segunda-feira, 28 de maio de 2012

REPÚBLICA DE ESPIÕES - DEMOS A CHAVE DO GALINHEIRO À RAPOSA


Perante o espectáculo degradante de ver Órgãos do Serviço de Informações da República (SIRP) completamente devassados e assaltado por malfeitores, penso que voltámos aos tempos da PIDE de Salazar. Ou talvez pior…






Talvez pior porque, enquanto a PIDE se preocupava em identificar e perseguir os adversários políticos do regime, o galinheiro em que se transformaram órgãos  do SIRP, devassa a vida privada das pessoas a seu bel-prazer e colocou-se, tudo indica, ao serviço dos grandes interesses económicos e políticos do país.

Inacreditável!

Transformou-se num verdadeiro Centro de Espionagem.

Já não é apenas um mecanismo de defesa do regime e do Estado (País), mas muito mais do que isso.

E, pior que tudo, preocupado em dar satisfação aos interesses de lóbis, acaba por não cumprir a missão para que foi criado. A defesa do Estado Português de ameaças externas e internas.

E, muito grave, as pessoas nomeadas para o controlar, são afastadas dos serviços de controlo e aliciadas (compradas) para cargos irrecusáveis. E isto, em estreita colaboração com o governo, por simples troca de mensagens de telemóvel.

Uma verdadeira bagunça!

Assim, a raposa, com a chave do galinheiro na mão, encheu o bucho à vontade.

Quando quis, quando lhe aprouve, quando lhe apeteceu.

Nunca pensei que a promiscuidade chegasse tão longe em Portugal.

Promiscuidade entre o responsável máximo de um serviço de extrema responsabilidade e membros do governo, sugerindo nomes de confiança para os serviços de controlo e indo ao desplante de sugerir nomes para o substituir, depois de ter sido apanhado na ratada.

Promiscuidade entre o governo e os órgãos de comunicação, designadamente jornais, onde jornalistas tratam por «tu» membros do governo e onde um destes ameaça devassar a vida privada de uma jornalista, por esta o tentar denunciar.

Por tudo isto, o país transformou-se numa república da espionagem, da chantagem, da bagunçada e da palhaçada.

Já desceu muito abaixo do nível da «banana» que, apesar de tudo ainda era, e é, um fruto tropical com valor económico e nutritivo.

Portugal transformou-se num país onde já nem os portugueses o reconhecem. Já não se sentem bem no seu próprio país.

Maria José Morgado, conhecedora destes assuntos, por dentro e por fora, procuradora do DIAP, uma das vozes mais esclarecidas que ainda vão tendo a coragem de dizer as verdades acusa, peremptoriamente:

- «Demos a chave do galinheiro à raposa» e agora é tarde demais…

É tarde demais, porque a razia nas galinhas deve ter sido devastadora. O esfaimado apetite da raposa deve ter sido voraz.

Nem ousamos imaginar onde chegou a promiscuidade, a devassa, os interesse em jogo, os estragos provocados.

E quem foram as vítimas e os beneficiados? O que sabemos deve ser apenas a «ponta do icebergue».

Foi apenas o que transpareceu cá para fora.

Balsemão, um peso-pesado do regime, empresário e ex-primeiro ministro, foi espiado, foi escutado.

Nem as essências balsâmicas do seu nome, que supostamente o deviam proteger, o salvaram.

Indignou-se, e com razão!

Como qualquer um de nós se indignaria.

Escutas ao serviço de quem? Quem foram os beneficiados? E a devassa da vida privada das pessoas? Quem ganhou com o negócio e quem paga os prejuízos e as reparações moral e material?

O que aconteceu no SIEP (Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa) é de extrema gravidade e demonstra, à evidência, o grau de degradação a que chegaram as Instituições Públicas e Privadas a estas ligadas.

E acima de tudo, a insegurança que todo este espectáculo promíscuo e degradante, causa em cada um de nós portugueses.

Nem no nosso país já nos sentimos seguros e podemos estar expostos, por tudo e por nada, a sermos escutados e espiados por estes felinos, sem escrúpulos e de dentes afiados,  que tomaram de assalto os órgãos vitais do poder e da segurança do Estado.

