quinta-feira, 11 de julho de 2013

SALVAÇÃO NACIONAL

Ontem fomos surpreendidos com a inédita iniciativa de Cavaco Silva, ao sugerir um governo de coligação alargada ao Partido Socialista, em nome da estabilidade governativa e da salvação do país. Iniciativa essa que contrasta, pela positiva, com a perigosa inércia a que estávamos habituados e nem era já tolerada pela maioria dos portugueses.
Em nome da estabilidade porque, finalmente, reconheceu que o governo em funções não está a dar, nem nunca deu, garantias de estabilidade e muito menos de idoneidade e competência.
A fórmula encontrada por Pedro Coelho, não satisfez o Presidente da República e não dá nenhumas garantidas de estabilidade. É uma fórmula temporária, para além de carregada de riscos.
Demitido o grande cérebro, a exímia competência técnica que iria salvar o país da hecatombe final, o saldo da sua passagem pelo governo pautou-se pelo substancial agravamento da herança, já dramática, do período socratista.
Demitiu-se, porque reconheceu o falhanço da sua obstinação, do acreditar nas suas crenças, nas verdades absolutas que julgava deter.
Este governo, ainda em funções, resultou de eleições em 2011 e, pretensamente legitimado pelo voto popular, acreditámos que estaria à altura de resolver a gravíssima situação que nos foi deixada por José Sócrates de Sousa, que agora, com o maior despudor e conivência da direcção da televisão pública, paga por todos nós, que estamos a sofrer as consequências da sua irresponsável governação, diz ter também  a fórmula da salvação, que ele próprio não foi capaz de aplicar ao país.
Os salvadores da Pátria e alguns até do mundo,  com as suas fórmulas mágicas, pululam por todos os lados, vendendo os seu produtos, livros principalmente, a um povo ainda muito incrédulo, ávido de quem o venha salvar, perante a evidência de que D. Sebastião não à meio de aparecer na tal mítica manhã de nevoeiro.
Os salvadores da Pátria aparecem sempre nestas alturas e, alguns, dizendo-se portadores da verdade, da luz e da vida, imitando os textos bíblicos, passando-se  por profetas ou messias, a quem uma entidade divina, lhes revelou, em sonhos, a Nova Boa Nova, afirmam ter a solução milagrosa para os problemas de Portugal e de todo o mundo.
A reacção do Partido Socialista não augura nada de bom.
Eleições antecipadas são pura demagogia e ânsia de chegar rapidamente ao poder!
A gravíssima situação de emergência nacional em que estamos mergulhados e portanto incompatível com eleições, os riscos que o país irá correr são enormes e pode atirá-lo definitivamente para o abismo.
Sem qualquer capacidade de financiamento do Estado, do sistema bancário e do sistema económico em geral e com o fecho da torneira do parco dinheiro que ainda vai pingando duma odiada troika, mas que nos tem permitido sobreviver e que o pão ainda chegue à nossa mesa, de uma forma ou de outra, o que iria ser de nós se, por obstinação e ambição partidárias, do principal partido que, pelo seu cadastro, já nos brindou com três bancarrotas, insistir, neste momento em eleições?
O que iriam fazer os novos protagonistas? Nada que se conheça de concreto.
E quem destruiu o país e nunca foi capaz de o colocar no rumo certo, que autoridade e competência terá para, finalmente o colocar na rota da salvação? Quem acredita nisso?
E ainda por cima liderado por um indivíduo que veio da «jota» cor de rosa, que já aprendeu a cartilha do discurso bem e estrategicamente conveniente e que, com ele, pretende  enganar os incautos, inconscientes, binários e clubistas e nada se conhece desse personagem, quanto a provas dadas  o terreno. 
E, como é mais que provável, os parâmetros da dívida, dos juros a pagar pelo recurso ao financiamento externo em curso, dispararem para valores nunca vistos  e de ocorrer um «crash» na bolsa, com forte desvalorização dos activos financeiros dos bancos, dos fundos investimento onde investimos as nossas poupanças, das companhias de seguros e das grandes e médias empresas?
Já se imaginou este cenário dantesco? O Partido Socialista do inseguro Seguro, já pensou nisto? É melhor pensar antes de precipitar o país numa calamidade sem precedentes e provavelmente sem retorno.
A solução presidencial é um mal menor. Avaliando os custos e os benefícios, facilmente se conclui que, de facto, é um mal menor. Mas será necessário grandes cedências de parte a parte.
Mas essas cedências teriam de passar necessariamente, no meu ponto de vista, para garantir a tão desejada estabilidade, pelo afastamento de Coelho, a grande causa de todos os males. Alguém, com perfil adequado, mais experientes e com provas dadas nas lides políticas, vindo da área do PSD, substituiria Coelho. Uma boa solução seria Rui Rio, que tem sido incansável em denunciar o sistema e até o regime.
A solução alternativa, sem eleições, um governo de independentes de competência técnica e simultaneamente política (condição necessária) , neste momento seria o ideal, porque já ninguém acredita nestes partidos políticos, perante a sua histórica e inegável incapacidade de governar o país.
Mas esta solução não era isenta de riscos, pois que, mesmo havendo um acordo tácito do sistema partidário e garantir apoio parlamentar,  os partidos, considerando-se donos exclusivos do sistema, nunca encarariam, com bons olhos, o reconhecimento da sua crónica incapacidade. Seria um governo para três meses.
Eleições antecipadas trariam ainda um outro elemento perturbador: a abstenção generalizada, de que, à boca cheia, muitas camadas da população ameaçam recorrer, porque já perderam a esperança e já não acreditam em nada.
E, quem ganharia com isso?
Não é difícil profetizar. Seriam as esquerdas radicais, totalitárias, que tudo têm feito para destruir o que resta da carcaça já esquelética deste velho país com quase mil anos de história, porque sabem que só pelos escombros poderão impor a solução final. Se estas forças tiverem protagonismo na governação, nem imaginamos o que virá a seguir.
Pior do que PREC de 1974.
Em nome da salvação, tenhamos cuidado, que os tempos não são para erros e precipitações. Se não tivermos muito cuidado, nas decisões que tomarmos, daqui para a frente, podemos ter à nossa espera, um verdadeiro barril de pólvora cujo rastilho poderá já ter sido ateado.
É melhor não  deixarmos a chama chegar ao barril…!

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