sábado, 3 de abril de 2010

COUTADA DE CAÇA

Há dias, alguém do meu círculo de amizades, remeteu-me um excerto de um vídeo captado por uma câmara exterior de vigilância de um vulgar prédio.

Uma senhora, pelo aspecto, de meia idade, caminhava na direcção da entrada do prédio, empurrando um carrinho de compras.

Em determinado momento, antes da senhora entrar no prédio, um jovem apressadamente, aproxima-se dela pelas traseiras, surpreende-a e coloca-se ao seu lado.

Gesticula vigorosamente, como que reclamando qualquer coisa. Provavelmente que a senhora lhe desse dinheiro, ou a carteira, ou algo que pretendia roubar.

Como a senhora não manifestasse a intenção de satisfazer os seus intentos, o jovem não perde tempo e agride-a violentamente com um murro na cabeça. O soco foi de tal forma violento que a senhora cai de imediato no chão, prostrada!.

Já com a vítima caída por terra e não estando ainda satisfeito com a brutal agressão, o jovem inicia de imediato uma histérica série de pontapés e murros na cabeça e no peito da senhora que, se não a matou, deixou-a certamente à beira da morte, ficando inanimada no solo.

Com a senhora inconsciente, rouba então tudo o que pretendia roubar.

Um carro passa no local, no momento em que decorre esta cena de brutal selvajaria. Não pára, nem presta auxílio à vítima. Finge que não é nada e segue!

Quando acabei de ver este episódio da vida real, que também é do dia a dia da vida dos portugueses, um grito de revolta ecoou dentro de mim.

Perguntei a mim próprio, como é possível um ser humano, jovem pela idade, manifestar tanto ódio e tanta brutalidade, a ponto de quase se não mesmo matar uma pobre senhora indefesa, por causa de nada!?

Que mundo é este em que vivemos, que permite que isto aconteça, que cria condições para que isto aconteça, que cria estes monstros que nem a animais se assemelham?

É um produto social do mais nefasto e perigoso que existe, mas que anda impunemente à solta e ataca quando menos se espera.

Quando, por mero acaso, são surpreendidos por alguma patrulha da polícia, tentam evadir-se, alguns disparam contra os agentes e os que são apanhados, raramente cumprem pena, porque são considerados «excluídos» pelo nosso sistema político constitucional.

E com o estatuto privilegiado de «excluído» têm toda a legitimidade para roubar, agredir e até matar. O pacote de meios de defesa colocados à sua disposição, nem de perto nem de longe se assemelha ao da vítima.

Na China, um acto destes podia levar à pena de morte do agressor, porque considerado de extrema gravidade.
Nos EUA, dava prisão por alguns anos e, se repetido, prisão perpétua.

Interrogamo-nos porque em Portugal e na maior parte dos países da União Europeia, é considerado um crime menor, sem importância.

Interrogamo-nos porque Portugal se transformou numa coutada de caça para criminosos, onde um sistema político e judicial permissivos, está a constituir um excelente atractivo para toda a espécie de criminalidade, desde a «pequena» como a descrita aqui, até à «altamente profissionalizada» utilizando meios militares.

Que país é este que permite que a sua população esteja sujeita a ser caçada como lebre em coutada privada, que permite todo este sofrimento, humilhação, espoliação e desespero dos seus cidadãos?

Para onde caminhamos? O que se pretende com este sistema? Porque estivemos sossegados durante tantos anos e nas últimas décadas nos caiu a desgraça em cima?

São perguntas legítimas a que muita gente se interroga e não encontra resposta.

Mas a resposta a estas questões é relativamente simples, na minha perspectiva.

De facto, do sistema político-constitucional saído da revolução socialista de 1974, derivou um sistema judicial extremamente permissivo, com penas suaves quando aplicadas e com todos os meios de defesa colocados à disposição dos criminosos.

Por outro lado, a utopia ideológica da chamada esquerda política, acentuou e agravou ainda mais o enviesamento político-constitucional, criando a falsa figura do «excluído social», cujo estatuto tudo permite fazer em nome da correcção de pseudo-desigualdades.

