Foi preciso
surgir um Syriza, partido da extrema esquerda, num país da União Europeia, a
Grécia, particularmente flagelado pelas restrições e medidas de austeridade,
impostas ao seu povo, pelos credores internacionais, para que a União Europeia,
na pessoa do Presidente da Comissão, reconhecesse que os programas de
austeridade NÃO RESPEITARAM A DIGNIDADE
DOS POVOS atingidos.
É verdade, não respeitaram.
Não respeitaram apenas porque, a
austeridade podia ter sido mais suave, com outra estratégia, com outra
concepção e com prazos mais alargados.
Mas, TERIA SEMPRE DE HAVER
AUSTERIDADE, MEDIDAS RESTRICTIVAS, CORRECÇÃO DE DESEQUILÍBRIOS ESTRUTURAIS, ORÇAMENTAIS,
CORTES NAS DESPESAS PÚBLICAS, AUMENTO DE IMPOSTOS.
Porque os desequilíbrios foram
longe demais e levaram os países assistidos à beira da falência e da
bancarrota.
E, todo o cortejo de
consequências: recessão económica profunda, desemprego em massa, estagnação do
emprego, quebra generalizada de rendimentos, emigração forçada.
Perante um
cenário de pré-bancarrota, de insolvência do país, sem fontes de financiamento
internacionais nos mercados financeiros (a única de que se dispunha), com risco
do pão faltar à mesa dos portugueses, a curtíssimo prazo, o que poderíamos
esperar?
Que, para
sobrevivermos, com um excepcional empréstimo internacional, a que o governo de
José Sócrates fora obrigado a contrair, TUDO CONTINUASSE NA MESMA?
E que os
credores desse empréstimo (FMI, BCE e Fundo Europeu de Estabilização
Financeira), deixassem que TUDO CONTINUASSE NA MESMA?
Que continuasse a cultura de
irresponsabilidade, de despesismo improdutivo, de contratos blindados em PPP´s e
similares, com RENDAS ENERGÉTICAS permanentes, a onerar o erário público e os
contribuintes, com dinheiro emprestado, que tem de ser pago em juros e em
amortizações periódicas, com o suor e o baixo nível de vida dos portugueses?
Obviamente que não!
Os credores impuseram regras e
condições, porque o dinheiro não se cava e alguém teve de entrar com ele, os
contribuintes europeus.
Foram duras demais? Foram.
Não houve
poder negocial nem de Sócrates, nem de Coelho, para que fossem mais suaves?
Não.
NÃO PORQUE,
EM SITUAÇÃO DE FALÊNCIA, COMO NOS ENCONTRÁVAMOS EM 2011, NO FINAL DO GOVERNO DE
JOSÉ SÓCRATES, O PODER NEGOCIAL ERA ZERO.
É uma
situação semelhante à de um país, que perdeu uma guerra e se viu na situação de
vencido.
Porventura
os vencidos, têm algum poder negocial para imporem quaisquer condições aos
vencedores? A NÃO SER PEDIR CLEMÊNCIA E QUE LHES POUPEM A VIDA?
E foi isso
que Sócrates fez, porque não tinha alternativa.
O PEC4 nunca
foi alternativa, como hoje sobejamente se sabe, o resgate era inevitável.
Ou aceitava
as condições dos credores, ou era a iminência do desastre a curto prazo.
Pergunta-se, então, que
significado podemos atribuir às recentes declarações de Jean-Claude Juncker,
actual Presidente da Comissão Europeia, quando afirma que «OS PROGRAMAS DE
AUSTERIDADE NÃO RESPEITARAM A DIGNIDADE DOS POVOS»?
Mas, indo ao fundo da questão,
QUEM É QUE, OU O QUÊ, NÃO RESPEITOU A DIGNIDADE DOS POVOS?
OS PROGRAMAS DE AUSTERIDADE, OU
OS GOVERNANTES QUE ATIRARAM OS POVOS PARA OS PROGRAMAS DE AUSTERIDADE? DEVIDO À
SUA INCÚRIA, DESLEIXO, OPORTUNISMO E PÉSSIMA GOVERNAÇÃO?
Esta é a verdadeira questão a que
Jean-Claude Juncker não dá resposta. E não dá resposta, porque só avalia os efeitos
e não as causas, omitindo o essencial do problema, que foi criado aos povos
europeus, que tiveram a desdita de serem governados por oportunistas e irresponsáveis.
Mas a resposta encontra-se aqui,
NAS CAUSAS, PORQUE, COM ESTAS CAUSAS, AS CONSEQUÊNCIAS ERAM INEVITÁVEIS…
COM
GOVERNANTES RESPONSÁVEIS, QUE GOVERNASSEM PARA O SEU POVO E PARA O SEU PAÍS,
NUNCA TERIAM HAVIDO EM PORTUGAL, PROGRAMAS DE AUSTERIDADE.
Por
muito que tentemos, por questões ideológicas ou de simpatia pessoal pelos
políticos, branquear o seu irresponsável passado, atirando as culpas para a
crise internacional, ou para os que herdaram a pesada herança de Sócrates e
Guterres, desculpas que dão para tudo, a verdade é que, O MAL DE PORTUGAL, FOI
SEMPRE PORTUGUÊS