo foram efémeras.

Barroso caiu ao fim de dois anos, depois de ter sido insultado e vaiado e alguns dos seus ministros conotados pela oposição socialista ao tráfico e consumo de droga no «Casal Ventoso». Tudo serviu para denegrir e destruir a imagem do Governo, só porque não era socialista. A Assembleia da República da altura parecia um areópago próprio de um país do terceiro mundo.

Na primeira oportunidade, abandonou o país e foi para Bruxelas depois de convidado para Presidente da Comissão Europeia.
Outro exemplo paradigmático foi o de Santana Lopes que lhe sucedeu, tendo sido demitido pelo Presidente da República socialista da altura ao fim de três meses de governo!

Todos estes exemplos mostram que Portugal não pode ter governos à direita, nem sequer ao centro, só pode ter governos à esquerda. O paradigma constitucional assim o determina e o voto popular do subsídio, do cartão, do clube e do interesse instalado, confirma.

Por todas estas razões, o orador do PSD está totalmente enganado!

Enquanto o paradigma constitucional socialista, que foi adoptado com a revolução de 1974, não for alterado, Portugal não conseguirá desenvolver-se, como não se desenvolveram Cuba, os países da Europa de Leste da antiga esfera soviética, a China e todos os que adoptaram este modelo.

A China é um bom exemplo de como a mudança do paradigma marxista e do poder popular, depois do desaparecimento de Mao Tzé Tung, colocou aquele país na senda do progresso em duas décadas, sendo hoje um dos mais desenvolvidos do mundo!

Portugal teima em continuar com estes modelos, não aprendeu nada com a desgraça dos outros e o resultado aí está:

- Um país completamente degradado em todos domínios: demográfico, social, económico, político, educacional e institucional;
- Um índice de pobreza sem precedentes, atingindo quase 40% da população;
- Quase seis milhões de portugueses dependentes do Estado, em subsídios, reformas, ordenados, complementos e prestações sociais diversas, sem que o Estado e a Segurança Social tenham capacidade para isso.
- Um Estado Gigantesco, que consome praticamente metade daquilo que produzimos com o nosso trabalho individual e o labor das empresas que ainda restam, depois da falência de mais de 50.000 só nos últimos dois anos;
. Um dívida externa a atingir o limiar dos 100% do Produto Interno Bruto, ou seja, tudo aquilo que Portugal produz está hipotecado em dívidas ao estrangeiro;
- Um economia completamente arrasada, pelo modelo marxicapitalista que lhe foi imposto e a enorme carga fiscal e contributiva a que está obrigada para poder alimentar o Estado Gigantesco e os 6 milhões de portugueses que dele dependem;
- Uma taxa de desemprego oficial de mais de 10%, calculando-se que a real atinja perto dos 15%;
- Uma juventude sem futuro a fugir de Portugal enquanto é tempo, por não haver espaço no seu país, para construir a sua vida;
- Fuga de quadros qualificados e de «cérebros» para o estrangeiro, por não não haver oportunidades em Portugal;
- Uma coutada de caça em que Portugal de transformou, para criminosos, bandidos e toda a espécie de malfeitores, onde ninguém se sente seguro;
- Um sistema educativo completamente degradado, que forma analfabetos e ignorantes, onde o aluno é rei, o professor é escravo, é agredido física e moralmente pelo aluno e acaba por se suicidar para se libertar do inferno que é a sua vida;
- Um sistema educativo que passa certificados de ignorância nas «novas oportunidades»;
- Um sistema corporativo e sindical, na sua grande parte controlado pela esquerda radical, com poderes quase ilimitados para inviabilizar tudo o que contrarie os «direitos adquiridos» e as decisões dos governos que contrariem esses «direitos», impossibilitando a governação;
- Um Sistema Judicial completamente paralisado.
- Em suma, um país sem rumo, sem estratégia coerente de desenvolvimento, sem eira nem beira e se houver beira, só a da ruína!

Portugal está prisioneiro de si próprio e do sistema que criou, mas que outros já abandonaram há muito. Infelizmente, não aprendeu com as desgraças dos outros.

Por isso é preciso mudar, primeiro que tudo o paradigma constitucional.
Não se trata já de revisões da Constituição, trata-se de alterar a Constituição!
Menos de metade dos Artigos, enunciando apenas princípios gerais, muita flexibilidade, que permita a governação de qualquer partido que ganhe eleições, sem ter que fingir que é de esquerda e não estar sujeito ao chumbo sistemático das suas leis, porque declaradas inconstitucionais.

Com a alteração do paradigma constitucional, a alteração do paradigma económico e a escolha de um modelo económico baseado na economia social de mercado, sem ambiguidades, incentivando a livre iniciativa dos cidadãos e livre dos bloqueios fiscais, contributivos, laborais e burocráticos.

A solução é conhecida e é preciso coragem e determinação para a implementar, se quisermos ultrapassar a barreira do sub-desenvolvimento. Haja bom senso e mobilização da sociedade e dos seus representantes para esse grande desiderato nacional.

A SOLUÇÃO PASSA POR AQUI:

- Alteração do paradigma constitucional
- Alteração do modelo económico
-Aperfeiçoamento do paradigma democrático
- Alteração dos modelo judicial, educativo, social e demográfico
- Reformulação do paradigma público (Estado, Administração Pública)
- Alavancagem da economia
- Equilíbrio das finanças públicas
- Redução da dívida externa
- Expansão da economia
- Desenvolvimento do Estado Social, erradicação da pobreza
- Implementação dos grandes projectos públicos e privados
- Progresso económico e social, pleno emprego
- Expansão internacional e global, criando as bases necessárias para as empresas

Com vinte anos de atraso, mesmo assim, vale a pena tentar!
Se o não fizermos, estaremos irremediavelmente condenados ao enquistamento sistémico e endémico do sub-desenvolvimento e da pobreza.

Seria nisto que o orador do PSD estaria a pensar, quando afirmou que «CHEIRA-ME A FIM DE REGIME»?
Espero que sim!