Esses
modelos tradicionais, embora na sua génese, procurassem essa resposta, a
verdade é que, por um conjunto de factores, desde logo a sua inadaptação
perante a própria evolução social e económica das nações, mas essencialmente a
sua desvirtuação pelos agentes políticos, económicos e sociais, acabaram por
resultar praticamente nos seus antídotos.
Com efeito,
o que se pretende nesta abordagem é definir um novo conceito de democracia
social, que possa constituir uma evolução, um novo e mais elevado patamar de
sociedade, que substitua os conceitos passados de socialismo e
social-democracia.
As experiências
sobre a liderança de grupos, mostram-nos que nas lideranças democráticas, o
líder interage com os participantes, leva em conta as suas opiniões e decide em
conjunto com estes. Mas, tal como no
estilo autocrático, também aqui a experiência e competência do líder são
importantes para a eficácia do grupo, mas corre-se o risco das suas qualidades
enquanto líder, se diluírem com as opiniões dos participantes e, em casos
extremos, como acontece muitas vezes no nosso país, predominar a opinião dos
participantes, especialmente se estes tiverem muito poder.
O conceito
de democracia social participativa, pretende ser um modelo equilibrado que, sem
se cair na situação em que os participantes decidem em exclusivo, sendo o líder
mera figura emblemática, embora possa ser competente, mas que, potenciando as
qualidades e competência do líder, eleito pelos participantes em função dessas
qualidades, não exclua a influência dos participantes na tomada de decisões.
O modelo tem de garantir a
eficiência e a eficácia das decisões, o bem comum colectivo, potenciando e não
diluindo as capacidades da liderança mas, devido à natureza volátil do
comportamento humano, tendendo a satisfazer os seus interesses individuais, em
prioridade, tem de ser dotado de inúmeros mecanismos de controlo, a todos os
níveis.
O modelo de Democracia Social
Participativa pretende, assim, garantir:
- A eficácia das decisões e o bem comum
colectivo
- A evolução
para um novo conceito de democracia que, não excluindo a participação dos
cidadãos, a todos os níveis, desde as decisões políticas, até às decisões
económicas, sociais e culturais, seja efectivamente eficaz e não utópica.
- Basear-se
numa democracia representativa partilhada entre políticos e independentes, num
pressuposto evolutivo de que as democracias não podem ser propriedade exclusiva
dos políticos, eleitos directamente por sufrágio, que representem efectivamente
as populações e em que os poderes se encontrem equilibrados em duas Câmaras
Parlamentares.
- A
institucionalização e incentivação, de formas especiais de democracia directa
(assuntos de cariz nacional ou fracturantes da sociedade e, em geral que não
devem ser decididos apenas pelos políticos e os independentes) não apenas ao
nível central, mas especialmente aos
níveis regional e local;
-
Flexibilidade constitucional, que permita que a sociedade possa funcionar
segundo um padrão flexível de liderança, mas viabilizando e incentivando o
crescimento e o desenvolvimento, única forma da sociedade atingir elevados
níveis de bem estar social.
- Cada
cidadão decida o seu projecto de vida, sem constrangimentos estatais ou outros,
ou seja, permitindo e incentivando a sua integração e envolvimento social e
económico, a sua educação, formação e
acesso à cultura.
- A
recuperação dos valores nacionais e a identificação de todos os cidadãos com
estes valores, forma de recuperar a identidade colectiva que nos faz pertencer
a uma Nação, valores que se devem sobrepor aos da globalização social,
económica e cultural.
- A
institucionalização de níveis de controlo e monitorização do sistema, embora
sem bloqueios injustificados. Seria ideal que estes mecanismos funcionassem
apenas como instrumentos dissuasores.
Sem comentários:
Enviar um comentário