Assiste-se, a uma espécie de
sinolização do país, como que procurando imitar os modelos económicos
orientais, particularmente da China.
Está a ser a
estratégia seguida, como forma de tornar a economia competitiva e, o que não deixa
de ser muito estranho, dá-se o facto como consumado, não se apontando outras alternativas
que passem por alterar/ajustar outras variáveis críticas que, na verdade, as
há, sem necessariamente comprometer os salários, já dos mais baixos, não apenas da União Europeia, mas de toda a Europa.
Mas, a
verdade é que, por rações ideológicas ou outras, que ninguém ousa dizer, a
contrapartida para o esmagamento dos salários no sector privado (excepto dos gestores que, em geral; fogem à regra) tem sido,
desde sempre, a manutenção de um Estado Central, Público Empresarial mal
gerido, Autárquico, Empresarial Autárquico e Orgânico (Fundações, Institutos,
Observatórios, Associações, Direcções e muitos outros) que absorvem, no seu
conjunto, uma enorme parcela, da riqueza nacional produzida.
Digamos que
o país trabalha, empresas e cidadãos, a maior parte do ano, para que este
gigante subsista, não valorizando, como devia, as suas funções essenciais e esbanjando recursos em áreas colaterais, obrigando o sector produtivo e os cidadãos a suportar um
esforço fiscal e contributivo, demasiado elevados para a sua capacidade e,
grande parte das vezes, sem contrapartidas significativas, por parte do Estado,
em benefício do conjunto da sociedade.
A verdadeira
reforma do Estado nunca se fez, nem se fará.
Condição
necessária para que, por via do alívio fiscal de empresas e cidadãos, tornar a
economia mais competitiva, sem o esmagamento dos salários e a consequente queda
do nível de vida.
A caduca
Constituição de 1976, continuando em vigor, a isso obriga, impondo o modelo de sempre,
tornando o sector público um sector privilegiado da sociedade, em detrimento do
sector privado e dos cidadãos que nele trabalham.
Os partidos,
as únicas organizações do país, que podiam alterar a Constituição e com essa
alteração, alterar o modelo económico e social até aqui seguido, não estão
interessados em fazê-lo, por duas razões essenciais:
- Primeira:
tornaram-se, eles próprios, organizações
estatais, financiadas pelo Estado
- Segunda: Só
têm a ganhar com a manutenção de um Estado Gigante, onde se paga bem e enorme campo
fértil para os partidos lá colocarem militantes, simpatizantes e muitas outras
pessoas, num escandaloso parasitismo, sem limites.
O sistema
está, assim, bloqueado, impedindo a criação de riqueza, base indispensável para
o desenvolvimento e com este, a aumento do nível de vida e do bem-estar social
dos cidadãos.
Este cenário
de bloqueio, está a originar grandes desequilíbrios na sociedade: - demográficos
(emigração jovem e queda substancial da natalidade), sociais (desemprego de
longa duração, precaridade no emprego), risco de rotura dos sistemas de
segurança social, que obriga a contribuições estatais cada vez maiores, por via
da diminuição das contribuições dos activos, grandes desigualdades na
distribuição do rendimento.
No limite,
colapso de todo o sistema, insolvência interna e externa.
E, perdendo-se
a viabilidade do país, a longo ou muito longo prazos, uma solução terá de ser imposta
de fora se, até lá não formos obrigados a sair da zona euro e até da União Europeia,
cujos custos são, de momento,
imprevisíveis.