Depois de roubados, trancas à porta?

A ver vamos…

























terça-feira, 22 de maio de 2012

EDUCAÇÃO NACIONAL: A GRANDE DESILUSÃO


Tenho acompanhado os programas do Prof. Medina Carreira na Televisão, praticamente desde que se iniciaram.
Primeiro com o «Plano Inclinado» e agora com o «Olhos nos Olhos».

O primeiro, ainda nos tempos loucos do socratismo, sugerindo certamente a trajectória inclinada (para baixo), que o país estava seguir em direcção ao precipício e o segundo, já no tempo da esperança, sugerindo mudança, verdade, transparência.

Lembro-me de Nuno Crato, o actual Ministro da Educação, ser um dos participantes permanentes do «Plano Inclinado», juntamente com o economista João Duque.

Lembro-me que Nuno Crato, abordava preferencialmente temas sobre a educação em Portugal, área onde se sentia mais à-vontade, não fosse ele Presidente da Associação Portuguesa de Matemática e Professor universitário.
E, recordo-me perfeitamente da crítica acérrima que fazia ao sistema de educação, tanto ao nível do ensino básico, secundário ou universitário.

Criticava veementemente a política educativa dirigista do Ministério da Educação e os métodos anárquicos propostos pelos chamados «comissários políticos», colocados ao serviço desse dirigismo e que tinham por missão controlar, junto das escolas, a aplicação da utopia, tanto ao nível do ensino e dos métodos pedagógicos, como ao nível da relação professor/aluno.

Crato trazia gráficos e esquemas para mostrar no programa, que comprovavam os métodos absolutamente utópicos de ensino e avaliação dos alunos. Com estes métodos, os alunos, no fim dos ciclos, valiam «zero». Ignorância completa.
Mas, isso não era importante para os mentores políticos da utopia. O que era importante era o lúdico e o passatempo. No fim, os alunos levavam sempre uma classificação excelente. As estatísticas agradeciam. Lá fora rejubilava-se. Éramos os «Maiores»…

Renasceu a esperança, em muitos de nós que acompanhámos de perto os problemas da educação, com a escolha de Nuno Crato para Ministro da Educação. Os seus discursos iniciais, após a tomada de posse, acalentaram essa esperança.

Esperança de que se iria iniciar uma nova era na educação, a era do pós-anarquismo utópico.

Hoje, como habitualmente, assisti à transmissão do programa «Olhos nos Olhos», na TVI 24, cujo tema era precisamente a educação, e convidada a Dra Maria do Carmo Vieira, professora do ensino secundário.

O primeiro mote para a abordagem do tema, foi algo que não constituiu surpresa, dada a sua constatação, por parte de quem está minimamente atento ao que se passa no país.

Esse algo, que introduziu a discussão, foi exactamente o silêncio, a paz, a calma, que se vive hoje nas escolas e no sistema de ensino, contrastando claramente com o clima de agitação e confrontação que se viveu durante os seis anos de  regime socrático, sob o consulado de Rodrigues,  Canavilhas e Alçada.

Aparentemente este silêncio pareceria indicar que Crato, teria tido capacidade de apaziguar os professores, de ter convencido as escolas e os professores a aceitarem o seu plano, de por ordem no ensino e de pugnar pela sua qualidade.

Mas não!

Maria do Carmo Vieira, a convidada, conhecedora dos problemas do ensino, por dentro e por fora, notoriamente indignada, dispara:
- Trata-se de uma paz podre, tudo continua como dantes. Nada mudou!

O estatuto do aluno, os métodos anacrónicos de ensino, os manuais escolares, a completa ignorância dos professores sobre as matérias que deviam saber ensinar, a eliminação das matérias difíceis e incómodas dos programas, a arrogância, a macaquice e a prevaricação dos alunos, o excessivo trabalho a que os professores são obrigados para recuperar, obrigatoriamente, os alunos indigentes, mal educados e preguiçosos, a corrida às consultas de psiquiatria de muitos professores inconformados e, pasme-se o controlo e a censura política a quem criticar o sistema, sendo imediatamente rotulado de fascista, reaccionário e conotado com o regime de Salazar.
Ou seja, tudo continua na mesma. Os professores são avaliados, não em função do seus conhecimentos sobre as matérias que, supostamente deveriam saber ensinar, mas em função quase exclusiva de técnicas e métodos pedagógicos de ensino.

