Estes objectivos constavam da Proclamação ao país, nesse dia 25 de Abril de 1974, pela então Junta de Salvação Nacional, presidida pelo General António de Spínola.
Todos os protagonistas, incluindo aqueles que fizeram a revolução, têm, em maior ou menor grau, culpa no rumo que levou o país.
Opções ideológicas, áreas onde nunca se deveriam ter imiscuído, pois não era essa a sua vocação, enquanto militares do activo.
O capitão Salgueiro Maia, cujo contributo para o golpe militar fora decisivo, foi das poucas excepções: cumpriu a missão de que estava incumbido e regressou à sua unidade militar. Dever cumprido. Por isso, não teve o protagonismo que outros tiveram
Não se cuidou, como se impunha, dados os enormes interesses envolvidos, de uma descolonização programada, cuidada, que salvaguardasse os interesses das partes e compensasse, minimamente, treze anos de esforço de guerra.
Por isso, o caos e a guerra se instalaram de novo em África, durante décadas, com prejuízos humanos e materiais incalculáveis. Os portugueses que viviam em África foram obrigados a uma debandada precipitada e ficaram despojados de tudo o que possuíam.
O então Movimento das Forças Armadas dividiu-se em facções , umas moderadas, outras colocaram-se ao lado das correntes comunistas, de inspiração soviética, que pretendiam impor a Portugal a Ditadura do Proletariado.
Tudo servia de argumento para eliminar os moderados. Inventaram-se intentonas, forjaram-se assassinatos em massa na praça de touros do Campo Pequeno em Lisboa, conhecidas como «Matança da Páscoa».
Em 11 de Março de 1975, ocorre a primeira tentativa falhada, A facção moderada, liderada pelo General António de Spínola, exila-se em Espanha e forma o Movimento Democrático para a Libertação de Portugal, reúne forças, e promete avançar sobre o país.
Livres dos adversários, os militares comunistas, de várias tendências, imprimem à revolução uma deriva e loucura nunca vistas, conhecida como Verão Quente de 1975.
O general Otelo Saraiva de Carvalho, desloca-se a Cuba e aconselha-se com o o seu camarada Fidel Castro, «El Comandante».
O General Vasco Gonçalves de tendência comunista, conhecido como Vasco o Louco, ou Camarada Vasco, é nomeado 1º Ministro e inflama o país com os seus discursos revolucionários sobre a Batalha da Produção e a Reforma Agrária e ameaçando os fascistas, reaccionários e contrarrevolucionários, isto é, todos os opositores.
A chamada «CASSETE» comunista, nasce aqui, com Vasco, o Louco. Foi a cartilha aprendida de Cunhal.
As sedes do Partido Comunista no norte do país, são incendiadas e o seu recheio é queimado na via pública. É a reacção do Povo do Norte à intentona comunista.
Durantes os espectáculos, o apresentador incita frequentemente a assistência portuguesa a saudar Moscovo: «Saluté Moscovo!», dizia. A assistência, fascinada, repetia em uníssono, o slogan.
Santa ingenuidade...!
Os EUA e alguns países da Europa, designadamente a França, ameaçam Portugal de invasão, se não for parada a implantação do Partido Comunista, liderado por Álvaro Cunhal, em Portugal.
Perante a ameaça, nas assembleias das unidades militares, em que todos os militares eram obrigados a participar, sob pena de saneamento selvagem, o termo «COMUNISMO» começa a ser substituído pelo termo «SOCIALISMO».
O Oficial Revolucionário, Guarda Vermelho da Revolução Portuguesa, que lidera a assembleia, informa os presentes de que «O MÁXIMO ATÉ ONDE PODEMOS IR É O SOCIALISMO...». Como capitão, que era nessa altura, testemunhei pessoalmente estes factos.
No meu ponto de vista, foi das poucas atitudes sensatas deste senhor chegado a Santa Apolónia (Estação Ferroviária de Lisboa), com uma Bíblia Moderada da Revolução.
