quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O ENIGMA E A DIFICULDADE - POR A ECONOMIA A FUNCIONAR

 
De todos o quadrantes da sociedade, não há uma voz que discorde de que é necessário por a economia a funcionar.
Não há político, da extrema esquerda à extrema direita, mesmo que, comprovadamente incompetente, que não tenha, na ponta da língua, a frase miraculosa que nos pode salvar, ou que acreditamos que nos pode salvar, da pobreza de milhões de cidadãos, do subdesenvolvimento e da extrema desigualdade terceiro-mundista, em que vivemos.
 
É PRECISO POR A ECONOMIA A FUNCIONAR…
 
Mas, por estranho que pareça, poucos, muitos poucos, apontam o verdadeiro caminho.
Meramente, por questões ideológicas, por uma captura, quase irreversível, de uma cultura chamada irracionalmente de «esquerda».
 
Como sempre acontece, ou quase sempre, em Portugal, o discurso sobre esta temática, centra-se nos efeitos e não nas causas.
E, centrando-se nos efeitos, nos sintomas, aponta-se a solução de alguns médicos, ou seja, se combatermos os efeitos da doença, os sintomas desaparecem e ficamos com a ilusão de que a doença desapareceu.
 
Diz-se, ao nível do governo, do discurso político e do discurso analítico, que a questão está na FALTA DE INVESTIMENTO. E, se os capitais não abundam a nível interno, dada a situação de depauperamento do país, temos de recorrer aos capitais estrangeiros, ou seja ao INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO.
 
Outras análises, mais do discurso da chamada esquerda, aponta a deriva neoliberal como responsável pela situação do país e pela falta de investimento, retomando as teses socialistas e colectivistas como solução.
 
É verdade que, sem investimento, não há crescimento, não há emprego, não há desenvolvimento.
 
Interrogamo-nos, então, porque não há investimento, interno ou externo?
Refiro-me aqui ao investimento reprodutivo, com efeito multiplicador sobre a economia, aquele que pode induzir, efectivamente, o emprego,  o crescimento e a criação de riqueza.
 
E não são os Vistos Gold, antro de manipulação e corrupção ou a compra de grandes empresas públicas ou privadas, que podem representar investimento reprodutivo. Não, de forma nenhuma.
Trata-se de investimentos meramente especulativos na aquisição de activos a bom preço, mas que esvaziam o país de rendimento e quase sempre se traduzem em grandes perdas de postos de trabalho.
 
Não é este, o investimento que interessa ao país, mas antes devê-lo-íamos repudiar, porque lesivo para todos nós.
 
O problema da Economia é simples de equacionar  se, em vez de nos centrarmos nos efeitos, passarmos a centrar a análise, nas causas.
 
E AS CONDIÇÕES DE PARTIDA são, portanto, simples de formular:
 
- EM RELAÇÃO AO SECTOR PRIVADO, SE HOUVER CONDIÇÕES ATRACTIVAS PARA CRIAÇÃO DE EMPRESAS E PARA O INVESTIMENTO, POR PARTE DAS JÁ EXISTENTES, A ECONOMIA CRESCERÁ, O EMPREGO AUMENTARÁ E O PAÍS DESEVOLVER-SE-Á.
- EM RELAÇÃO AO SECTOR PÚBLICO EMPRESRIAL E AO INVESTIMENTO PÚBLICO ESTATAL, AS MESMAS PREMISSAS, TUDO DEPENDE DAS CONDIÇÕES EXISTENTES E O SUCESSO DAS PRIMEIRAS, POTENCIARÁ AS SEGUNDAS.
 
Tão simples quanto isto.
 
Em termos gerais e sem a preocupação de detalhes, que seriam imensos, PORTUGAL NÃO REUNE, NEM AS PRIMEIRAS, NEM AS SEGUNDAS CONDIÇÕES.
AS CAUSAS ESTÃO AQUI.
 
E o país não reúne essas condições, e também em termos gerais, porque durante os quarenta anos, que já dura a III República, NÃO REALIZOU AS REFORMAS DE FUNDO, AS REFORMAS ESTRUTURAIS  DO PAÍS, base indispensável, para que esse desiderato fosse alcançado.
 
