domingo, 19 de junho de 2011

APELO À ESQUERDA PORTUGUESA: SE ASSUSTAM A DIREIRA NUNCA HAVERÁ ESQUERDA!A SOLUÇÃO ESTÁ NO CENTRO SOCIAL FLEXÍVEL

Embora pessoalmente não concorde com a dicotomia esquerda e direita e sobretudo com as conotações enviesadas que lhes estão associadas, gostaria de analisar este tema, usando esta equação redutora.

Se a esquerda pretende representar o trabalho e a direita o capital, temos reunidas as duas variáveis básicas daquilo que em Micro Economia se chama uma Função de Produção.

De facto, o trabalho e o capital são os dois ingredientes básicos necessários para se produzir bens e serviços, com valor económico e, recuando um bom bocado no tempo, aos tempos de Marx e Engels, podemos associar esta relação entre o capital e o trabalho àquilo a que aqueles autores chamavam de «Relações de Produção».

Uma relação de produção não é mais do que a junção de capital (dinheiro investido em bens produtivos) e trabalho (mão de obra para trabalhar) e , de uma forma simplista, é desta relação de entendimento entre estes dois domínios, que resultam os bens e serviços com os quais satisfazemos as nossas necessidades.

E, obviamente, se esta relação funcionar mal, temos comprometida a satisfação das nossas necessidades e com ela toda a nossa arquitectura de vida.

Por isso já Marx e Engels, associavam ao sucesso desta relação, a própria arquitectura da sociedade, isto é, à forma como nos associamos, vivemos, planeamos a nossa carreira e até certo ponto a construção da nossa felicidade individual ou colectiva.

O que de facto é fundamental é que, nas sociedades modernas, será sempre necessária a intervenção destes dois elementos e, para que haja progresso, desenvolvimento e prosperidade, esta relação tem de estar muito bem afinada e haver um clima de bom entendimento.

Se houver um desequilíbrio para qualquer dos lados, a relação está comprometida e tudo pode ser posto em causa.

Explicando, também de uma forma simplista:

- Se a esquerda, representando os trabalhadores, complicar a vida à direita, representada pelos empresários e investidores, bloqueando a sua acção e reivindicando para si, a maior parte do rendimento gerado, de tal forma que, juntamente com o quinhão destinado ao Estado (sob a forma de impostos e contribuições sociais para benefício dos trabalhadores), a relação fica desequilibrada em favor de uma das partes (neste caso os trabalhadores) e com o passar do tempo, se a situação persistir, a parte prejudicada (no exemplo o empresário) fica impossibilitada de gerar poupança, impedindo o seu reinvestimento reprodutivo e o crescimento.

Numa situação limite, este cenário pode ocasionar a descapitalização progressiva da empresa, o seu definhar e a falência.

- Se a direita, representando o empresário e investidor, complicar a vida à esquerda, representada pelos trabalhadores, reivindicar para si o maior parte do quinhão do rendimento gerado, e ainda se não o reinvestir, é obvio que estamos perante um caso de flagrante injustiça e até de exploração do homem pelo homem.

Estes dois exemplos muito simples mostram aquilo que é óbvio, isto é, se não houver equilíbrio e justiça no funcionamento desta relação de produção, tudo pode estar comprometido e, no conjunto de uma sociedade, o crescimento económico e o desenvolvimento dessa sociedade.

Chegámos assim, ao ponto fulcral:

A esquerda reivindicativa tudo tem feito, através de Sindicatos, Corporações e Partidos, para chamar a si uma boa parte dos rendimentos gerados pelas empresas e, protegidos por uma Constituição desequilibrada apenas em seu favor, têm-no de certo modo conseguido.

E essas conquistas do Abril revolucionário, passaram a se conhecidas nos anais da nossa história como « Direitos Adquiridos» e por isso ainda se proclama o slogan abrilista «25 de Abril Sempre!» pelos grandes beneficiados do Regime.

Por outro lado o próprio Estado, também protegido pela Constituição, igualmente desequilibrada em seu favor, tudo tem feito para, através de impostos e contribuições sociais , também em geral em favor dos trabalhadores (protecção no desemprego, reforma, saúde, etc. ) e para permitir a sua expansão desmesurada, chamar a si, outro bom quinhão dos rendimentos gerados pelas empresas.

