Os sectores
mais conscientes da sociedade portuguesa, sabem que o país não está bem, nunca
esteve, porque limitado e constrangido durante décadas de regime abrilista, por
condicionalismos internos e externos.
Perante o
descalabro do modelo de desenvolvimento imposto pelo regime abrilista e
implementado pela mão do partido do regime, o partido socialista, que em boa parte
explica a necessidade da brutal austeridade que, de forma desigual, nos foi
imposta, e perante o garrote constitucional e a inoperância dos partidos do
sistema em implementar as reformas de fundo necessárias, Portugal encontra-se
numa encruzilhada extremamente difícil e perigosa da sua história.
Neste momento crucial da história
portuguesa, todas as opções devem estar em aberto.
Todas têm riscos, é certo.
Mas há quer
optar. Ou, por um fim violento ou por uma violência sem fim.
A opção
clara dos governos tem sido, desde sempre, a da integração na União Europeia, a
de tudo fazerem, mesmo sacrificando o seu povo à vontade arbitrária dos
oligarcas e burocratas europeus que, de Bruxelas, comandam os nossos destinos, para
imporem essa solução.
Esta
insistência mórbida dos governos, à revelia do seu povo, precipitou o país num
jogo de forças europeu, para o qual não estava preparado, nem em 1986, quando
da adesão à então CEE e muito menos em 1992, com a assinatura do Tratado de Maachtricht
e com ele a decisão, também à revelia da população, de entrada no euro em 1999,
não deixou margem para a sua preparação e posterior decisão ponderada.
No meu ponto de vista, o pior
erro da história contemporânea portuguesa, foi este, da entrada na Zona Euro, decisão mais uma vez precipitada dos
governantes da época, forjando, artificialmente, as condições de convergência,
para que o país fizesse parte do «pelotão
da frente» como, demagogicamente o 1º ministro da ápoca, o socialista António
Guterres, tanto apregoava aos quatro ventos.
Veio o
pântano como era de esperar e o demagogo abandonou o país, à sorte de uma
moeda, feita à imagem e semelhança do marco alemão.
As
consequências foram trágicas.
Sem
soberania monetária e por isso, sem poder emitir moeda própria e, de forma
autónoma poder por em prática as politicas monetárias e cambiais, que melhor se
ajustassem às necessidades da economia portuguesa, o país ficou completamente à
mercê da vontade dos mercados financeiros, como único recurso para se
financiar.
O resultado
foi a subida quase exponencial da dívida pública e da dívida soberana do país,
a partir de 2002, ano em que euro entrou com curso legal em Portugal.
As
exportações caíram progressivamente, contrastando com a subida quase
proporcional das importações, como era de esperar para uma economia débil, não
preparada para competir com uma moeda tão forte. A economia definhou, acabando
numa profunda recessão de que, só agora se está (aparentemente) a recuperar de forma
ténue.
Mas, no meu
ponto de vista, porventura o efeito mais perverso e nefasto para o país, da
entrada no euro, foi a grave distorção na estrutura produtiva do país pois,
perante a falta de competitividade nas
relações comerciais com o exterior, os investimentos de vulto passaram a ser
orientados preferencialmente para os sectores
de bens não transaccionáveis, apenas para o mercado interno, e que originou
toda uma grande concentração de poder económico e financeiro, num grupo
restrito de grandes empresas.
Os governos
do sistema insistem nesta fórmula, porque dominados por políticos que têm tanto
de oportunistas como de incompetentes e fazem o seu jogo.
A população definha, a pobreza e
a miséria alastram, as condições de vida degradam-se.
As soluções centram-se em
decisões tomadas em Bruxelas, à revelia dos interesses do país e da sua
população e, naturalmente, também fazem o seu jogo, procurando assentar a
competitividade do nosso país, numa mão de obra barata, numa espécie de luso-sinolândia
ao serviços da globalização.
Portugal, está, portanto, numa
encruzilhada histórica.
Está na hora das grandes opções e
decisões estratégicas para o país. Está na hora de definir, sem tibiezas, o
rumo a seguir.
Está na hora de parar para pensar
e fazer o balanço da história.
É tempo de decidir se queremos
uma integração tutelada, protegida pela EU, se queremos um protectorado permanente,
alienante e sem soberania, ou se queremos ser livres e donos do nosso destino.
Está na hora
de decidir se queremos um fim violento
ou uma violência sem fim.
A convergência de posições dos
países do sul da Europa, as grandes vítimas das estratégias integracionistas
europeias, é absolutamente fulcral.
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