O que se verificou, durante décadas, foi a insistência num MODELO DE DESENVOLVIMENTO, enquadrado, basicamente, pela Constituição de 1976, baseado num centralismo burocrático e num expansionismo exagerado do Estado que, lenta e progressivamente, mas de forma eficaz, acabou por estrangular o SISTEMA ECONÓMICO PRIVADO (principalmente ao nível das Pequenas e Médias Empresas) e com ele a própria falência do Estado que, agora, só consegue subsistir recorrendo ao Endividamento.
 
A insistência neste Modelo, sem dúvida, BENEFICIOU BASTANTE todos aqueles que, de forma directa ou indirecta viveram e trabalharam enquadrados pelo Estado, nas suas diversas vertentes, durante décadas e, por isso, obviamente, continuam a lutar por ele,
 
Mas estes funcionários, trabalhadores, quadros e dirigentes, são apenas uma parte da sociedade portuguesa.
A outra, a esmagadora maioria, a que trabalha na economia real e que, por isso, sempre esteve sujeita às flutuações e incertezas duma Economia Privada, obviamente reclama e, muita hoje, pagou o «ajustamento» resultante da falência do Modelo, com o desemprego, com o infortúnio, com a pena da emigração ou a conformar-se a viver na casa dos país, sem qualquer rendimento.
 
E, fora do mercado de trabalho, toda a massa de reformados e aposentados que vive de pensões do Estado, cada vez maior, a ser seriamente afectada, pelas mesmas razões, pois, colateralmente ao Modelo Seguido, não se cuidou das variáveis demográficas e da REFORMA DE FUNDO DOS SISTEMAS DE PENSÕES.
 
Apesar de todo este quadro dramático, que, irá certamente, por em causa todo o nosso futuro colectivo, O SISTEMA POLÍTICO VIGENTE continua a insistir no mesmo modelo, mantendo praticamente intacta toda a complexidade e burocracia legal e o gigantismo do Estado.
 
Clama por Investimento, mas NADA FAZ PARA CRIAR AS CONDIÇÕES DE PARTIDA.
E nada faz porque, para criar essas condições, implica alterar a Constituição e como ela o Modelo de Desenvolvimento.
Mexer na estrutura e na despesa do Estado, são inconstitucionais, logo, todas as REFORMAS DE FUNDO, são inconstitucionais.
 
Interrogamo-nos também, como é possível, num quadro institucional extremamente limitativo das actividades económicas, O SISTEMA ECONÓMICO DAR AINDA SINAIS DE SE MANTER A FUNCIONAR.
A explicação é simples:
 
- Como todos os sistemas, o sistema económico AUTO REGULA-SE para sobreviver, mas AUTO REGULA-SE PELA NEGATIVA, DA PIOR FORMA POSSÍVEL:
 
Baixos salários e mão de obra precária, à base do recibo verde, ou seja, sacrificando e penalizando fortemente o factor trabalho;
Contratos de trabalho à base de salários nominais aparentes, como defesa contra a alta Taxa Social Única, penalizando o factor trabalho, nas futuras reformas;
Evasão e fraude fiscal, em muitas actividades, por meio de ardilosos artifícios contabilísticos e declarativos, ou actividades simplesmente não registadas, clandestinas;
A socialmente injusta ECONOMIA PARALELA, surge aqui, como consequência directa da imposição deste modelo institucional;
E, finalmente, como consequência de tudo isto, UMA MINORIA SOCIAL CADA VEZ MAIS PRÓPERA E RICA, contrastando com a esmagadora maioria dos portugueses, cada vez mais pobres, tornando o nosso país, um dos da União Europeia, onde as desigualdades são maiores;
Ou seja, uma verdadeira contradição, do Modelo Socialista Democrático que se afirmava seguir.
 
E, em reforço desta tese, O SISTEMA POLÍTICO PORTUGUÊS, maioritariamente dominado por uma cultura de «esquerda» (que não se sabe bem o que é), NÃO DEIXA, DE FORMA NENHUMA, ALTERAR A CONSTITUIÇÃO, nem mesmo, perante a evidência da falência e derrocada do seu Modelo e das CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS E INJUSTIÇAS que está a originar:
 
Em Portugal, por mais que se fale em POR A ECONOMIA A FUNCIONAR, por mais que se clame por Investimento, isso não acontecerá de forma significativa, se o Modelo de Desenvolvimento não for alterado e se não for feita a REFORMA PROFUNDA DO ESTADO, obedecendo à fórmula:
 
-  MENOS ESTADO, MAIS QUALIDADE, MAIS ECONOMIA.
 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

PRIVATIZAÇÕES: GESTÃO PÚBLICA VERSUS PRIVADA

 
 
 
 
Sempre defendi o princípio da colectivização de bens, serviços e recursos, de utilidade pública geral e de interesse estratégico para um país.

