sábado, 3 de maio de 2014

SAÍDA LIMPA, SAÍDA SUJA

 
 
Quando um país, entregue a governantes, que têm tanto de incompetentes, como de mentirosos e oportunistas, é obrigado a pedir um resgate financeiro internacional, para poder sobreviver, a entrada nessa situação de dependência, de humilhação nacional e de perda de soberania, é sempre suja.
A saída de uma situação que, por si própria já é suja, também só pode ser suja.
 
Não se pode sair limpo de uma situação suja.
O termo das avaliações da troika a um programa severíssimo de austeridade, que o país foi obrigado a suportar, deixando de rastos a grande maioria da sua população, nunca pode ser considerada limpa a situação que se lhe segue.
 
A situação em que vamos entrar, de regresso aos mercados a taxas mais baixas, significa que vamos continuar a mendigar, a pedir emprestado a especuladores e agiotas , a engrossar a dívida e os seus custos, para podermos continuar a viver, nunca será limpa, é suja e bem suja.
 
Contrair dívida para pagar dívida e financiar os défices de produção e de criação de riqueza, que o país nunca conseguiu superar, mercê de um modelo de desenvolvimento errado, gasto e ultrapassado, por cega obediência a referenciais ideológicos, continua a ser uma situação suja, perigosa e que vai certamente por em causa o nosso futuro colectivo.
 
Falar o governo, embandeirando em arco, em saída limpa do programa da troika, é uma qualificação que não podia ser mais  infeliz, e nunca deveria ter sido invocada, por respeito ao povo português e que apenas serve para o enganar e perturbar ainda mais a sua mente.
Os políticos que protagonizaram todo o descalabro das finanças públicas, durante décadas, deviam ter vergonha.
As suas mãos estão sujas e bem sujas, algumas de sangue.
O legado que deixaram aos governados e seus descendentes, foi de destruição, foi o de comprometerem e alienarem todo o futuro colectivo de uma Nação.
Por todo este legado de destruição, que nos deixaram aqueles em quem confiámos o nosso voto, somos irremediavelmente confrontados com a grande realidade com que nos deparamos hoje:
 
- O referencial ideológico da chamada esquerda socialista, o grande mote da ala moderada da revolução de 1974 e consubstanciada na ordem partidária, pelos partidos socialista e social-democrata, fracassou estrondosamente, por ter fracassado o modelo económico e social dele resultante.
É um facto incontroverso.
 
E que foi agravado substancialmente, pelo negócio intermediário do Estado e seus agentes, ligado e coligados ao poder económico favorecido,  que bem se aproveitaram das suas fragilidades.
A terceira bancarrota, em quarenta anos de regime de Abril e a dura provação a que teve de se sujeitar o povo português, são a prova provada de que o Abril, mesmo o regenerado,  fracassou.
Mas fracassou também este modelo de democracia que, ludibriando o povo português, se transformou numa quase ditadura, fragilizando o poder do voto, e tornando-o cada vez mais inútil.
 
O sistema e o regime precisam, por isso, de ser urgentemente reformados.
 
Continuar a insistir nele é insistir nas grandes desigualdades sociais, na pobreza e na miséria, no desemprego em massa, no regresso da emigração, na ignorância, na subserviência, nos jovens sem futuro e a viver na casinha dos país, no sub-desenvolvimento, em suma sem futuro colectivo digno.
Estará o povo português à altura de protagonizar a reforma do regime? Terá o povo português de hoje, capacidade para interiorizar a necessidade dessa mudança, depois de quarenta anos de intoxicação ideológica no «politicamente correcto» e no dogma do socialismo de Abril?
 
Enquanto estas questões não tiverem resposta,  A NOSSA SAÍDA, SEJA DO QUE FOR, NUNCA SERÁ LIMPA!

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