terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

EXCENTRICIDADE AJUIZADA

Por definição, excêntricos são as pessoas que se afastam de um determinado padrão, considerado normal, de comportamento.
Este afastamento que, na maior parte dos casos reflecte uma determinada tipologia de temperamento e personalidade, não tem nada de mal, antes pelo contrário, são a prova de um comportamento saudável e de fuga à rotina.

Bem hajam todos aqueles que conseguem ser excêntricos nalguma coisa. Dão prova de uma personalidade rica, imaginativa e até de grande inteligência.

Vem isto a propósito da grave crise que o país atravessa e das palavras ajuizadas, realistas e sensatas que há muitos anos se ouvem da boca de pessoas consideradas excêntricas.

Dessas onde, numa análise simplista se poderia induzir que nada se poderia esperar a não ser excentricidade.
De facto, embora parecendo paradoxal, é exactamente dessas pessoas que partem as propostas e as opiniões mais equilibradas e sensatas.

A explicação é simples.

É que, nem toda a gente tem capacidade e personalidade para ser excêntrico e portanto possuidor da tal imaginação fértil e da inteligência necessária.

Porque são inteligentes e de grande capacidade de análise e observação da realidade, os excêntricos são também grandes sintetizadores de ideias e dos maiores equilíbrios, revelando as opiniões que emitem uma grande objectividade e uma extraordinária síntese da realidade, sem rodeios nem fantasias.

Refiro-me, obviamente, a Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira.
Poderia citar outras personalidades, mas detenho-me nesta por ser paradigmática e muito mediática.

Alberto João Jardim é considerado uma pessoa de comportamento excêntrico, especialmente na forma como se relaciona com o «seu» povo , o generoso e bom povo da Madeira.
Ainda bem que assim é e por isso é apreciado como governante e se explica em boa parte, o seu enorme sucesso enquanto político e gestor dos destinos da Madeira.

Mas, por isso mesmo, é um homem frontal, directo, sem rodeios nem complexos, não hesitando em denunciar as fragilidades e fraquezas dos governos e do sistema politico, e fazendo um diagnóstico, a meu ver realista e correcto da situação.

Este homem, há mais de duas décadas vem apontando, com excepcional clarividência, os males da nossa democracia, vem apontando erros, vem denunciando as fragilidades do nosso sistema político, económico e social, vem no fundo chamando persistentemente a atenção para o rumo que o país está tomar e para os perigos do abismo para onde caminha.

Mas, parece que ninguém lhe dá ouvidos e as suas opiniões a cair em saco roto, porque é considerado «excêntrico»...

E a realidade aí está a dar-lhe razão. O país está mesmo a caminhar para o abismo, ninguém ouviu ou não quis ouvir o Chefe do Governo Regional da Madeira.

Há dias, como sempre e mais uma vez, Alberto João, chamou a atenção para quem endossar as culpas da grave situação que o país atravessa e com toda a razão e objectividade afirmou, que não são os políticos os culpados, mas quem os elegeu.

De facto, a culpa é do voto e é da metade que se abstém de votar, demitindo-se das suas responsabilidades.

E os que votam, votam sempre, inexoravelmente, da mesma maneira, sem avaliar as situações e as consequências para o país desse voto inconsciente, egoísta, clubista ou meraramente reflectindo interesses pessoais ou partidários.

Um povo que não sabe avaliar o desempenho do governo que o governa, não vai longe, é um povo que, ou acorda do comodismo, do egoísmo e do sono letárgico onde tem estado mergulhado, ou estará condenado com toda a probabilidade à pobreza, ao subdesenvolvimento e ao colapso das Instituições, do Estado e da Sociedade no seu conjunto.

Alberto João Jardim, que nunca te falte a voz para denunciar o que está mal!

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