Os chamados recursos básicos da economia.
 
Como tal, não devem ser entregues a empresas ou instituições privadas.
 A razão é simples.
Por um lado, estes recursos, dada a sua natureza, se forem entregues a privados e assumindo muitas vezes a natureza de monopólios, são explorados segundo o arbítrio do grupo ou empresa privada, visando apenas a maximização do lucro e assim, prejudicar o interesse colectivo geral, para além de constituir factor de extrema assimetria na distribuição da riqueza colectiva.
 
Por outro lado, dada a sua natureza estratégica, a sua manipulação por privados, pode lesar gravemente os interesses gerais do país, perdendo, os poderes do Estado, o controlo sobre esses recursos.
Num mundo, actualmente globalizado, em que apenas os grandes grupos económicos e financeiros mundiais, jogam num tabuleiro de xadrez com as peças mais valiosas e como tal, devoram os meros peões neste jogo desigual, este último aspecto assume uma importância crucial.
 
Analisado nesta perspectiva, a empresa pública, que detém, sob controlo do Estado, esses bens, serviços e recursos, não é um mal em si mesmo, antes pelo contrário, pois visa, teoricamente, a sua exploração, de forma a maximizar a utilidade dos mesmos a toda a colectividade, com um mínimo consumo de recursos.
 
Porém, mau grado a existência de Instituições Reguladoras, para que esse objectivo social seja atingido, a verdade é que, face à sua tutela pelo Estado, as suas administrações, quase sempre nomeadas por critérios político-ideológicos e não por critérios de competência e qualificação, descambam numa gestão ruinosa, fruto do oportunismo, da manipulação e do abuso do poder, saldando-se, quase sempre,  por avultados prejuízos que, na prática, se traduzem em mais custos sociais para os contribuintes.
 
As indemnizações compensatórias, que o Estado, todos os anos, é chamado a transferir para estas empresas, visa exactamente cobrir os crónicos prejuízos da grande maioria delas.
 
E esta situação, repete-se sistematicamente, nesta III República, década após década, sem que nenhum governo, tenha tentado colmatar o problema, constituindo, estas empresas, em geral, um enorme e ruinoso encargo público, um enorme custo social para todo o país, que atinge muitas vezes, centenas de milhões, senão mesmo, de mais de um milhar de milhões de euros, anuais.
 
E, o que é grave, mesmo muito grave, é que, apesar de todos os prejuízos acumulados por estas empresas, compensados pelo Estado, quase sempre não se traduzem em benefícios visíveis para o público em geral, resultando, na prática, que os prejuízos anuais resultaram, na sua maior parte, de uma gestão danosa e do aproveitamento das administrações, quadros e trabalhadores.
 
É lícito perguntar, onde radica o mal da questão?
 
Incompetência e laxismo na gestão, abuso de poder, inoperância da regulação, estruturas muito pesadas, sobre emprego, salários e suplementos acima da média, onde toda a gente se aproveita, baixa produtividade, gestão e investimentos irracionais sem critérios de eficiência, atitudes abusivas dos quadros e em geral do pessoal, greves por tudo e por nada (os trabalhadores destas empresas, assumem um estatuto de privilegiados, a que poucos outros no país, se podem dar ao luxo), porque sabem que os prejuízos causadas são socializados por todo o país, etc. etc.
 
Perante estes factos, as privatizações de empresas públicas, em curso no país são, em boa parte, deles consequência. A outra, da falência e colossal endividamento do país, obrigando-nos a vender, para nosso infortúnio e desgraça, ao desbarato, todas as  joias da coroa, sacrificando, a interesses estrangeiros, a nossa soberania e independência.
 
Ou seja, em Portugal, subverteu-se, pelo abuso e pelo oportunismo, o Princípio Social e o Instituto da Empresa Pública.
 