Segundo Maria do Carmo Vieira, os professores são formatados apenas para isto, não têm autonomia para aplicarem os seus próprios métodos e tudo tem de ser trabalhado em grupo.

A formatação do docente, passa ainda por ter de seguir, obrigatoriamente, um Manual do Professor.
Para a elaboração dos programas, não há consenso politico entre as diversas tendências ideológicas e resultam antes da predominância das forças de esquerda, que desde sempre, os têm imposto, segundo as suas concepções.
Ou seja, um filme de terror! Mas, já muito conhecido desde a «abrilada» de 1974.

Relativamente ao Acordo Ortográfico, Maria do Carmo afirma ainda que ele resultou de «uma cambada de oportunistas, políticos e meia dúzia de linguistas aventureiros, é uma autêntica blasfémia e, como afirma a  Nota Explicativa do Acordo e como critério científico para a sua concepção, que os «Lusitanos foram teimosos porque nunca quiseram tirar os «c» e os «p».

Oportunismo de lóbis, mais uma vez que, como afirma a Prof.ª Maria do Carmo. As acções de formação, por todo o país, para se ensinar, no dizer deles,  o «português correcto» e, interroga o Governo sobre quanto vai gastar com este Acordo

Crato, que tanto criticou o sistema, quando estava de fora, agora, lá dentro, parece que deixa andar e não te rales.
Faz como dizia Confúcio.

Será que Crato é mais uma vítima de lóbis e interesses instalados? Será que o seu entusiasmo inicial, força anímica e boas intenções esbarraram contra a barreira destes enormes poderes político-corporativos no nosso sistema de ensino?

São questões envoltas em mistério, tal como a paz podre de que fala Maria do Carmo Vieira, a professora do ensino secundário que, melhor do ninguém, conhece os problemas no terreno.

Passado quase um ano de governação, esperava-se que Nuno Crato fizesse mais.
Esperava-se que o Ministro da Educação já tivesse lançado as bases da grande reforma do ensino, que há muitos anos se impõe.

Esperava-se que o Ministro aproveitasse esta oportunidade única de mudar o sistema  e tivesse a coragem de desafiar um dos  os lóbis mais poderosos do país e que tanta poeira destrutiva lançou sobre a educação em Portugal.

Por isso, vale a pena ver e ouvir os participantes do «Olhos nos Olhos» do dia 21 de Maio.

domingo, 20 de maio de 2012

DEMOCRACIA MAÇÓNICA: LOBIES, MORCEGOS E VAMPIROS


Dentre todas as vicissitudes desta democracia, dita representativa, ficámos a saber, não há muito tempo, a propósito da promiscuidade entre o Serviço de Informações da República e o Governo e Grandes Empresas do Sistema que, membros daquele e grande parte dos deputados da Assembleia da República, pertencem a Lojas Maçónicas.

Para além da elite dirigente da grande empresa portuguesa, pública ou privada.

Já algum tempo atrás, a propósito do envolvimento da política activa com a maçonaria, afirmei e continuo a pensar que, numa democracia que se quer transparente, este envolvimento não faz o mínimo sentido, a menos que os objectivos desse envolvimento sejam diversos daqueles que, histórica e tradicionalmente, são apanágio das maçonarias.

E, quando os factos, as notícias, os acontecimentos, dão conta de uma catadupa de indícios dessa promiscuidade, cada vez mais me convenço de que vivemos mesmo numa democracia maçónica, onde se movimentam e disputam o poder, os grandes «players» dos interesses instalados no país.

O Povo esse, está fora disto.

É como se não fizesse parte do sistema. Apenas é chamado a fazer sacríficos, sacrifícios e mais sacríficos.

