domingo, 22 de fevereiro de 2015

JEAN-CLAUDE JUNCKER: QUE DIGNIDADE?




Foi preciso surgir um Syriza, partido da extrema esquerda, num país da União Europeia, a Grécia, particularmente flagelado pelas restrições e medidas de austeridade, impostas ao seu povo, pelos credores internacionais, para que a União Europeia, na pessoa do Presidente da Comissão, reconhecesse que os programas de austeridade NÃO RESPEITARAM A DIGNIDADE DOS POVOS atingidos.
É verdade, não respeitaram.
Não respeitaram apenas porque, a austeridade podia ter sido mais suave, com outra estratégia, com outra concepção  e com prazos mais alargados.
Mas, TERIA SEMPRE DE HAVER AUSTERIDADE, MEDIDAS RESTRICTIVAS, CORRECÇÃO DE DESEQUILÍBRIOS ESTRUTURAIS, ORÇAMENTAIS, CORTES NAS DESPESAS PÚBLICAS, AUMENTO DE IMPOSTOS.
Porque os desequilíbrios foram longe demais e levaram os países assistidos à beira da falência e da bancarrota.
E, todo o cortejo de consequências: recessão económica profunda, desemprego em massa, estagnação do emprego, quebra generalizada de rendimentos, emigração forçada.

Perante um cenário de pré-bancarrota, de insolvência do país, sem fontes de financiamento internacionais nos mercados financeiros (a única de que se dispunha), com risco do pão faltar à mesa dos portugueses, a curtíssimo prazo, o que poderíamos esperar?

Que, para sobrevivermos, com um excepcional empréstimo internacional, a que o governo de José Sócrates fora obrigado a contrair, TUDO CONTINUASSE NA MESMA?
E que os credores desse empréstimo (FMI, BCE e Fundo Europeu de Estabilização Financeira), deixassem que TUDO CONTINUASSE NA MESMA?
Que continuasse a cultura de irresponsabilidade, de despesismo improdutivo, de contratos blindados em PPP´s e similares, com RENDAS ENERGÉTICAS permanentes, a onerar o erário público e os contribuintes, com dinheiro emprestado, que tem de ser pago em juros e em amortizações periódicas, com o suor e o baixo nível de vida dos portugueses?
Obviamente que não!
Os credores impuseram regras e condições, porque o dinheiro não se cava e alguém teve de entrar com ele, os contribuintes europeus.
Foram duras demais? Foram.
Não houve poder negocial nem de Sócrates, nem de Coelho, para que fossem mais suaves? Não.
NÃO PORQUE, EM SITUAÇÃO DE FALÊNCIA, COMO NOS ENCONTRÁVAMOS EM 2011, NO FINAL DO GOVERNO DE JOSÉ SÓCRATES, O PODER NEGOCIAL ERA ZERO.

É uma situação semelhante à de um país, que perdeu uma guerra e se viu na situação de vencido.
Porventura os vencidos, têm algum poder negocial para imporem quaisquer condições aos vencedores? A NÃO SER PEDIR CLEMÊNCIA E QUE LHES POUPEM A VIDA?

E foi isso que Sócrates fez, porque não tinha alternativa.
O PEC4 nunca foi alternativa, como hoje sobejamente se sabe, o resgate era inevitável.
Ou aceitava as condições dos credores, ou era a iminência do desastre a curto prazo.

Pergunta-se, então, que significado podemos atribuir às recentes declarações de Jean-Claude Juncker, actual Presidente da Comissão Europeia, quando afirma que «OS PROGRAMAS DE AUSTERIDADE NÃO RESPEITARAM A DIGNIDADE DOS POVOS»?

Mas, indo ao fundo da questão, QUEM É QUE, OU O QUÊ, NÃO RESPEITOU A DIGNIDADE DOS POVOS?
OS PROGRAMAS DE AUSTERIDADE, OU OS GOVERNANTES QUE ATIRARAM OS POVOS PARA OS PROGRAMAS DE AUSTERIDADE? DEVIDO À SUA INCÚRIA, DESLEIXO, OPORTUNISMO E PÉSSIMA GOVERNAÇÃO?
Esta é a verdadeira questão a que Jean-Claude Juncker não dá resposta. E não dá resposta, porque só avalia os efeitos e não as causas, omitindo o essencial do problema, que foi criado aos povos europeus, que tiveram a desdita de serem governados por oportunistas e irresponsáveis.

Mas a resposta encontra-se aqui, NAS CAUSAS, PORQUE, COM ESTAS CAUSAS, AS CONSEQUÊNCIAS ERAM INEVITÁVEIS…

COM GOVERNANTES RESPONSÁVEIS, QUE GOVERNASSEM PARA O SEU POVO E PARA O SEU PAÍS, NUNCA TERIAM HAVIDO EM PORTUGAL, PROGRAMAS DE AUSTERIDADE.

Por muito que tentemos, por questões ideológicas ou de simpatia pessoal pelos políticos, branquear o seu irresponsável passado, atirando as culpas para a crise internacional, ou para os que herdaram a pesada herança de Sócrates e Guterres, desculpas que dão para tudo, a verdade é que, O MAL DE PORTUGAL, FOI SEMPRE PORTUGUÊS