Agora, clamamos a reposição do erro mas, parece já ser tarde demais.
As consequências, estamos a pagá-las dolorosamente.
Os oportunistas, ganharam, é certo, abusaram enquanto puderam e agora bem podem vir a ter o seu futuro ameaçado.
Mas, todo o país perdeu e empobreceu.
A capacidade do Estado, para dar cobertura, como sempre aconteceu, a estes abusos, não é ilimitada, como a gravíssima crise que atravessámos e continuamos a atravessar, dramaticamente demonstrou.
A TAP, que está na ordem do dia, é um bom exemplo.
Bem gostaria, bem gostaríamos todos, que a TAP, continuasse pública, porque é um recurso estratégico do país.
 
Mas, a TAP, é um bom exemplo de descalabro continuado, de má gestão, de investimentos mal planeados, de sobre emprego, de exagerados salários, a começar pelo seu Presidente e toda a espécie de suplementos e mordomias, que sobrecarregam enormemente os custos operacionais da empresa e diminuíram o cash-flow de investimentos, mal calculados e planeados.
 
É certo que, perante o descalabro e a eminência de inviabilidade económica, houve, um grande esforço de reestruturação, durante os últimos anos mas, os problemas crónicos continuam lá.
Paralelo, só a RTP, a Rádio Televisão Portuguesa, também, tal como a TAP, empresa pública, agora sob concessão.
 
Mas, como todas as empresas públicas, a TAP é extremamente vulnerável, às greves oportunistas, chantagistas e ideológicas, controladas de dentro e de fora, que não olham a meios para atingir os fins e não ponderam, minimamente, os enormes prejuízos para a Companhia e as consequências para todo o país.
 
 
É tempo de questionar o Instituto da Empresa Pública, tal como está concebido mas, com muita probabilidade, esse tempo já terá passado.
O país já entrou numa zona irreversível, já pouco ou nada resta, já pouco ou nada haverá a fazer, a menos que algo extraordinário aconteça.

sábado, 22 de novembro de 2014

PORREIRO, PÁ! QUANDO O DINHEIRO FALA, A VERDADE CALA-SE

 
 
 
 
Em Portugal, apesar de todas as desgraças que já nos aconteceram nestes quarenta anos da República de Abril, vive-se ainda o diálogo radicalizado entre esquerda e direita, como se tudo se resumisse a uma questão ideológica.
 
As análises, os comentários, os colunistas mediáticos e os articulistas dos blogs, baseiam ainda muito as suas opiniões e os seus pontos de vista, nesta dicotomia, esquerda-direita. Ou seja, nas suas convicções ideológicas.
 
Tudo se resume e baseia em análises deste tipo. A esquerda combatendo a direita e a direita combatendo a esquerda.
Mesmo quando não se trata de questões políticas, mesmo quando se trata de questões objectivas, que indiciam práticas criminais e que são do foro da Justiça.
 
Vem isto a propósito da detenção do ex-primeiro ministro José Sócrates, por fortes e graves indícios, de práticas de crimes públicos.
 
E, não bastando a ruina que este homem, em seis anos de governação, provocou ao país, facto que, só por si, justificava uma auditoria à sua governação e apuramento de responsabilidades, não apenas políticas, como é norma em Portugal, mas civis e criminais, há pessoas que, perante esta detenção, ainda acham que a atitude das Polícias e do Ministério Público, não devia ter sido esta.
 
Ou seja, desde que a desgovernação ruinosa ou os indícios de crime, venham da esquerda, tudo deve ser perdoado e esquecido, simplesmente porque se trata da esquerda, sistema e regime instaurados em Portugal, em 1974, com a  Revolução.
 
Mas, a verdade objectiva, os factos, as crises permanente em que o país tem estado mergulhado, nestes quarenta anos da III República, mostram à evidência, que não se trata, não se tratou,  de questões ideológicas, de questões esquerda-direita, como muita gente neste país costuma tudo reduzir.
 
Trata-se objectivamente de uma crise de regime, que arquitectou um comportamento e uma cultura dos seus agentes, quase sempre vindos da chamada esquerda, baseados no oportunismo, no carreirismo, na promiscuidade poder político-poder económico, na corrupção, na retórica enganadora e na demagogia, agitando as bandeiras ideológicas da democracia e do socialismo, mas que não passam de máscaras, atrás das quais, sempre têm escondido os seus verdadeiros intentos.
 