Tudo recai sobre ele, desde os buracos financeiros abertos pela promiscuidade, passando pelos sobrecustos do sistema energético, até às parcerias público-privadas, das SCUTS e das auto-estradas triplicadas em betão e em custo financeiro.

E, também como os factos comprovam, a elite maçónica e mafiosa, que sempre existiu, manda neste país e dita as regras.

Que ninguém ouse desafiá-la. Nem o Governo.

Até este, já teve de recuar:

-No caso da EDP, no caso da reforma autárquica, no caso dos cortes salariais nas empresas públicas de bandeira (TAP, Caixa Geral de Depósitos, Banco de Portugal e outras).

E, tudo indica, vai ter de recuar todas as vezes que este poder ignóbil for desafiado.  Cederá certamente, por uma razão ou por outra.

O próprio ministro Miguel Relvas que, entrando com força e determinação, para tentar derrubar as barreiras lobísticas e mafiosas, e com isso fazer as reformas que se impõem,  já reconheceu que arranjou inúmeros inimigos.

É um alvo a abater!

Mas, armadilha ou não, o recente caso com a jornalista do Público, não abona muito a seu favor e vai enfraquecer a sua posição, face aos desafios que tem pela frente. O tempo o dirá, se conseguirá manter-se por muito mais tempo no poder.

Talvez o seu sucessor, se isso ocorrer, tenha de ser escolhido pela máfia e com perfil à sua medida, ou seja mais mole e mais dócil, como convém, para todos estamos bem com todos. Não se pode fazer «ondas»…

O que de facto é preocupante é que o país, que há décadas é dominado por estes poderes ocultos, que a tudo se sobrepõem, incluindo aos governos e como tudo indica, influenciando a sua composição, sugerindo nomes da sua confiança, não consegue libertar-se das garras destes vampiros.

Tenham ou não cor partidária, os tentáculos que lançaram ao nível do Estado Central, Empresarial (Público e Privado) e Autárquico, são de tal forma extensos e poderosos, que bem podemos dizer que o país é dominado (governado) por uma oligarquia, não apenas partidária, mas também cartelizada por «elites» estatais e empresariais, numa completa promiscuidade.

E aqui, há alguma semelhança com o regime de Salazar, pois que este, servindo-se da PIDE para controlar os cidadãos e mantê-los quietos, mantinha igualmente uma oligarquia económica, com grande poder, que controlava o poder político,  influenciava as suas decisões e prestava-se a toda a espécie de promiscuidades.

Apenas se diferenciava do sistema pluripartidário, optando por um sistema de partido único.

Ou seja, tudo parece indicar que, seja em sistema democrático pluripartidário, seja em ditadura, o resultado final acaba por ser o mesmo.

O Povo é sempre excluído.

Por isso, a pior ditadura é a que se disfarça de democracia.

Esta, que se disfarça de democracia, com contornos oligárquicos, impõe as regras como nas ditaduras.

O voto, facilmente manipulável,  é apenas o expediente para justificar que o sistema é democrático, do tipo representativo que, na verdade não o é.

Primeiro porque quase metade não votam e em segundo lugar, porque os deputados representam apenas o resultado de nomeações dos respectivos chefes políticos.

Muitos nem são da região que dizem representar!

E, voltamos sempre à questão de fundo.


Como mudar o sistema?

Porque, perante um cenário de completo apodrecimento das instituições e do sistema político-partidário, impõe-se uma mudança, para bem do país, para bem da sua população, para bem do seu desenvolvimento.

terça-feira, 15 de maio de 2012

FAMÍLIA: MANUTENÇÃO, DESTRUIÇÃO OU EVOLUÇÃO?




Hoje, dia Internacional da Família, achei oportuno, fazer uma reflexão sobre este tema, não apenas porque este agregado social mereceu o reconhecimento de um DIA para sua comemoração e consagração universais, mas também porque está ser alvo de todos os ataques, nesta sociedade pós-moderna.






Mas, há uma outra razão porque resolvi reflectir sobre este tema e que com ele está relacionada.

Há dias, alguém, no Face Book, escreveu um comentário, sobre o qual fiquei a pensar.

