sexta-feira, 16 de abril de 2010

REPÚBLICA MONÁRQUICA

Parece um contrasenso, mas em Portugal não é.
Vem este tema a propósito dos 3,1 milhões de euros que o Sr. Mexia ganhou de remunerações na EDP, na qualidade de gestor, só no último ano.
Qualquer coisa como 8.500 euros por dia.

Uma soma que tem tanto de astronómica como de imoral e escandalosa, num país onde quase metade da população é pobre ou vive no limiar da pobreza e que ainda por cima, vive em regime «socialista», ou seja, que devia pugnar pela correcção das desigualdades!

Mas, é mesmo assim!
É característico dos regimes socialistas, com grande intervenção do Estado nas chamadas empresas públicas, as tais que, por explorarem sectores básicos da economia é vedada ou muito restrita a intervenção de investidores privados.

É o caso da electricidade, dos transportes ferroviários, aéreos e alguns rodoviários, metropolitano, correios, energias e matérias-primas básicas etc.
Uma espécie de «lei do condicionamento industrial» socialista.

Estas empresas públicas, com participação do Estado, operam praticamente sem concorrência e se a existe, como disse, é muito limitada e muitas vezes funcionam em cartel (entendimento disfarçado nas estratégias comerciais, designadamente na fixação de preços).

Como não há praticamente concorrência, o mercado que é enorme, nalguns casos toda a população do país que tem de consumir obrigatoriamente os seus produtos ou serviços, é fácil atingir objectivos, fazer uns cálculos simples e fixá-los, porque o mercado somos todos nós que todos os meses pagamos as respectivas facturas, sem termos alternativas de fornecimento.

Se não gostarmos da electricidade fornecida pela EDP, porque o preço é alto, a quem podemos recorrer?
Não temos alternativa, só a EDP fornece electricidade, por isso temos de nos sujeitar às suas condições.

A empresa pública enquanto tal, não seria um mal em si mesmo, se cumprisse os seus objectivos sociais, ou seja vender a preços mínimos os seus produtos, compatíveis com os seus custos operacionais.

Ora, em muitos casos não é isto que acontece e devido à politica de preços altos seguida pelos gestores e a receitas extraordinárias, estas empresas geram lucros fabulosos e por isso os seus gestores distribuem por si próprios os altos excedentes financeiros gerados, sem qualquer contemplação pela miséria daqueles, que pagam, sem alternativa, com grande dificuldade, a facturação destes colossos,

Por isso, quando da forma mais hipócrita, se vem justificar o pagamento destes milhões em salários e alcavalas a estes gestores, com o argumento absolutamente falacioso e revoltante, de que foram remunerados desta forma milionária, porque atingiram os objectivos, é caso para perguntar quais objectivos?

Numa empresa pública, actuando nalguns casos, em regime de quase monopólio, que legitimidade existe para se falar em objectivos?

Porque só há verdadeiramente objectivos a atingir quando há concorrência, quando há luta, quando há esforço, inovação e competitividade, quando há empresas similares que vedem o mesmo produto e se esforçam por o vender nas melhores condições ao consumidor final.

Onde estão então os grandes objectivos atingidos pelos gestores destas empresas?

Mais uma vez tenta-se justificar o injustificável e o povo engole a pastilha envenenada vendida por esta oligarquia monárquica, porque de verdadeiros nobres se trata, com privilégios que nem os fidalgos, nem duques, nem condes, nem marqueses, tinham no tempo das monarquias absolutas.

Mas, é este fenómeno que há muito tempo se vem instalando em Portugal, que atinge hoje proporções de escândalo e vergonha nacionais, uma nova monarquia de fidalgos que se instalou na República, sob a égide de uma revolução e de um sistema socialistas.

Portugal está de facto a cair de podre! Até quando teremos de suportar esta infâmia e vergonha nacionais, ninguém sabe.

Mas, em última análise, a responsabilidade pelo que está a acontecer no nosso país, é de muitos de nós que, por interesses menores e egoístas e não querendo saber do país para nada, porque apenas olhamos para o nosso umbigo, usamos muito mal a arma do voto.

Por isso Portugal está assim! E, assim há-de continuar, perpetuando este sistema original de monarquia republicana, em que nada muda e nada acontece, a não ser o aumento do tesouro fabuloso acumulado pelos novos fidalgos da República.

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