Uma cultura baseada nesta estratégia ideológica, mas visando apenas o poder pelo poder, o individualismo e ambição pessoais, com desprezo pela sociedade e sem qualquer sentido colectivo da governação.
 
Estes são, objectivamente, os factos.  
Toda a discussão baseada na retórica ideológica esquerda-direita, que tudo pretende explicar, mesmo o inexplicável, é pura perda de tempo e efémero contributo, para que os erros do passado não se repitam e as disfunções do regime sejam corrigidas.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A PROLIFERAÇÃO DE PEQUENOS PARTIDOS

 
 
Acredito que este fenómeno, a que estamos a assistir na nossa sociedade, é o reflexo do estado de ruina e de negação a que chegou o país, pela mão dos partidos do sistema político, representados na Assembleia da República.
Desde logo, os principais, Partido Socialista e Partido Social-Democrata, coligados ou não. O chamado Centrão, os que directamente, pela escabrosa e péssima governação, contribuíram para a ruina.
Mas também, indirectamente, os que, na sombra, na quase clandestinidade democrática, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, manobram os cordelinhos das suas corporações sindicais e do sistema de educação, para completarem a destruição e doutrinar as mentes, pensando no voto futuro e no poder.
Este fenómeno prova que, pessoas, grupos, associações e movimentos cívicos, se mobilizam e tentam de alguma forma, com os escassos meios de que dispõem, agir, sacrificar-se pela causa do país que, a olhos vistos, mais de afunda, comprometendo todo o nosso futuro colectivo, enquanto país e enquanto Nação.
Partidos, já são mais de vinte e candidatos a partidos provavelmente quase outros tantos.
Por muito boas que sejam as causas porque se movimentam e honra lhes feita por isso, porque não fazem parte da tal esmagadora maioria da sociedade, que não se quer incomodar, prefere a comodidade do sofá e acha que têm de ser os outros, a fazer aquilo que tem se ser feito, estes pequenos partidos, alguns com excelentes ideias, estão a cometer, pelo menos,  DOIS GRAVES ERROS.
Em primeiro lugar, muitos estão focados, quase exclusivamente, em sectores específicos da sociedade e não para projectos globais para todo o país. É errado, é perda de tempo e gasto inútil de energias.
Em segundo lugar, a excessiva proliferação de partidos, alguns próximos em projecto político e muito radicalizados na defesa da sua dama, enfraquece cada vez mais a oposição democrática ao sistema vigente, confunde o eleitorado e, dificulta o surgimento da tão desejada ALTERNATIVA POLÍTICA, séria, forte, credível e realista que, isolada ou coligada, possa chegar ao poder e, progressivamente, implementar as reformas absolutamente necessárias e urgentes e que já tardam demasiadamente, nas estruturas do país.
Estes pequenos partidos e movimentos, têm de perceber uma coisa muito simples. É que, por muito bom que seja um projecto político, por muito nobre que seja a nossa causa, por muito que valha o sacrifício pelas causas em que acreditamos, por muito que a nobreza da causa, imponha à nossa consciência, que não podemos abdicar dela de forma nenhuma, nunca podemos perder de vista o GRANDE OBJECTIVO NACIONAL que, no contexto actual  defrontamos, ESTÁ ACIMA DE TODAS AS CAUSAS, por mais nobres que sejam.
Quer isto dizer que, todos os projectos políticos, por um lado, não podem, não devem, ser desenquadrados do GRANDE OBJECTIVO, face ao contexto, e por outro, DEVEM POSSUIR A NECESÁRIA FLEXIBILIDADE PARA SE FAZEREM CEDÊNCIAS, PARA SE ABDICAR DE ALGO, EM PROL DE UMA UNIÃO DE FORÇAS, ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIA PARA DEFRONTAR UM ADVERSÁRIO TÃO PODEROSO, TÃO ARDILOSO, TÃO ASTUTO E COM TANTAS ALIANÇAS, como aquele que, no contexto actual estamos a defrontar e, completamente indefesos
A proliferação e pulverização de partidos e movimentos, radicalizados nos seus redutos, pior ainda, competindo entre si, sem nenhuma flexibilidade de cedência nas chamadas questões essenciais, é um enorme erro que todos estão cometer, que só enfraquece cada vez mais o surgimento da ALTERNATIVA REFORMISTA e BENEFICIA CADA VEZ MAIS OS PARTIDOS DO SISTEMA POLÍTICO, COM REPRESENTAÇÃO PARLAMENTAR.
Sentindo isso, tomando um pulso fraco e uma completa desarticulação e desunião de forças opositoras, algumas lutando umas contra outras, do mesmo lado da barricada, cada vez mais os partidos do regime e que vegetam e vivem dele, ABUSARÃO DO PODER E A REPRESSÃO ABATER-SE-Á, CADA VEZ MAIS INSUPORTÁVEL, SOBRE TODOS NÓS.