Dizia, a propósito da homossexualidade e dos direitos dos homossexuais, designadamente ao seu direito ao «casamento» institucionalizado constitucionalmente que, todos «temos de adaptar a nossa mentalidade àquilo que está na Constituição».

Mas, vai mais longe. Afirma que, historicamente, a homossexualidade é um comportamento espontâneo e que, em relação à Família, todas as formas devem ser admitidas. Presumo ao que o autor se estivesse a referir.

Em relação à primeira questão, a do ajustamento da nossa mentalidade à Constituição, direi que, isso é o que pretendem os mentores dos regimes totalitários e do pensamento único, imposto pelo Estado.
Por isso nunca, em circunstância alguma, devemos abdicar da nossa forma de pensar e das nossas convicções.
Não é a Constituição que nos pode obrigar a pensar desta ou daquela maneira.
Isso nunca!

Quanto à segunda questão, a do comportamento espontâneo da homossexualidade, estudos científicos recentes negam esse facto, tanto na forma isolada como na de exclusividade (parceiro(a)/certo(a)), pelo menos na espécie humana.
Nem resulta sequer de alteração genética (existência de um gene «gay»), de uma doença ou de um processo evolutivo, segundo a teoria de Darwin.

Aqueles estudos  sobre a homossexualidade de que podemos citar Fischer e Grémaux (1995), Gadpaille (1980), concluem que a homossexualidade é um mero subproduto do prazer (a procura de outras formas ou variantes do prazer) e a exclusividade (que poderia justificar o «casamento» entre pessoas do mesmo sexo) é apenas um produto da sociedade.

Quer isto dizer que, a Natureza, a Evolução, não seleccionaram um padrão não-reprodutivo (como é a relação homossexual) mas seleccionaram, isso sim, um meio, um processo, um elo de ligação, a que chamamos prazer sexual, que pudesse vincular progenitores com capacidade reprodutiva. A relação sexual só é possível, havendo prazer e havendo prazer, pode haver procriação, o fim último desejado pela Natureza.
A reprodução medicamente assistida, em casos de infertilidade, ou outros, é um mero artificialismo que, do ponto de vista ético, só se justifica nesses casos extremos.

A homossexualidade não é assim, mais do que um sub-produto desde vínculo, visando apenas o prazer e portanto sem capacidade reprodutiva.

Esta conclusão bastaria para injustificar o «casamento» entre pessoas do mesmo sexo, que Sócrates, sem consultar a população e cedendo a pressões de minorias, fez consagrar na Constituição da República Portuguesa, como uma grande conquista da modernidade!

Obviamente, que a questão sentimental e afectiva poderá estar presente, sob qualquer forma, como o está, entre os membros duma família, entre amigos ou até entre humanos e animais.

Esta pequena introdução conduz-nos à questão da Família que, hoje se consagra, dedicando-lhe um dia internacional para a sua comemoração. Mas, ao mesmo tempo, alvo de muitos ataques, de quadrantes que querem forçar a ordem natural e a evolução e que a pretendem anarquizar e vulgarizar, desviando-a das suas funções fundamentais.

Por isso, vale a pena determo-nos um pouco sobre a sua evolução e avaliar do contributo das investigações sociológicas, económicas e demográficas que apontam para uma concepção dinâmica da Família em oposição à sua concepção estática tradicional.
Mas, que mantêm e aperfeiçoam o fundamental do papel que desempenha numa sociedade.

Algumas questão prévias são, no entanto, necessárias.

Em primeiro lugar as questões de linguagem, aquilo de que estamos a falar.
E, neste particular, os termos, as palavras, servem para caracterizar as coisas e os factos. Uma laranja não é a mesma coisa do que um limão, embora ambos sejam citrinos.

Uma Família, na espécie humana, tal como a entendemos na cultura ocidental e que este termo procura definir, é o agregado social primário ou básico, formado inicialmente por duas pessoas de sexo diferente (o grupo conjugal primário), com determinadas necessidades e estrutura, visando o desempenho de determinadas funções e podendo ser ampliada pela procriação ou pela adopção (grupo conjugal secundário).

