sábado, 11 de abril de 2015

PORTUGAL, O PAÍS DOS SALÁRIOS BAIXOS NO SECTOR PRODUTIVO

 
 
 
 
 
 
Portugal (os seus governantes) foca-se, cada vez mais num modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos, no sector produtivo.
Assiste-se, a uma espécie de sinolização do país, como que procurando imitar os modelos económicos orientais, particularmente da China.
 
Está a ser a estratégia seguida, como forma de tornar a economia competitiva e, o que não deixa de ser muito estranho, dá-se o facto como consumado, não se apontando outras alternativas que passem por alterar/ajustar outras variáveis críticas que, na verdade, as há, sem necessariamente comprometer os salários, já dos mais baixos,  não apenas da União Europeia, mas  de toda a Europa.
 
Mas, a verdade é que, por rações ideológicas ou outras, que ninguém ousa dizer, a contrapartida para o esmagamento dos salários no sector privado (excepto dos gestores que, em geral; fogem à regra)  tem sido, desde sempre, a manutenção de um Estado Central, Público Empresarial mal gerido, Autárquico, Empresarial Autárquico e Orgânico (Fundações, Institutos, Observatórios, Associações, Direcções e muitos outros) que absorvem, no seu conjunto, uma enorme parcela, da riqueza nacional produzida.
 
Digamos que o país trabalha, empresas e cidadãos, a maior parte do ano, para que este gigante subsista, não valorizando, como devia, as suas funções essenciais e esbanjando recursos em áreas colaterais, obrigando o sector produtivo e os cidadãos a suportar um esforço fiscal e contributivo, demasiado elevados para a sua capacidade e, grande parte das vezes, sem contrapartidas significativas, por parte do Estado, em benefício do conjunto da sociedade.
 
A verdadeira reforma do Estado nunca se fez, nem se fará.
Condição necessária para que, por via do alívio fiscal de empresas e cidadãos, tornar a economia mais competitiva, sem o esmagamento dos salários e a consequente queda do nível de vida.
A caduca Constituição de 1976, continuando em vigor, a isso obriga, impondo o modelo de sempre, tornando o sector público um sector privilegiado da sociedade, em detrimento do sector privado e dos cidadãos que nele trabalham.
 
Os partidos, as únicas organizações do país, que podiam alterar a Constituição e com essa alteração, alterar o modelo económico e social até aqui seguido, não estão interessados em fazê-lo, por duas razões essenciais:
 
- Primeira: tornaram-se,  eles próprios, organizações estatais, financiadas pelo Estado
- Segunda: Só têm a ganhar com a manutenção de um Estado Gigante, onde se paga bem e enorme campo fértil para os partidos lá colocarem militantes, simpatizantes e muitas outras pessoas, num escandaloso parasitismo, sem limites.
 
O sistema está, assim, bloqueado, impedindo a criação de riqueza, base indispensável para o desenvolvimento e com este, a aumento do nível de vida e do bem-estar social dos cidadãos.
 
Este cenário de bloqueio, está a originar grandes desequilíbrios na sociedade: - demográficos (emigração jovem e queda substancial da natalidade), sociais (desemprego de longa duração, precaridade no emprego), risco de rotura dos sistemas de segurança social, que obriga a contribuições estatais cada vez maiores, por via da diminuição das contribuições dos activos, grandes desigualdades na distribuição do rendimento.
 
No limite, colapso de todo o sistema, insolvência interna e externa.
E, perdendo-se a viabilidade do país, a longo ou muito longo prazos, uma solução terá de ser imposta de fora se, até lá não formos obrigados a sair da zona euro e até da União Europeia,  cujos custos são, de momento, imprevisíveis.

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