O golpe bem sucedido de 25 de Novembro desse mesmo ano de 1975, liderado pelo então Ten. Coronel Ramalho Eanes põe, definitivamente, termo ao desvario revolucionário. Segue-se uma via moderada, coordenada por um Conselho da Revolução
e, entra-se na fase da entrada em cena dos partidos.
Os militares mais radicais, liderados por Otelo Saraiva de Carvalho, não desarmam, formam grupos terroristas (Forças Revolucionárias 25 de Abril, vulgo FP-25) apoderam-se de armas militares e dedicam-se à prática de atentados terroristas selectivos.
Muitos civis radicais, aderiram a estes grupos terroristas, entre eles a hoje médica, Isabel do Carmo.
Muitas pessoas, consideradas «fascistas» são assassinadas.
Otelo é julgado e preso. Mário Soares indulta-o e é posto em liberdade.
Tudo o que se diga são palavras vazias, de circunstância, apenas para comemorar uma data, que nada já representa para o Povo Português, a não ser para o Partido Comunista e próximos, de facto, os grandes inspiradores da revolução de 1974.
Nada
já resta, a não ser o saudosismo de tempos revolucionários que, aproveitando a ingenuidade de alguns capitães de Abril, tentaram implantar em Portugal um regime totalitário, a ditadura do proletariado, de inspiração soviética.
Nada
já há que mereça ser comemorado: nem a democracia, nem a liberdade falseada,
nem o desenvolvimento que não existe.
Esta é a «VERDADE POLÍTICAMENTE INCORRECTA SOBRE O 25 DE ABRIL DE 1974».
Portugal
é hoje, quarenta anos depois deste evento, um país sub-desenvolvido, dominado
por uma oligarquia de poderes instalados: económico, político, estatal,
judicial, mediático.
Uma
democracia limitada, uma cultura dominante da chamada esquerda, em que apenas
alguns têm direito a exprimir-se livremente e ter acesso privilegiado à
comunicação social.
Onde outros são silenciados, marginalizados e rotulados de fascistas, o carimbo com que sempre Abril tentou assassinar adversários que pensam de maneira diferente e ousam desafiar a mentira do politicamente correcto, a sórdida metáfora que alienou as nossas consciências e tentou impor o pensamento único em Portugal.
Os Partidos Políticos, considerados pela Constituição Portuguesa, como os únicos agentes da democracia, agiram de forma incompetente, calculista, interesseira, oportunista, governando à
vista sem visão de futuro, desvirtuando a própria democracia, enganando este
povo simples e incrédulo, com retórica ideológica inflamada, falácias e mentiras, para se
instarem no poder.
Tomaram opções europeístas precipitadas, sem prepararem devidamente o país para tal desiderato. Os prejuízos foram incalculáveis.
O
balanço da sua acção, saldou-se por três bancarrotas que custaram muito caro ao
povo português, a última das quais, atirando com o país para um abismo de difícil retorno durante muitos anos e pelo
descontrolo completo, das principais variáveis críticas que dão
sustentabilidade a uma sociedade: económicas, financeiras, sociais,
demográficas, políticas.
NÃO TEMOS POIS, RAZÕES PARA COMEMORAR ABRIL.
Comemorar o quê? A tentativa frustrada para instalar em Portugal uma ditadura, a Ditadura do Proletariado, pelos militares que se apoderaram da revolução?
A desgraça a que foi votado o povo português? Ou,
A exuberante satisfação e alegria daqueles que, explorando este simples e incrédulo povo ou de cravo ao peito, fingindo-se de grandes democratas de esquerda e com o «25 de Abril sempre» na boca, acumularam fortunas fabulosas, não se sabe como?
Por isso, Abril é um capítulo da História Portuguesa que devia ser definitivamente encerrado.
A
época que estamos a viver não é de comemoração, é de profunda tristeza, de desolação e de desespero, para milhões portugueses enganados e defraudados e por isso de reflexão e de acção.
É tempo de limpar
os cacos e destroços de uma revolução que, embora bem intencionada no início, foi instrumentalizada, caótica, muito mal conduzida, oportunisticamente aproveitada por minorias sociais e que acabou
por terminar num desastre para o país.