sábado, 11 de outubro de 2014

A TRANSVERSALIDADE POLÍTICO-IDEOLÓGICA

 
 
 
 
Ao invés de outros países, o sistema institucional português que, basicamente, é o que resulta da Constituição de 1976 e pequenas alterações posteriores, não permite a transversalidade na aplicação das políticas.
 
Transversalidade significa flexibilidade, pluralidade de ideias, liberdade de aplicação das políticas pelos diferentes governos, conforme as necessidades do país.
Mas, o défice de transversalidade não resulta apenas do enquadramento institucional, sem dúvida o factor mais limitativo, mas também no radicalismo ideológico em que se barricou a sociedade portuguesa.
 
E da intolerância em relação às opiniões dos outros e à tentativa de imposição das suas verdades, tidas como absolutas.
A verdade é que, não há verdades absolutas.
 
Mas, esse défice de transversalidade, de flexibilidade e de pluralismo, resulta ainda de uma imposição da chamada esquerda portuguesa que, escudando-se numa Constituição fechada e claramente formatada à sua medida, logo redutora e inflexível, impede o pluralismo de ideias e o livre exercício da democracia e da aplicação das políticas.
 
Por outras palavras, a esquerda portuguesa, desde a radical e totalitária, à dita moderada, impõe o seu estilo de governação a todo o sistema político e combate, ferozmente, todos aqueles que se lhe oponham, empossada de todo o poder que a Constituição lhe confere.
 
É óbvio que, num quadro institucional com estas características e com uma democracia de fachada e ainda assim, apenas limitada à esquerda, impede a formação de consensos nacionais para salvar o país, por mais que o Presidente da República se esforce para que os seus apelos sejam ouvidos.
A própria esquerda moderada, liderada pelo partido socialista afirma, claramente, ser impossível qualquer acordo ou consenso com a chamada direita portuguesa, mesmo que situada ao centro, desta faixa do espectro político.
 
Ou seja, a direita do centro democrático, é completamente banida do sistema político português, independentemente dos seus protagonistas, como se prova, pela experiência de quarenta anos da III República.
E, quando é chamada ao poder para, nas emergências nacionais resultantes do descalabro das governações da esquerda socialista moderada, será apenas por tempo limitado, apenas o necessário para arrumar a casa, determinado pelos infractores responsáveis, que sempre mandaram no país e sempre o arruinaram, com graves consequências para a população.
 
Em quarenta anos de democracia, que tanta esperança devolveu aos portugueses em Abril de 1974, o sistema político sempre funcionou assim.
Mas, a questão de fundo, que sempre é ignorada e menosprezada, porque ofuscados, quase cegos, pelas ideologias, é que um país não pode mais continuar assim.
Quarenta anos de experiência democrática republicana já nos demonstraram à exaustão, que o sistema e o modelo portugueses, estão errados, desadaptados da realidade e histórica e estatisticamente comprovados, os seus péssimos resultados.
 
A questão de fundo é que, para um país crescer, desenvolver-se e garantir um bom nível de bem-estar social à sua população, a transversalidade institucional e do sistema político, é condição fundamental e essencial.
 
