Desta vez do
New York Times, que comparou o nosso país ao burro de Miranda, porque, tal como
este, ameaçado de extinção, tem de viver sempre de apoios e de subsídios que,
de fora, lhe têm sido concedidos.
Mais uma vez
são os outros, os de fora, a criticar o resultado da irresponsabilidade que tem
reinado impune no nosso país.
Uma vez mais, como em muitas ocasiões
no passado, são os de fora a chamar-nos a atenção para a letargia e inépcia em
que temos estado mergulhados.
Parece que em Portugal, cada um
trata de si, cada um desenrasca-se como pode, cada um só vê pelo ângulo
estreito do seu mundo particular, cada um de nós perdeu a noção do geral, do
conjunto, da comunidade a que pertence e do estado em que ela se encontra.
Mas, o que é
mais grave não é a perda da visão de conjunto de cada um de nós, enquanto
cidadãos, o que tem sido extremamente grave é essa perda de visão colectiva que
os nossos governantes sempre evidenciaram, ao longo de décadas, também só
olhando para si próprios, para o seu mundo particular.
Esses sim foram os verdadeiros responsáveis. E, como sempre, responsabilidades não há, nem nunca houve. Em Portugal a culpa sempre morreu solteira.
Esses sim foram os verdadeiros responsáveis. E, como sempre, responsabilidades não há, nem nunca houve. Em Portugal a culpa sempre morreu solteira.
Sempre as
mãos de Pilatos foram lavadas nas mesmas águas. A culpa é sempre dos outros, ou
não é de ninguém.
Uma
vergonha!
E assim continuamos à deriva, sem
rumo, sem norte, sem liderança que esteja à altura de, uma vez por todas, acabar
com estes ciclos de permanente dependência do exterior.
Que nos enterram cada vez mais e
que, no limite, nos podem conduzir a formas de dependência e opressão irreversíveis.
Falamos muito, temos soluções miraculosas
para tudo, mas só na ponta da língua.
De resto, deixamos andar,
esperando pacientemente que o burro seja alimentado com a palha dos subsídios e se vá aguentando sem que o dono se
preocupe muito com ele.
O que é preciso é ir andando e
que a «massa» vá chegando…
O que é
preocupante é que, no geral, o comportamento do país e dos governantes, desde
há séculos, tem sido sempre assim.
Desde as
coloniais especiarias da Índia e do ouro do Brasil, até às remessas dos
emigrantes e aos fundos comunitários, foi sempre assim.
Tudo desapareceu
como fumo!
Qual tacho
de mel que, de tanto lamber, sempre se rompeu o fundo!
Mas, o que é
que se passa connosco? Algum gene defeituoso que nos impede de sair deste
sinistro ciclo?
É preciso investigar a causa do
mal português, porque assim não podemos continuar. E, se necessário, efectuar a
imperiosa mutação genético/cultural, que corrija esta anomalia secular.
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