Desde logo crise de regime, pela desadaptação das estruturas institucionais
aos contextos interno e externo. E não é de agora, já vem de muito longe.
Depois, crise de governo, pois que a solução governativa saída das
eleições de 2015, para além de ser redutora e limitadora do crescimento e
desenvolvimento do país, por sua própria influência, incapaz de implementar as
reformas de fundo, tão necessárias ao impulso e à implantação da base e
plataforma para alterar o rumo do país.
E esta acção redutora consubstancia-se ainda pela insistência
irresponsável no aumento da dimensão do Estado, já de si desproporcionado à
capacidade do país, aumentando indiscriminadamente impostos indirectos e sempre
contraindo dívida, no forjar das
estatísticas do desemprego, por via do emprego público e consumo de recursos,
desnecessários e por via da saída de pessoas das listas do desemprego e não
conseguem novo emprego.
Redutora, também pela ausência de investimento público, dada a
capacidade insipiente do sistema económico, já de si asfixiado, para gerar
receita do Estado, por meio de um substancial crescimento.
Redutora ainda, pela sua acção ideológica, obcecada na tese
dogmática de que tudo tem de ser socializado, incluindo o pouco que se produz,
gerando por essa via, uma espiral de pobreza.
Para além de outras causas, redutora também pelo aumento imparável
da dívida total do país, sendo a privada já da ordem dos 270% do PIB e a
pública já acima dos 130%, quando a pública devia, numa situação normal, não se
situar acima dos 60%.
E as estatísticas do PIB, tudo indica, calculadas a preços
nominais (com inflação) o que melhora artificialmente as estatistas do
crescimento e ainda assim, muito aquém das necessidades do país.
Crise ainda do sistema político, em que os partidos, parece
terem-se demitido da sua função de governar para o país, supostamente com
competência e transparência e, pelo contrário, transparece a ideia, comprovada,
em muitos casos, de que governam ao sabor dos seus interesses pessoais ou
corporativos.
Crise social, educativa e demográfica, pela degradação dos
valores, pela manipulação e amorfização das massas. Educativa, influenciada por
teorias feministas e de género e pouco produtivas em termos de aquisição de
verdadeiro conhecimento. Demográfica pela queda da natalidade, advento das
migrações em massa de culturas antagónicas da ocidental, principalmente a
islâmica, com todos os riscos de perde de identidade que estas políticas
representam.
E, finalmente crise de governados, eleitores sempre manipulados,
incautos, muitos sem conhecimento de causa, nem do que verdadeiramente
interessa ao país, facilmente influenciados com promessas mesquinhas e
promíscuas e praticamente metade desses eleitores, abstencionistas,
desinteressados, desiludidos, vencidos e conformados, desacreditando
completamente na política e nos políticos seus agentes.
Um país assim, encontra-se à deriva, sem rumo e sem norte,
estagnado, exorbitantemente endividado, com custos insuportáveis para o país,
que o mesmo é dizer, para os seus
cidadãos e gerações futuras, por muitos anos.
Que apenas cresce, timidamente, por influência de contextos
externos favoráveis e da acção determinada dos empresários, não por influência
directa do governo, que se limita a embandeirar em arco e fazer propaganda
eleitoralista com esses tímidos resultados (não se sabe se manipulados),
sabendo perfeitamente, ou talvez não, que esse bónus pode ser temporário,
conjuntural e não que resulte de reformas e de estratégias devidamente
planeadas de crescimento e desenvolvimento.
É este o cenário que defrontamos.
Nunca é demais afirmar que o país precisa de uma Alternativa
Nacional, de uma Convergência Nacional, de um Acordo de Regime entre os
partidos democráticos e apostados na autenticidade e na transparência, que
apostem na sua regeneração, que sejam autores da política e não actores de uma
farsa política e que, de uma vez por todas coloquem o país, os seus interesses
e os da sua população, acima de tudo.
Perante o desnorte de alguns partidos democráticos, uns pelo
oportunismo interesseiro, outros por crise de afirmação e identidade e ainda
outros por divisão e crise de liderança, assumem, eles próprios, a sua
incapacidade de se afirmarem com credibilidade ao povo português e muito menos
de convergirem numa verdadeira alternativa nacional.
Perante um eleitorado muito fragmentado e disperso
ideologicamente, raramente qualquer partido, isoladamente, consegue governar sozinho.