Nesta perspectiva, qualquer outro agregado social, com características diferentes, não o podemos nem devemos designar pelo mesmo termo. Outra designação tem de ser adoptada, sob pena de confusão e tratarmos da mesma forma, coisas que são substancialmente diferentes e visando objectivos diferentes.

Colocadas estas questões, voltamos ao tema «Família».

Sem me deter demasiado sobre  as características das famílias primitivas e  medievais, direi que, a primeira era baseada na segurança proporcionada pelo grupo organizado e exercia desta forma uma função protectora contra agressões externas.

Na antiguidade, nas famílias gregas e romanas, passou a observar-se o parentesco para a sua constituição, porque era identificado com o culto dos antepassados e que muito contribuiu para a sua agregação à volta do «pater», que daria depois lugar à figura medieval do chefe de família, centrada no pai.

Tanto nas famílias gregas como romanas, haviam as micro-religiões, cada família possuía os seus próprios deuses, representados pelos seus antepassados mortos. O chefe de família eram também um chefe religioso e praticava uma liturgia específica.

Acreditava-se que a extinção do culto familiar determinaria a condenação eterna dos seus membros e dos seus antepassados. Também acreditavam estes povos que a morte sem descendentes, constituía uma desgraça e como tal foi criado o instituto da adopção na chamada Lei das XII Tábuas, que se realizou no Império Romano. A cerimónia da adopção era pública, com um representante do Estado, da Religião e do Povo.

Na Idade Média, a partir dos séculos XVI e XVII, opera-se uma mudança nas relações internas com os filhos. Passou a educação a ser feita essencialmente nas escolas, retirando-as da antiga socialização no meio familiar. Foi o início da escolarização.

O registos dos nascimentos passa a ser feito nas paróquias, a partir do século XVIII e opera-se a separação entre a vida mundana e profissional, da privada. O processo começa com a nobreza e a burguesia e estende-se progressivamente a todas as famílias.

A família conjugal, ou em sentido lato,  o «ménage», a «maisonnée», tal como existiu durante muito tempo na Europa, correspondia: no espaço, a uma unidade de habitação; do ponto de vista económico, a uma unidade de produção e de consumo; do ponto de vista social, a uma unidade de autoridade, a do «senhor da casa» ou chefe de família; e encontrava-se duplamente inserta num «sistema de parentesco» e num grupo local mais vasto: lugar, aldeia ou bairro.

As grandes transformações dão-se, porém, a partir da Revolução Industrial e do desenvolvimento da vida urbana, nos séculos XIX e XX, que resultam também de mudanças no sistema económico e dos sistemas de parentesco.

Assim, a família conjugal mudou simultaneamente de posição na sociedade e de estrutura interna. Ao mesmo tempo, novas ideologias modificaram os modelos antigos, aos quais se reportam os membros da família. A imagem do «grupo primário» adquiriu outra forma na representarão mental. Alteraram-se os sistemas de valores. Até as palavras «pai» e «filho» deixaram de ter o mesmo significado, e a linguística revela as suas profundas modificações.
Para compreender estas alterações, torna-se necessário estudara evolução das funções da família na sociedade e a evolução das suas estruturas, assim como a modificação das relações e dos papéis sociais no interior do grupo familiar.

Seguindo as investigações do Grupo de Etnologia Social de Paris, as funções da Família podem ser sintetizadas em quatro grupos: funções físicas e biológicas; funções económicas; funções sociais e culturais; funções afectivas e espirituais.

Funções físicas e biológicas

Dizem respeito à reprodução e à sobrevivência da espécie. Esta função é básica e portanto menos susceptível de modificação, em condições normais de funcionamento de uma sociedade.
No entanto, circunstâncias adversas ou excepcionais, como transformações tecnológicas, questões de carreira profissional, especialmente das mulheres, guerras, crises económicas e a influência de correntes ideológicas, podem influenciar o comportamento do homem perante a vida e a espécie
.
Assiste-se actualmente a uma diferenciação entre função de procriação e relação afectiva, apesar das suas fortes ligações. O casamento ou a união de facto, tendem hoje, a ser antes de mais, uma união entre duas pessoas.

