Desde há muito que corre a ideia
de que o Povo Português já não quer ouvir falar de partidos, tais os prejuízos
e danos que causaram à Nação.
Sempre ouvi dizer isto mas, cada
vez tenho mais dúvidas.
O que constato é que o Povo
Português é avesso a mudanças, não gosta de alterar o «status quo» por muito
mau que ele seja. Adapta-se, desenrasca-se como é sua cultura.
Ou, como
frequentemente acontece, vinga-se, abstendo-se, o que é um erro colossal, pois
só reforça o poder dos partidos existentes.
O que se
verifica é que o Povo Português é uma manta de retalhos, extremamente
heterogéneo, desde os filiados e simpatizantes, até aos inconscientes e
abstencionistas
Mas há uma
camada, por vezes esquecida, mas influente, que se encontra fortemente ligada
aos partidos, aos seus tentáculos locais e regionais, por pequenos interesses
instalados e de que tira algum proveito, o que torna inviável qualquer ruptura.
O que se observa, na realidade, é
que, em geral, o Povo Português não abandona os partidos tradicionais, sempre
se manteve e, tudo indica, se manterá, fiel aos mesmos. Pelas razões atrás
apontadas e porque não gosta de mudar, é avesso à mudança.
Prefere a paz, a tranquilidade,
mesmo nas situações mais adversas. Aguenta e desenrasca-se, como é sua cultura.
Só olha para si e trata da sua vida.
E já temos
provas no passado, desta atitude, quando um novo partido surgiu, O PRD (Partido
Renovador Democrático) patrocinado pelo Gen. Ramalho Eanes e que pretendia
renovar o sistema político, face à governação desastrosa do Partido Socialista,
nos anos 80 do século passado.
A convicção corrente de que o
Povo Português está farto de partidos, tem de ser encarada com muita reserva.
Iniciativas recentes da sociedade,
não tiveram eco no Povo Português, o que parece confirmar esta tendência para a
inépcia e o deixa andar.
Muita gente não sabe, nem nunca
soube, o que está a acontecer ao país. Apenas protesta porque a tesoura lhes
está a cortar os proventos habituais. Mas não sabe porquê.
A questão é esta:
Se não temos Povo que, de forma
activa, se mobilize em torne de projectos credíveis para mudar Portugal e, em larga medida, não entende o que se está a
passar, estamos perdidos e seremos todos cúmplices de continuarmos vítimas,
cada vez mais reprimidas e exploradas pela ditadura partidária.
Se assim for, não nos poderemos,
no futuro, queixar, e teremos aquilo que merecemos.
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