domingo, 9 de março de 2014

A SOLUÇÃO FINAL PORTUGUESA: QUE ESTRATÉGIA?

 
 
 
 
Os sectores mais conscientes da sociedade portuguesa, sabem que o país não está bem, nunca esteve, porque limitado e constrangido durante décadas de regime abrilista, por condicionalismos internos e externos.
Não está bem, nunca esteve, não tanto pela política de cortes e de aumento brutal de impostos, que este governo, de forma subserviente, foi obrigado a executar por imposição dos credores internacionais mas, pior do que isso, pelo rumo incerto e sem estratégia de futuro, que o país está a trilhar.
 
Perante o descalabro do modelo de desenvolvimento imposto pelo regime abrilista e implementado pela mão do partido do regime, o partido socialista, que em boa parte explica a necessidade da brutal austeridade que, de forma desigual, nos foi imposta, e perante o garrote constitucional e a inoperância dos partidos do sistema em implementar as reformas de fundo necessárias, Portugal encontra-se numa encruzilhada extremamente difícil e perigosa da sua história.
Neste momento crucial da história portuguesa, todas as opções devem estar em aberto.
Todas têm riscos, é certo.
Mas há quer optar. Ou, por um fim violento ou por uma violência sem fim.
A opção clara dos governos tem sido, desde sempre, a da integração na União Europeia, a de tudo fazerem, mesmo sacrificando o seu povo à vontade arbitrária dos oligarcas e burocratas europeus que, de Bruxelas, comandam os nossos destinos, para imporem essa solução.
Esta insistência mórbida dos governos, à revelia do seu povo, precipitou o país num jogo de forças europeu, para o qual não estava preparado, nem em 1986, quando da adesão à então CEE e muito menos em 1992, com a assinatura do Tratado de Maachtricht e com ele a decisão, também à revelia da população, de entrada no euro em 1999, não deixou margem para a sua preparação e posterior decisão ponderada.
 
No meu ponto de vista, o pior erro da história contemporânea portuguesa, foi este, da entrada na Zona Euro, decisão mais uma vez precipitada dos governantes da época, forjando, artificialmente, as condições de convergência, para que o país fizesse parte do «pelotão da frente» como, demagogicamente o 1º ministro da ápoca, o socialista António Guterres, tanto apregoava aos quatro ventos.
Veio o pântano como era de esperar e o demagogo abandonou o país, à sorte de uma moeda, feita à imagem e semelhança do marco alemão.
As consequências foram trágicas.
Sem soberania monetária e por isso, sem poder emitir moeda própria e, de forma autónoma poder por em prática as politicas monetárias e cambiais, que melhor se ajustassem às necessidades da economia portuguesa, o país ficou completamente à mercê da vontade dos mercados financeiros, como único recurso para se financiar.
O resultado foi a subida quase exponencial da dívida pública e da dívida soberana do país, a partir de 2002, ano em que euro entrou com curso legal em Portugal.
 
As exportações caíram progressivamente, contrastando com a subida quase proporcional das importações, como era de esperar para uma economia débil, não preparada para competir com uma moeda tão forte. A economia definhou, acabando numa profunda recessão de que, só agora se está (aparentemente) a recuperar de forma ténue.
Mas, no meu ponto de vista, porventura o efeito mais perverso e nefasto para o país, da entrada no euro, foi a grave distorção na estrutura produtiva do país pois, perante a falta de competitividade  nas relações comerciais com o exterior, os investimentos de vulto passaram a ser orientados preferencialmente para os sectores de bens não transaccionáveis, apenas para o mercado interno, e que originou toda uma grande concentração de poder económico e financeiro, num grupo restrito de grandes empresas.
 
Os governos do sistema insistem nesta fórmula, porque dominados por políticos que têm tanto de oportunistas como de incompetentes e fazem o seu jogo.
A população definha, a pobreza e a miséria alastram, as condições de vida degradam-se.
As soluções centram-se em decisões tomadas em Bruxelas, à revelia dos interesses do país e da sua população e, naturalmente, também fazem o seu jogo, procurando assentar a competitividade do nosso país, numa mão de obra barata, numa espécie de luso-sinolândia ao serviços da globalização.
 
Portugal, está, portanto, numa encruzilhada histórica.
Está na hora das grandes opções e decisões estratégicas para o país. Está na hora de definir, sem tibiezas, o rumo a seguir.
Está na hora de parar para pensar e fazer o balanço da história.
É tempo de decidir se queremos uma integração tutelada, protegida pela EU, se queremos um protectorado permanente, alienante e sem soberania, ou se queremos ser livres e donos do nosso destino.
Está na hora de decidir se queremos um fim violento ou uma violência sem fim.
A convergência de posições dos países do sul da Europa, as grandes vítimas das estratégias integracionistas europeias,  é absolutamente fulcral.
 

 
 

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