Funções económicas

São as relativas a produção e consumo. Perdeu importância em meio urbano, tendo algum peso em meio rural. No entanto, conserva um importante contributo na produção de serviços para os seus próprios membros (trabalho doméstico).
A sua função de consumo é, no entanto mais importante. A família é uma unidade de consumo e de habitação. Dispõe de um rendimento comum, que o aplica em consumo e como tal é factor de dinamização económica.

Funções culturais e sociais

Num primeiro plano, estas funções são de socialização das crianças. Embora muitas destas funções estejam a ser confiadas à escola, perante a falência desta, muitos autores defendem que o papel da família é fundamental para uma boa socialização dos filhos. Assiste-se, hoje em dia, a uma demissão deste papel por parte da família, deixando a uma escola deficiente e ao bando de rua, a socialização dos nossos filhos.

Num segundo plano, estas funções também são de identificação social. É por intermédio da família que o indivíduo recebe um nome, uma paternidade e uma identidade, para além de ser, através da família, que o indivíduo é admitido na sociedade.

Num terceiro plano, poder-se-ia considerar as funções jurídicas e políticas, centradas na figura do chefe de família, mas que perderam relevância nas sociedades democráticas actuais.

Podemos ainda considerar, as funções de transmissão, de bens de uma geração a outra. As regras relativas à herança, têm-se modificado e os bens herdados reduzidos por via dos impostos do Estado.

Finalmente neste grupo, a função de transmissão da cultura. Continua a ser muito importante, mesmo com a intervenção da escola. Está associada ao meio social onde se insere a família.

Funções afectivas e espirituais

As afectivas, dizem respeito à necessidade de a criança dispor de um ambiente afectivo e acolhedor, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade. Os psicólogos são unânimes neste ponto e que o papel da mulher é insubstituível. No entanto, noutro plano, o papel do pai e até dos irmãos, se os houver, têm hoje relevância.
Estudos demonstram que o desenvolvimento harmonioso da criança só possível com o contributo destas funções e tendo como referência um pai e uma mãe, nunca dois pais ou duas mães.
As espirituais, dizem respeito, nas famílias em que existem crenças religiosas, de as transmitir aos descendentes, como referência de valores culturais e sociais.

Tendências actuais. A evolução dos papéis sociais e das relações familiares

Nas sociedades democráticas actuais, as transformações tecnológicas, o reconhecimento da igualdade de oportunidades entre os sexos, a primazia das carreiras profissionais, as correntes ideológicas, o relativismo demótico, as condições de vida, o espaço urbano, os comportamentos, a alteração dos valores e padrões sociais de referência, têm levado a um alteração profunda nos papéis e funções desempenhados tradicionalmente pela família.

Estará a Família em completa desagregação? Estará comprometida a educação, a formação e a socialização dos nossos descendentes? Estará, em suma, comprometida a sobrevivência da própria sociedade?

São questões pertinentes que se colocam.

A família conjugal, tal como está a evoluir, encontra-se caracterizada hoje, por uma maior individualização dos personagens, não só em relação aos progenitores, como em relação aos filhos.
Mas é, sobretudo a posição privilegiada do casal que mais se salienta. Parece estarmos perante uma regressão da família como instituição, dando esta lugar a uma união mais livre, entre homem e mulher, sob a forma de um «companheirismo» e baseada apenas no amor recíproco.
Nesta perspectiva, o diálogo do casal e a sua estabilidade emocional, tornam-se os aspectos centrais. Para os filhos é essencial, perante as graves repercussões que podem ter sobre eles, quando há dissociação e desentendimento familiar.

Compreende-se até que ponto são importantes as modificações nas atitudes do homem e da mulher, relativamente à posição desta última na sociedade. As noções de igualdade e liberdade da mulher, expressas pelos dois sexos, constituem o ponto difícil da evolução do casal e da estabilidade familiar.