Depois, com a queda do colonialismo e a instauração do «complexo de culpa» resultante de 500 anos de regime colonial, parte dos quais em escravatura, abertura total das fronteiras aos refugiados das guerras civis africanas dos PALOP’s resultantes da descolonização «exemplar», ou seja da entrega de bandeja, sem ponderar as consequências, das antigas colónias aos povos autóctones.
A instalação desses refugiados, de origem africana e europeia, em Portugal criou enormes problemas de integração, pois o país não tinha capacidade de absorção de tanta gente.

O problema ainda hoje está longe de ser resolvido, tendo originado muitos «guetos» na periferia das grandes cidades, donde sai grande parte da criminalidade de que estamos a ser vítimas.
Alguém referiu, da esquerda política, que estamos a pagar as consequências de 500 anos colonialismo e portanto não nos podemos queixar!

A figura que fez tal afirmação, parece desconhecer que a geração actual de portugueses, não foi a responsável pelo colonialismo e portanto nada lhe pode ser imputado. Se há culpas ou erros esses são do passado e do contexto das épocas.

Por esta mesma razão também não podemos culpar Roma e a actual geração de italianos, pelo regime esclavagista do império romano, de que muitos povos europeus foram vítimas. Era o contexto da época. Felizmente que tudo evoluiu para melhor...!

Continuando, da instauração do «complexo de culpa» foram inventados, também pela esquerda política, os grandes chavões do século: o «racismo e a xenofobia», que vieram, por via da sua condenação institucional, impedir qualquer reacção aos desmandos das chamadas «minorias étnicas», os tais excluídos.

Estes três ingredientes, «complexo de culpa», «racismo» e «xenofobia», criaram a mistura explosiva que tem originado fenómenos como o ocorrido no vídeo aqui descrito e toda a espécie de criminalidade a que estamos a assistir.

Fenómenos como o do chamado «Arrastão» ocorrido na praia de Carcavelos, de que todos nos recordamos pelas piores razões, é apenas um exemplo de um produto social destas políticas.

Qualquer reacção de defesa, até da polícia, pode ser considerada atitude racista ou xenófoba e como tal punida com prisão, como está no Código Penal Português.

A agravar esta situação a criação da União Europeia, e a abertura das fronteiras no chamado espaço Schengen, permitindo a entrada e quase livre circulação de imigrantes vindos de todos os cantos do mundo. Muitos deles ilegais e com cadastro criminal.

Finalmente, a política sancionatória do sistema judicial que, perante o quadro quase apocalíptico atrás descrito, teima em tentar combater os efeitos sem cuidar das causas. Ou seja, em vez de se actuar na prevenção e dissuasão, agravando as penas, deixa-se estar tudo como está, ou seja no caos e tenta-se combater os efeitos com a lei das armas e com o aumento de polícias.

Nada mais errado.

Na verdade, a «lei das armas» vai ter um efeito praticamente nulo em relação à aquisição de armas pelos criminosos, a quem ataca, pois que, é do mais elementar conhecimento que os criminosos não compram armas nos armeiros legalizados, elas são obtidas à margem da lei, no tráfico internacional.

Mas, já o mesmo não se pode dizer em relação a quem precisa de arma para se defender. A lei das armas veio dificultar muito a aquisição de uma arma a quem se pretende defender, expondo ainda mais a população, aos ataques de toda a espécie de bandidos e criminosos.

Para combater a criminalidade o poder instituído, avança com o aumento de polícias e mais elementos da GNR, ou seja continua a tentar combater os efeitos, sem cuidar das causas!

Tal como numa doença, se não combatermos as causas, nunca teremos a sua cura, quando muito uma ligeira atenuação dos seus efeitos. É o que estamos a fazer.

Por isso a criminalidade não vai parar nunca mais, por mais policias e guardas que se ponham na rua, antes pelo contrário, terá tendência a agravar-se cada vez mais. O criminoso não só conhece os meios policiais, sabe que a população está indefesa e muito simplesmente aproveita as fragilidades do sistema.

Por isso, Portugal vai continuar a ser uma excelente coutada de caça!

Sem comentários:

Enviar um comentário