Quando um país,
entregue a governantes, que têm tanto de incompetentes, como de mentirosos e
oportunistas, é obrigado a pedir um resgate financeiro internacional, para poder
sobreviver, a entrada nessa situação de dependência, de humilhação nacional e de
perda de soberania, é sempre suja.
A
saída de uma situação que, por si própria já é suja, também só pode ser suja.
Não
se pode sair limpo de uma situação suja.
O
termo das avaliações da troika a um programa severíssimo de austeridade, que o
país foi obrigado a suportar, deixando de rastos a grande maioria da sua população,
nunca pode ser considerada limpa a situação que se lhe segue.
A situação em que
vamos entrar, de regresso aos mercados a taxas mais baixas, significa que vamos
continuar a mendigar, a pedir emprestado a especuladores e agiotas , a
engrossar a dívida e os seus custos, para podermos continuar a viver, nunca
será limpa, é suja e bem suja.
Contrair
dívida para pagar dívida e financiar os défices de produção e de criação de
riqueza, que o país nunca conseguiu superar, mercê de um modelo de desenvolvimento
errado, gasto e ultrapassado, por cega obediência a referenciais ideológicos, continua
a ser uma situação suja, perigosa e que vai certamente por em causa o nosso
futuro colectivo.
Falar o governo,
embandeirando em arco, em saída limpa do programa da troika, é uma qualificação
que não podia ser mais infeliz, e
nunca deveria ter sido invocada, por respeito ao povo português e que apenas serve
para o enganar e perturbar ainda mais a sua mente.
Os políticos que
protagonizaram todo o descalabro das finanças públicas, durante décadas, deviam
ter vergonha.
As suas mãos estão
sujas e bem sujas, algumas de sangue.
O legado que deixaram
aos governados e seus descendentes, foi de destruição, foi o de comprometerem e
alienarem todo o futuro colectivo de uma Nação.
Por
todo este legado de destruição, que nos deixaram aqueles em quem confiámos o
nosso voto, somos irremediavelmente confrontados com a grande realidade com que
nos deparamos hoje:
- O referencial
ideológico da chamada esquerda socialista, o grande mote da ala moderada da
revolução de 1974 e consubstanciada na ordem partidária, pelos partidos
socialista e social-democrata, fracassou estrondosamente, por ter fracassado o
modelo económico e social dele resultante.
É um facto
incontroverso.
E
que foi agravado substancialmente, pelo negócio intermediário do Estado e seus
agentes, ligado e coligados ao poder económico favorecido, que bem se aproveitaram das suas fragilidades.
A terceira bancarrota,
em quarenta anos de regime de Abril e a dura provação a que teve de se sujeitar
o povo português, são a prova provada de que o Abril, mesmo o regenerado, fracassou.
Mas fracassou também
este modelo de democracia que, ludibriando o povo português, se transformou
numa quase ditadura, fragilizando o poder do voto, e tornando-o cada vez mais
inútil.
O sistema e o regime
precisam, por isso, de ser urgentemente reformados.
Continuar a insistir nele
é insistir nas grandes desigualdades sociais, na pobreza e na miséria, no
desemprego em massa, no regresso da emigração, na ignorância, na subserviência,
nos jovens sem futuro e a viver na casinha dos país, no sub-desenvolvimento, em
suma sem futuro colectivo digno.
Estará o povo
português à altura de protagonizar a reforma do regime? Terá o povo português
de hoje, capacidade para interiorizar a necessidade dessa mudança, depois de
quarenta anos de intoxicação ideológica no «politicamente correcto» e no dogma
do socialismo de Abril?
Enquanto estas
questões não tiverem resposta, A NOSSA
SAÍDA, SEJA DO QUE FOR, NUNCA SERÁ LIMPA!
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