É
tempo de voltar a ressurgir dos escombros de uma revolução fracassada, é tempo de corrigirmos os erros do passado, de abrir as mentes, de nos libertarmos dos dogmas e mitos de Abril, das mentiras politicamente correctas, que alienaram durante quatro décadas as nossas consciências, de pensarmos num novo modelo de sociedade, que nos possa dar garantia de um
futuro melhor para todos nós.
PS: caricaturas de um jornal da época, «a Luta», bastante crítico à forma como estava a ser conduzida a revolução. Nomes dos protagonistas, por ordem de apresentação das imagens:
- Otelo de Saraiva de Carvalho de visita a Cuba, passeando ao lado de Fidel de Castro, para se aconselhar.
- António de Spínola presidente da Junta de Salvação Nacional e que fez, pela televisão, a proclamação ao país, do Movimento das Forças Armadas.
- Otelo Saraiva de Carvalho a olhar-se ao espelho e a imaginar-se o Fidel Castro português, a fumar charutos Havanos.
- Capitão Dinis de Almeida, um dos revolucionários mais activos do Regimento de Artilharia de Lisboa. Deslocava.se quase sempre numa viatura blindada «Chaimite». Era conhecido como o «Fitipaldi dos Chaimites». Muitas prisões arbitrárias de pessoas consideradas pela liderança da revolução, como «fascistas» e «reacionárias» eram feitas com estas viaturas, para transportar os presos.
- Grupo de terroristas das FP-25 de Abril, com armas roubadas (G-3) de unidades militares, designadamente do depósito de material de guerra de Beirolas. Vêm-se no cartoon, as figuras de José Tengarrinha do MDP-CDE ligado ao Partido Comunista Português e Isabel do Carmo, do grupo revolucionário, PRP-BR (Partido Revolucionário do Proletariado - Brigadas Revolucionárias) de inspiração «guevarista». Pretendia implementar o «Poder Popular» , a chamada «Democracia Popular». Este partido revolucionário chegou a receber cerca de 3.000 espingardas G-3 entregues por um capitão de Abril, que seriam utilizadas pelos chamados «Conselhos Revolucionários» e com o objectivo de organizar uma insurreição armada do Povo. este grupo criou ainda, no domínio da educação, a «Universidade Proletária» Ernesto e Luís, a fim de educar os jovens portugueses numa cultura proletária, em alternativa à cultura e educação «burguesas».
- O 1º Ministro Vasco Gonçalves, conhecido como Vasco o «Louco» ou «Camarda Vasco». Era considerado a «Muralha de Aço» para o partido comunista, inspirador da revolução portuguesa. Vasco, nos seus discursos inflamados.
- Imagem da inventada «intentona fascista e reacionária» de 28 de Setembro de 1974 Foi colocada nas paredes , como símbolo da reacção e do fascismo e assustar e intimidar as pessoas.
- Otelo Saraiva de Carvalho, no tempo do Copcon (Comando Operacional do Continente) de que era comandante. Alusão às armas roubadas das unidades militares e que Otelo dizia «estarem em boas mãos». Para Otelo, «boas mãos» eram as da Isabel do Carmo e dos Conselhos Revolucionários, para a insurreição armada do Povo.
- Mário Soares, montado numa tartaruga, quando da sua passagem pelas Seychelles, numa viagem à volta do mundo, à conta do contribuinte português.
- Cavaco Silva 10 anos 1º ministro e 10 anos Presidente da República. O homem das «obras públicas», da criação do «Monstro do Estado», das indecisões e das «parcerias estratégicas» com José Sócrates, de quem tinha um medo patológico. Deixou o país cair na bancarrota, em parceria com Sócrates.
- José Sócrates, 1º ministro durante os últimos 6 anos antes do pedido de resgate financeiro internacional. Governou à deriva, num completo descalabro despesista, agravou substancialmente o endividamento público do país e celebrou o maior número de PPP´s ruinosas para Portugal e para os contribuintes, de que estamos todos a sofrer as consequências.
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