Garantir a transversalidade, é garantir que se criem CONDIÇÕES PRÉVIAS DE CRIAÇÃO DE RIQUEZA, com políticas adequadas dirigidas ao sistema económico e às empresas (políticas ditas, incoerentemente de direita, nesta linguagem simplista a que estamos habituados) e, só à posteriori, depois de avaliados os resultados em termos de crescimento do Produto Nacional, se porem em prática as políticas DESENVOLVIMENTISTAS E SOCIAIS (ditas, também, do meu ponto de vista, incoerentemente, de esquerda).
 
Por isso, salvo poucas excepções, o sistema português, de governações sistemáticas sempre à esquerda, impedindo e não aplicando a transversalidade, sem recursos suficientes previamente disponíveis, preferindo o endividamento, isto é, violando o princípio anterior e a ordem de aplicação das políticas, tem conduzido ao subdesenvolvimento ou estagnação do país e ao empobrecimento geral da maioria da população, por via do endividamento, da ausência de políticas de crescimento com visão de longo prazo e das sistemáticas bancarrotas daí decorrentes.
 
E é dramático que, perante uma situação destas, em que está seriamente ameaçado o nosso futuro colectivo,  uma grande parte da população portuguesa, não devemos inibir-nos de o dizer, por questões ideológicas,  porque não revela conhecer, não se interessa ou não se informa, o que verdadeiramente está a acontecer ao país.
 
Prefere seguir,  cegamente, por militância ou simples simpatia, a palavra, quantas vezes falsa, do seu ídolo partidário.
E, ainda mais grave, repudia sistematicamente, qualquer alternativa que possa mudar o rumo do país, prefere continuar a acreditar nos seus carrascos.
 
Essa parte da população, que exerce o direito de voto, é a que, na prática, decide o resultado de umas eleições e condiciona todo o nosso futuro colectivo.
 
O cativeiro em que nos encontramos, é mais que óbvio!

 
 
 
 
 
 
 

domingo, 5 de outubro de 2014

A HIPOCRISIA E INDIGNIDADE DO SISTEMA POLÍTICO

 
 
 
 
 
05 de Outubro de 2014.
A República comemora os seus 104 anos.
O que era antes motivação e envolvimento populares, transformou-se hoje, na maior indiferença e divórcio.
A reflexão a que me propus hoje, aborda aquilo que Cavaco Silva não disse, mas pensa, no seu discurso, neste dia da República.
 
A democracia, restaurada em 1974, dando início à III República, atravessa uma das suas maiores crises.
Para além das muitas vicissitudes e fragilidades, a democracia portuguesa, transformou-se numa verdadeira farsa, para as massas umas, aplaudirem, outras criticarem, militantes partidários explorarem e deputados teatralizarem, a hipocrisia das oposições e a indignidade dos governantes, complementam a farsa.
 
A democracia portuguesa transformou-se, assim, numa palhaçada carnavalesca, que só nos descredibiliza internacionalmente e enfraquece cada vez mais, internamente.
No meio disto tudo, do salve-se quem puder, alguém colhe dividendos e outros pagam,  uns mais outros menos. Uns perdem tudo, outros ganham tudo!
 
A hipocrisia da família socialista, sempre foi, no regular ciclo da alternância da governação do país, a mais prolongada no poder e a de menor permanência na oposição.
A família social-democrata sempre governou menos tempo e mais tempo esteve na oposição; quer num caso quer noutro, sempre se comportou de forma indigna.
 
Ou seja, para que nos entendamos:
 
De um lado dos alternantes, os socialistas da esquerda moderada, mais tempo no poder, enganam hipocritamente o eleitorado com promessas que não cumprem e outras que cumprem, mas não podiam nem deviam prometer, perdem a cabeça numa furiosa espiral despesista, sem recursos, grande parte completamente inútil, sem qualquer impacto económico reprodutivo, mas com desastroso impacto nas finanças públicas.
Perante a iminência do desastre, uns, fogem por prevenção, outros arrastam o problema até à bancarrota. Quer num caso quer noutro a hipocrisia é total, não assumem as responsabilidades e procuram sempre arranjar alibis e bodes expiatórios.
 
Do outro lado dos alternantes, os sociais-democratas do centro-direita que, perante o desaire socialista, são chamados ao poder com a missão de salvar o país.
Desgraçadamente, bem ou mal, são obrigados a por em prática um severo programa de austeridade.
A ira e a fúria do povo viram-se contra eles. São pedidas as suas cabeças.
Os socialistas, agora na oposição, da forma mais hipócrita e ignóbil, alimentam e incentivam a fúria popular e acusam os sociais-democratas, como os grandes responsáveis pelo que aconteceu ao país. São secundados por toda a esquerda e aclamados em uníssono pelo povo.
Colhem dividendos eleitorais, têm garantido o poder em próximas eleições.
 
