Quando em 1999, Portugal
declarou que estava preparado para entrar na zona euro, na verdade, não estava.
Os critérios de
convergência exigidos pelos centros de decisão da União Europeia foram, nos
anos anteriores, premeditadamente forjados: o défice público, a inflação e desemprego
e as dívidas pública e privada.
Governava
o socialista António Guterres.
Este, apregoava aos
sete ventos, que queria Portugal no «pelotão da frente» do euro, como uma
grande conquista e uma grande vitória para o povo português!
E
assim foi.
O
Tratado foi assinado, nas costas dos portugueses. Ninguém foi ouvido nem
achado. Uma
precipitação que nos custou muito caro, nos anos que se seguiram a esta decisão
trágica.
E não era preciso esforçarmo-nos
muito. Podíamos até abdicar da agricultura, das pescas e da indústria. Tudo chegaria
cá em catadupas, do bom e do melhor, vindo da EU. Era só consumir o único esforço
que se exigia. A árvore das patacas, faria
o resto, bastaria abaná-la.
Mas,
saiu-nos o inferno!
Sem autonomia monetária,
sem autonomia cambial e sem autonomia orçamental, Portugal ficou privado, dos
principais instrumentos de gestão das suas políticas económicas e financeiras
autónomas.
Sem suficiente solidez
de um sistema económico já pouco competitivo nessa altura, com uma economia
tendencialmente em queda e com a despesa pública em ascensão acentuada, um estranho
paradoxo, quando não de dispõe de uma economia que a sustente.
Era o mito do Estado
Social que, como se viu e vê, assentava em pés de barro.
Portugal,
inevitavelmente, entraria em queda
livre.
Do
pântano de Guterres e da tanga de Barroso, até à demagogia eleitoralista e
despesista de Sócrates e à corrida vertiginosa para o abismo, foi um passo.
Sem
instrumentos monetários, ficámos reféns dos mercados financeiros
internacionais, como a única fonte de financiamento: dinheiro alugado e custo
do aluguer dependente da especulação.
Sem
instrumentos cambiais, o mercado exportador soçobrou e virou-se para o mercado
de bens não transaccionáveis. Sem oferta interna de bens e serviços, que
produzisse o necessário para vivermos, o país ficou na dependência de importações, agravando
consideravelmente o défice das Balanças com o exterior.
Inevitavelmente a
queda da economia acentuou-se ainda mais. Por falta de recursos internos a
dívida pública e privada, dispararam para níveis históricos.
O resgate financeiro
para cobrir a bancarrota era inevitável.
Daí
resultou mais dívida, mais custos para o país e mais consumo de recursos, suor
dos portugueses, mais queda de rendimentos, já de si, baixos, menos qualidade
de vida, no fundo mais empobrecimento, para satisfazer regras e exigências implacáveis
de credores internacionais.
Resultado
da irresponsabilidade de quem nos governou.
A
este flash, circunscrito apenas ao domínio particular do euro e da dívida, há
que juntar todos os outros, desde logo, um errado modelo de desenvolvimento que
não nos deixou voar e que, já feito em farrapos, o partido do regime teima,
lunaticamente, em remendar e manter,
todo o completo descontrolo, verdadeira incúria e desleixo dos governantes, das
principais variáveis críticas de sustentabilidade de uma sociedade.
Responsabilidades e
responsáveis? Não há. Nunca houve.
A blindagem do regime
e a estratégia de branqueamento funcionaram em pleno e sempre funcionam da
mesma maneira, aproveitando a santa inconsciência do Povão e a análise
superficial dos factos, apenas os observáveis no momento presente.
Causas para erradicar
a doença do doente português? Não há, apenas os efeitos são analisados, uma
espécie de saga alopática popular.
O
diagnóstico do médico-político está sempre sistematicamente errado e o doente
nunca mais se cura!
Em última análise, a
culpa é de todos nós, que consentimos isto e temos muita dificuldade em ter uma
visão colectiva das coisas e sentir o instinto de sobrevivência, apenas
pensamos no individual.
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