Por outro lado, se levarmos em conta as mudanças de actividades, de papéis sociais e de relações no interior da família, e as modificações introduzidas nas relações entre o grupo familiar e a sociedade, poderemos ter uma ideia da evolução das estruturas familiares.
 A família deixou de apresentar uma figura tão rígida como outrora; as personagens estão mais desligadas de imagens pré-estabelecidas, que implicavam o desempenho de papéis sociais cujos mais pequenos pormenores estavam socialmente fixados. A vida familiar é, assim, uma perpétua criação.

Por vezes, parece resultar uma incerteza desta situação nova. Inversões de papéis, demissões de responsabilidades e mesmo revoltas são as consequências de transformações demasiado rápidas e da falta de adesão a formas novas.

Reflexão final

A igualdade entre homens e mulheres  não pode ser confundida com a uniformidade total dos papéis sociais, como o pretende, muitas vezes, um feminismo agressivo que, é desejável, para o equilíbrio das sociedades e das relações entre homens e mulheres, de se ver ultrapassado.

E tanto mais desejável quanto os factos demonstram que se está a virar contra ela.

A mulher vai alcançando, em quase toda a parte, uma igualdade de direitos com o homem. Isto não quer dizer que se deva tornar semelhante a ele e muito menos igual a ele.

A mulher imitadora do homem é um modelo que perde toda a sedução para ambos os sexos.
 A igualdade de direitos deixou de parecer incompatível com uma diferenciação profunda, necessária ao diálogo do casal.
A mulher tem um papel a desempenhar em todos os campos: familiar, profissional, político e outros; papel que é tão importante como o do homem; mas imprime-lhe uma nota pessoal diferente.

O estudo das necessidades da Família (necessidades-obrigação e necessidades- aspiração) permite-nos ver até que ponto uma transformação geral das estruturas é necessária para permitir à mulher o desempenho dos seus diferentes papéis, sem ser esmagada por um trabalho excessivo (doméstico, profissional e social).


Em suma, para que a Família cumpra as suas funções essenciais, nas modernas sociedades democráticas, que o mesmo é dizer dos seus protagonistas principais, o homem e a mulher, é absolutamente indispensável, por um lado, o respeito recíproco pelos papéis que cada um deve desempenhar de acordo com o seu género e com a sua estrutura psicológica seleccionada pela Evolução (aspecto muito importante) e uma  adaptação das estruturas da sociedade, que facilite o cumprimento dessas funções.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

[12 de Maio] Demitir Cavaco para salvar a Democracia - YouTube#at=423#!

[12 de Maio] Demitir Cavaco para salvar a Democracia - YouTube#at=423#!


A NOVA SOCIEDADE



Sem dúvida que uma nova e inovadora arquitectura da sociedade é necessária.

E que relegue a partidocracia para segundo plano. A história já demonstrou que o sistema de partidos está gasto, está ultrapassado e gerou péssimos resultados, em todos os tempos.

Não é fácil desenhar um modelo alternativo que corrija as vicissitudes do sistema partidário, porque em todos eles intervem o Homem, com todos os seus defeitos e virtudes, com o seu instinto animal de sobrevivência e muitas vezes pervertido pela sua inteligência.

Mas, o sistema apresentado, aproxima-se muito daquilo que julgo, funcionaria melhor e com mais transparência.
Esta nova Assembleia da República teria a seguinte composição:

- 1/3 dos deputados representando partidos
- 1/3 dos deputados representados por  cidadãos independendes, que aprentariam candidaturas a um juri nacional, a que eu me atrevo de chamar de tecno-políticos, ou seja, que sejam tecnocratas e simultâneamente tenham cultura política, mas independentes dos partidos.
- 1/3 dos deputados eleitos directamente pela população, em sistema de democracia directa.

 O desenho do novo modelo económico e social é também importante, para que garanta a criação efectiva de riqueza e permita distribuí-la com justiça e equidade.
Este vídeo, que hoje surgiu nas redes sociais, é a prova de que a sociedade civil começa a ter consciência de que o sistema por que nos regemos está podre e decadente e originou milhões de excluídos, em nome de um socialismo de que apenas os agentes do sistema e os seus mentores beneficiaram.


Temos de construir algo de novo.