Perante este vergonhoso cenário de hipocrisia, por parte dos verdadeiros responsáveis, os sociais-democratas, também eles ávidos de poder, em vez de, de forma digna, se demitirem, já que o povo exige as suas cabeças,  aguentam, pouco ou nada acusam os seus detractores, douram a pílula como podem e deste modo, calando-se, assumem a culpa. Quem cala consente.
Não foram, mas passam a ser, os verdadeiros responsáveis por todas as desgraças.
Mas, ainda assim, aceitam humilhante e vergonhosamente, a continuação no poder.
Comportam-se  com total indignidade.
Porquê? É simples:
- O poder é demasiado doce para ser desperdiçado. A humilhação nunca superará a doçura do poder e os frutos que daí se podem colher, mesmo por pouco tempo, apenas aquele que for decretado pelo partido do regime, o partido socialista, como suficiente para os «almeidas» da política suja, limparem e varrerem a casa, compensarão sempre.
 
Este dramático ciclo repete-se, sistematicamente, nesta República abrilista, praticamente desde há três décadas.
De ciclo em ciclo, o país definha, empobrece, estagna subdesenvolvido.
A população desce, de degrau em degrau, a escala do nível de vida. A pobreza explícita ou implícita alastra. Hoje, já somos aproximadamente três milhões, um terço da população do país.
Uma verdadeira calamidade nacional.
 
Apenas dois exemplos, para reavivar a memória dos mais esquecidos.
 
O pântano de Guterres e a demagogia e populismo de Sócrates.
 
Guterres, antes da fuga precipitada para o exílio dourado na ONU, teve o cuidado de anunciar o pântano que aí vinha e o seu sucessor Barroso, social-democrata, chamado pelo povo, para resolver o já grave problema herdado de Guterres.
Por ter anunciado que o país deixado por aquele,  estava de tanga, foi crucificação no altar da politica e teve de abandonar o país, na primeira oportunidade.
 
Sócrates e a sua estratégia de ocultação e arrastamento da gravíssima situação do país que, de PEC em PEC e da espiral despesista em que entrou, num país já herdado de tanga, nos conduziu à bancarrota.
 
Coelho é chamado a governar, num contexto dos mais graves de toda a História portuguesa, dos últimos dois séculos.
 
Como sempre, no sinistro ciclo, a doçura do poder atrai Coelho. A humilhação a que tem estado sujeito é incomparável à de qualquer outro, dos ciclos de Abril.
Mas aguenta, de forma vergonhosa e indigna, porque sabe que, enquanto estiver no poder, os frutos que colhe, superam, de longe a humilhação.
 
Os mesmos hipócritas, a dupla Costa-Ferro que, ruidosamente no Parlamento e como cães raivosos, iam trucidando Barroso que, já nem sabia onde se havia de meter para salvar a pele, prepara-se agora, para trucidar Coelho.
Pois, já expirou o prazo decretado pelo partido do regime, para os varredores de serviço, da República, limparem a casa. 
 
Por isso, se o PSD fosse um partido digno e estivesse na politica para a honrar, Coelho devia ter tido a dignidade e a honradez, de se demitir, saindo pela porta grande,  logo a seguir à saída da troika e, deste modo, abrindo caminho à  desejada subida ao poder, dos seus hipócritas opositores e deste modo, confrontá-los com  as suas responsabilidades.
Coelho não o fez e fez mal.
Vai ter de sair, com o rabo entre as pernas e pela porta do cavalo. O momento aproxima-se.
 
Mas, contrariamente ao que a nobreza da República pensa, a casa está longe de estar limpa e arrumada. E aí, vão saber o que é ter o povo à perna, experimentar o sabor amargo da ira popular e terem a cabeça a prémio, sensação que nunca, ou raras vezes, experimentaram, no seu regime de Abril.
 
Entre a hipocrisia de uns e a indignidade de outros, Portugal, a República e a sua população, agonizam.