É um facto, não tenhamos ilusões. E quem perde é o país. Quem perde somo todos
nós. Perdemos pela deriva ideológica obstinada e pelo risco agravado de se
formarem alianças radicais contranatura, em certos casos.
Por isso é absolutamente imperioso que os partidos comecem por se
regenerar, por ventilar os seus quadros, por mobilizar as melhores competências
e capacidades que possuem e por desblindarem o processo eleitoral, abrirem este
processo à sociedade civil e acabarem de vez com as listas fechadas, deixando
os cidadãos elegerem, livremente, os seus representantes no Parlamento.
Depois, entenderem-se quanto à tão necessária Convergência
Nacional.
Chegados aqui, é preciso ter a coragem de ceder, de abdicar, de
fundamentalismos e preciosismos ideológicos, cujos resultados negativos,
estamos cansados de constatar.
É preciso, dentro de cada referencial ideológico, flexibilizar as
políticas o mais possível, para que o entendimento seja possível.
Não nego que existem partidos, dentro do nosso espectro político
que se enquadram nestas linhas de orientação e que existem políticos, dentro
desses partidos, que tudo têm feito para o conseguir, embora sem êxito, por
obstrução e desnorte das lideranças.
Um desse partidos, onde mais de evidencia esse esforço é o Partido
do Centro Democrático e Social (CDS).
Com efeito, o esforço de inovação e regeneração, contrariando o
centralismo da sua liderança, é bem patente neste partido, pelas correntes de
pensamento surgidas. Várias têm surgido. Umas colocando o partido numa posição
mais direitista, afastando-se do centro, verdadeira vocação do partido e
outras, mais realistas e pragmáticas, pensando acima de tudo nos superiores
interesses do país e da sua população, colocando o partido ao Centro, onde
sempre deveria estar.
Centro Flexível, rejeitando a rigidez ideológica, pois que, a
democracia cristã, por definição é humanista, é pelas pessoas e é pelo social e
por isso é aqui, verdadeiramente que o Partido se deve situar, pugnando por
alianças à esquerda e à direita, sem complexos nem tibiezas, para bem do país e
do seu progresso.
É nesta linha, no meu ponto de vista a mais realista e a mais
consentânea com os objectivos perseguidos e com a qual, como antigo militante
deste partido, me identifico, que se situa o presidente da Concelhia de Lisboa,
Pedro Borges de Lemos e todos os que com ele partilham a mesma linha de
pensamento e já são muitos dentro do CDS.
Este incansável dirigente do CDS, homem pragmático e lutando pelo
progresso e afirmação do seu partido, tem enfrentado a oposição de Assunção
Cristas, actual líder, por via de um obstinado centralismo e pouco receptiva às
correntes de pensamento prevalecentes, o que não augura nada de bom para o
futuro deste partido.
As lideranças têm de ser flexíveis, abertas à mudança e à
inovação, abster-se de declarações e atitudes político-religiosas descabidas e
perigosas, têm de ouvir os militantes, as concelhias, reunir com eles,
aconselhar-se e obter consensos. É desta simbiose que pode resultar uma boa e
eficaz liderança.
Pelo que se observa dentro do CDS e não é bom para o sistema
democrático em que vivemos, é a divisão, resultante de uma liderança fechada,
pouco receptiva ao diálogo e pouca aberta a alternativas, que tanto o país
precisa.
No meu ponto de vista, o CDS é um partido com potencial de
crescimento e afirmação que não pode nem deve ser desperdiçado. Por isso,
coloca-se, para bem do país, a necessidade de uma liderança forte, competente,
flexível à mudança de orientação estratégica do partido.
E, depois das autárquicas de Outubro, através de um Congresso
Extraordinário, convocado nos termos estatutários, discutir-se a questão da liderança
e presidência do CDS, o melhor meio para auscultar o pensamento dos militantes
e para apresentação de novas candidaturas àquela liderança, que satisfaça os
requisitos necessários para o crescimento, afirmação e peso negocial futuro em
acordos de convergência nacional, para uma governação eficaz deste país.
E é um passo importante que, na minha perspectiva, tem e deve ser
dado, para que o partido se assuma, nas próximas eleições legislativas, como um
grande partido nacional, útil, competente e com o peso negocial e o respeito
que merece, em futuras coligações de governo.
Como já anteriormente referi, é absolutamente indispensável um
novo realinhamento estratégico do partido, começando por identificar objectivos
bem definidos, formular a estratégia adequada,
seguir cada fase da sua implementação e ajustar o Programa Político em
conformidade.