Numa economia débil como a nossa, esta pressão permanente da esquerda e do Estado, numa concepção ideológica igualmente de esquerda, sobre a direita, teve como resultado final a completa descapitalização das Pequenas e Médias Empresas de tal forma que, centenas de milhares foram à falência, gerando uma taxa de desemprego como há muito tempo não acontecia em Portugal e que, em trabalhadores desempregados, oficialmente quantificado,s já ronda os 750.000.

Mas certamente serão muitos mais, se contarmos os não oficialmente contabilizados. O total de desempregados já deve andar perto de um milhão.

Ou seja, o Feitiço virou-se contra o Feiticeiro!

Quisemos ser mais papistas que o Papa!

Em termos de empresas, desde que Sócrates tomou o poder, cerca de 250.000 PME´s foram à falência e desapareceram do mercado.

E com toda a legitimidade perguntamos: não teria sido preferível a moderação, o equilíbrio e o realismo, tentando perceber o que está em causa numa relação de produção?

Algo está de facto errado no nosso país! Como foi possível tudo isto acontecer? Como foi possível chegarmos a isto?

Parte da explicação está descrita atrás.
Mas há infelizmente mais, muito mais que, se tivesse a veleidade de o descrever aqui, nunca mais acabaria esta reflexão.

O que penso sobre tudo isto é que, este sistema económico e social em que vivemos, que não é capitalismo nem comunismo, que aposta na descapitalização das empresas e servindo-se dos empresários como meros instrumentos e marionetas duma gestão e intervenção públicas, como não há memória, conduziu-nos de FMI em FMI e de PEC em PEC, praticamente à bancarrota.

De facto este sistema original não é nada. É algo indefinido que não é carne nem é peixe.

É preciso de uma vez por todas, clarificar o sistema. Para que possamos começar a trabalhar conhecendo as regras do jogo e com o que podemos contar.

Com um novo governo eleito, com uma visão muito diferente da sociedade, do que o que o antecedeu, não percamos esta oportunidade única de MUDAR, de mudar de paradigma, de abandonar de vez, as velhas ideias, de poder respirar as fresco no futuro e de ambicionarmos a ser verdadeiramente livres da tutela de um Estado todo poderoso, que controla tudo e todos, usando e abusando do poder.

A esquerda portuguesa tem de perceber, tem de compreender que não é o Estado-tutela que cria riqueza, são as empresas!

E só estas poderão contribuir para a melhoria do nível de vida dos trabalhadores, de nós todos.

A esquerda portuguesa tem de perceber que é preciso dar oportunidade às empresas para criarem riqueza e entender, de uma vez por todas, que não se pode distribuir riqueza onde ela não existe. Este foi um dos erros em que incorreu.

A tal Relação de Produção de que falei atrás, tem de estar equilibrada entre as partes envolvidas (a esquerda e a direita), pois só assim poderá ter condições para criar a tal riqueza que permite o crescimento económico do país e com ele o seu desenvolvimento e a prosperidade de todos nós.

Riqueza distribuída com justiça, racionalidade e equilíbrio, entenda-se.

Não se trata de apostar em Neo-liberalismos, chavão e papão, que os mesmos de sempre e que contribuíram para a destruição do país, estão agora a agitar com grande veemência e preocupação, ainda nem sequer o Governo tomou posse, parecendo desejar a queda definitiva no abismo.

Calem-se de vez com esses papões! Não é disso que se trata. Trata-se de salvar o país e retirá-lo da trajectória do abismo.

Que soluções alternativas propõem? Comunismo? Marxismo-Leninismo? Trotskismo?
Isso, porventura, é solução para o nosso país?

Aproveitemos, sim, com realismo e pragmatismo, de uma vez por todas esta oportunidade única ! DEIXEM O NOVO GOVERNO TRABALHAR!

NÃO LHE COMPLIQUEM A VIDA, PORQUE MAIS DO QUE COMPLICADA JÁ ELA ESTÁ!

PARA ELES, E PARA TODOS NÓS.

Se puderem ajudem o Governo, mas se nada puderem fazer ao menos NÃO LHE COMLIQUEM A VIDA E AS TAREFAS CICLÓPICAS QUE TÊM PELA FRENTE!

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