
Os critérios de
convergência exigidos pelos centros de decisão da União Europeia foram, nos
anos anteriores, premeditadamente forjados: o défice público, a inflação e desemprego
e as dívidas pública e privada.
Governava
o socialista António Guterres.
Este, apregoava aos
sete ventos, que queria Portugal no «pelotão da frente» do euro, como uma
grande conquista e uma grande vitória para o povo português!
E
assim foi.
O
Tratado foi assinado, nas costas dos portugueses. Ninguém foi ouvido nem
achado. Uma
precipitação que nos custou muito caro, nos anos que se seguiram a esta decisão
trágica.
E não era preciso esforçarmo-nos
muito. Podíamos até abdicar da agricultura, das pescas e da indústria. Tudo chegaria
cá em catadupas, do bom e do melhor, vindo da EU. Era só consumir o único esforço
que se exigia. A árvore das patacas, faria
o resto, bastaria abaná-la.
Mas,
saiu-nos o inferno!
Sem autonomia monetária,
sem autonomia cambial e sem autonomia orçamental, Portugal ficou privado, dos
principais instrumentos de gestão das suas políticas económicas e financeiras
autónomas.
Sem suficiente solidez
de um sistema económico já pouco competitivo nessa altura, com uma economia
tendencialmente em queda e com a despesa pública em ascensão acentuada, um estranho
paradoxo, quando não de dispõe de uma economia que a sustente.
Era o mito do Estado
Social que, como se viu e vê, assentava em pés de barro.
Portugal,
inevitavelmente, entraria em queda
livre.
Do
pântano de Guterres e da tanga de Barroso, até à demagogia eleitoralista e
despesista de Sócrates e à corrida vertiginosa para o abismo, foi um passo.
Sem
instrumentos monetários, ficámos reféns dos mercados financeiros
internacionais, como a única fonte de financiamento: dinheiro alugado e custo
do aluguer dependente da especulação.
Sem
instrumentos cambiais, o mercado exportador soçobrou e virou-se para o mercado
de bens não transaccionáveis. Sem oferta interna de bens e serviços, que
produzisse o necessário para vivermos, o país ficou na dependência de importações, agravando
consideravelmente o défice das Balanças com o exterior.
Inevitavelmente a
queda da economia acentuou-se ainda mais. Por falta de recursos internos a
dívida pública e privada, dispararam para níveis históricos.
O resgate financeiro
para cobrir a bancarrota era inevitável.
Daí
resultou mais dívida, mais custos para o país e mais consumo de recursos, suor
dos portugueses, mais queda de rendimentos, já de si, baixos, menos qualidade
de vida, no fundo mais empobrecimento, para satisfazer regras e exigências implacáveis
de credores internacionais.
Resultado
da irresponsabilidade de quem nos governou.
A
este flash, circunscrito apenas ao domínio particular do euro e da dívida, há
que juntar todos os outros, desde logo, um errado modelo de desenvolvimento que
não nos deixou voar e que, já feito em farrapos, o partido do regime teima,
lunaticamente, em remendar e manter,
todo o completo descontrolo, verdadeira incúria e desleixo dos governantes, das
principais variáveis críticas de sustentabilidade de uma sociedade.
Responsabilidades e
responsáveis? Não há. Nunca houve.
A blindagem do regime
e a estratégia de branqueamento funcionaram em pleno e sempre funcionam da
mesma maneira, aproveitando a santa inconsciência do Povão e a análise
superficial dos factos, apenas os observáveis no momento presente.
Causas para erradicar
a doença do doente português? Não há, apenas os efeitos são analisados, uma
espécie de saga alopática popular.
O
diagnóstico do médico-político está sempre sistematicamente errado e o doente
nunca mais se cura!
Em última análise, a
culpa é de todos nós, que consentimos isto e temos muita dificuldade em ter uma
visão colectiva das coisas e sentir o instinto de sobrevivência, apenas
pensamos no individual.
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