segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

NO PAÍS DOS PAPAGAIOS

Portugal está a falar de mais!

Está a falar de mais e a trabalhar menos, para resolver os gravíssimos problemas com que se está a defrontar e que se vão agravar no ano que se avizinha.

Nos jornais, nas rádios, nas televisões, os mais exímios «experts», sabem tudo sobre tudo.
Fazem lembrar os relatores de futebol, a comentar, a descrever e a criticar as jogadas políticas dos atletas que protagonizam este espectáculo gratuito proporcionado ao país.

Muitos deles, apesar de tudo saberem, em teoria, na prática já deram provas da incoerência daquilo que dizem e da incapacidade de resolverem os problemas do país.

Repetem sistematicamente as mesmas receitas de sempre, quais papagaios que ainda não aprenderam a falar de outra maneira.

Falamos muito, mas trabalhamos pouco.

Mas há excepções! Há neste país excelente gente que fala pouco e trabalha muito.

No silêncio dos laboratórios, pessoas, das mais qualificadas a nível nacional e internacional, pouca gente as conhece, poucas vezes as televisões, nas suas reportagens divulgam e dão a conhecer as suas actividades.

Mas, esses anjos da ciência existem e pouco falam, porque dedicam a sua vida à causa da ciência e é nela que estão concentrados no silêncio dos laboratórios.
Por isso, o tempo de trabalho que dedicam à sua causa, não tem medida, não tem fim.

As grandes audiências do país dos papagaios, apreciarão certamente muito mais uma «Casa dos Segredos» ou um «Jogo de Futebol» do que a divulgação do estado da ciência em Portugal.

Obviamente haverá outras excepções, mas estas não confirmam a regra.

Por isso preferimos falar, arranjamos bons empregos para falar, falar e mais falar!

O falar às massas dá bons empregos, dá bom dinheiro, proporciona importância resultante da notoriedade, mas não notoriedade resultante da importância.

Falamos bem, sem dúvida, mas trabalhamos mal…

Por isso estamos na cauda Europa em quase tudo, excepto na educação que, milagrosamente e de uma ano para o outro, fomos colocados nos tops dos «rankings» europeus, pelo excelente aproveitamento dos alunos, fruto de um grau de exigência e de uma qualidade de ensino ímpares.

São os tais alunos que não sabem o que é 1 metro quadrado, que recorrem à máquina de calcular para multiplicar 5X1, e que contam uma a uma, um conjunto de 18 garrafas, alinhadas numa caixa com 6 no comprimento e 3 na largura.

Não sabem, porque não lhes ensinaram segundo as regras. Por isso, o seu cérebro não consegue fazer operações aritméticas simples, não está treinado para isso.

São os tais alunos que, abandonando o ensino no 9º ano ou antes, por manifesta incapacidade intelectual de fazerem os mínimos de exigência, nas ridículas provas de avaliação actuais, tiram excelentes notas nos cursos das «novas oportunidades» e por via da excepcional média que obtiveram, entram para o Curso de Medicina mas que, com muita probabilidade, nunca chegarão a ser médicos.

Os únicos lesados, seremos nós os contribuintes que, com os impostos que pagamos, estamos a financiar a ignorância e o falhanço destes privilegiados da sorte que, não sabendo aproveitar todas as facilidades do actual sistema de ensino, nem assim conseguem chegar a lado nenhum. Apenas consomem tempo e dinheiro ao Estado.

Falamos demais acreditando cegamente na utopia que nos está a afundar e a conduzir ao abismo.

Muita gente fala, sem saber verdadeiramente o que está em causa, quais a razões profundas da crise que estamos a viver, muita gente fala apenas porque lhe interessa defender os seus interesses individuais, de classe, sindicais ou outros, sem querer saber dos interesses do país.

Já é tempo de falarmos menos e trabalharmos mais.

O país agradece e bem precisa para lançar as bases do seu crescimento económico e com ele o desenvolvimento, a qualidade de vida e erradicação da pobreza que a todos nos envergonha.

Já é tempo de entendermos o logro da utopia em que caímos, mas em que muitos de nós ainda continua a acreditar.

Já é tempo de mudarmos de rumo, de sistema e de filosofia políticos, de deixarmos entrar de vez o ar fresco da primavera e acabar com a imensa invernia em que temos andado mergulhados.

Já é tempo de reivindicar menos e trabalhar mais, de arregaçar os braços e por mãos à obra, porque as tarefas que temos pela frente são imensas e já não se compadecem com «falas» ocas e vazias.

O tempo do falar por falar já devia ter acabado.

O país não se compadece mais com estas inúteis perdas de tempo. O país exige que nos calemos e comecemos a trabalhar no duro, porque o que temos pela frente assim exige.

Mas tudo tem de começar pelo «refresh» das velhas ideias, da velha cultura e assimilar as novas, as únicas que nos podem conduzir ao sucesso.

Ainda estamos a tempo!

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