sexta-feira, 30 de maio de 2014

A CEREJA EM CIMA DO BOLO: O CULMINAR DUM REGIME

 
O regime inaugurado com o golpe de estado de 1974 e continuado durante algum tempo, com uma revolução protagonizada por forças antagónicas totalitárias, que se digladiavam pela conquista do poder, bem se pode dizer que sempre viveu em crise permanente.
 
Crise de afirmação, crise económica, crise financeira, crise social, crise de competências e oportunismo dos governantes, crise do modelo de desenvolvimento, crise de opções europeístas precipitadas,  crise do modelo de democracia (pseudo representativa), crise da desactualização da Lei Fundamental. sem reforma à vista por teimosia partidária
 
Portugal tem vivido, durante os quarenta anos de regime de Abril numa instabilidade permanente, resultante de todos estes constrangimentos e restrições.
E de crise em crise, num sistema bipartidário que se alterna no poder, apoiado apenas por  menos de metade da população de eleitores,  Portugal definha, a população empobrece, as desigualdades aumentam na mesma proporção em que a riqueza se concentra nas mãos de uma minoria astuta e oportunista, que bem soube explorar as crises.
O sistema globalizado das economias mundiais, criou novos problemas aos países mais débeis como o nosso,  colocados perante uma luta desigual, sujeitando-os às mesmas regras.
Com a adesão à União Económica e Monetária e com a assinatura dos Tratados de Maastricht, Nice e Lisboa, Portugal perdeu praticamente todos os instrumentos de soberania de que dispunha, ficando sujeito, a partir daí, ao cumprimento obrigatório de regras ditadas por centros de decisão europeus.
De tal forma que, hoje, Portugal dispõe de menos soberania do que qualquer estado federado norte-americano.
Tudo foi consumado e congeminado à revelia do povo português, mas acabou ser este a grande vítima destas opções europeístas precipitadas.
Não cuidámos sequer, de manter um mínimo de reserva de soberania, que nos permitisse salvaguardar a nossa dignidade como Nação, em momentos julgados oportunos.
Ficámos completamente à mercê de decisões tomadas por instâncias europeias, por iniciativas irracionais de eurocratas, das regras económicas e financeiras da globalização do mundo e cujos agentes, instalando-se cá dentro, no nosso território, devoram tudo o que é bom e tem valor, da voracidade maior ou menos dos mercados financeiros, para nos financiarmos e no limite deste processo, a meros fornecedores de mão de obra barata, ao serviço dos novos senhores do mundo.
No meio de tudo isto e cá dentro, campeia o salve-se quem puder, o oportunismo, a maçonaria do tráfico de influências e onde se movem os actores do sistema político e os que não conseguem acompanhar este ritmo, ficam irremediavelmente para trás, confinando-se à pobreza e à miséria.
Os actores políticos de sempre digladiam-se pela disputa do poder, exploram a simplicidade e a incredulidade do povo, tentam assassinar os adversários que ganham alguma visibilidade, rotulando-os agora com o novo nome do fascismo, o populismo, eles que sempre foram os mais demagogos e populistas de sempre.
A luta fratricida pelo poder atinge os próprios actores políticos da mesma cor.
Costa contra Seguro, Seguro contra Costa.
Na sombra, o grande predador do sistema e que atirou Portugal para a pior bancarrota de sempre, espreita a sua nova oportunidade: ser Presidente da República.
Cenário provável, se Costa vencer a contenda pelo poder.
Seria a cereja em cima do bolo e o culminar de um regime, maçónico, corrupto e mafioso.
O Portugal de hoje é tudo isto.
Um país à deriva sem uma estratégia de futuro, sem soberania, dominado por oportunistas e resignado aos novos mandarins da Europa e do Mundo.
Que futuro nos reserva? Ninguém tem resposta para esta pergunta, tal a camisa de onze varas em que estamos metidos.
Mas, uma coisa é certa, se nada fizermos nada mudará, ou tenderá a piorar.
Se queremos ainda ter esperança de um futuro digno, é preciso agir, é preciso pegar o touro pelos cornos, enfrentá-lo com determinação e começar desde já com a revisão dos anacrónicos Tratados Europeus e com a renegociação da dívida do país,  que nos devolva a tal reserva de soberania que possa garantir o grau de liberdade necessário e as condições para planearmos livremente o nosso futuro colectivo.
 
Mas é preciso também julgar a história, para que os protagonistas deste enorme desastre nacional, não fiquem impunes, imputando-lhes apenas responsabilidades políticas que, como estamos a assistir, nem estas lhes têm sido atribuídas.
 

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