terça-feira, 5 de outubro de 2010

OS NOBRES DA REPÚBLICA

Na passagem, hoje dia 5 de Outubro de 2010, do centenário da implantação da República, é tempo de profunda reflexão!

Reflexão sobre o que se ganhou e perdeu, sobre o que aprendemos e não aprendemos, sobre a nossa identidade cultural enquanto povo.

Fazendo um Balanço geral do que foram cem anos de sistema republicano, direi que o Balanço foi negativo.

Não há, portanto, grandes razões para comemorarmos a República!

Dezasseis anos de guerra civil, de tumultos, violência, assassinatos, instabilidade política e social, que conduziram à bancarrota do país em 1926.

Um regime anti-democrático, de partido único, intolerante, perseguidor de ideias, condenando por delito de opinião, mas muito eficiente na gestão da coisa pública.
Treze anos de guerras coloniais.
Tudo isto durante quarenta e oito anos, de 1926 a 1974.
Foi o resultado da má experiência democrática da primeira república e da constatação de que não sabemos viver em democracia.

Trinta e seis anos de novo em regime democrático, mas de fachada, limitado apenas a partidos da esquerda política, os únicos autorizados a governar o país, por imposição de uma Constituição de paradigma socialista, saída da revolução de 1974.
Dito de outra forma, trinta e seis anos de regime socialista, caracterizado por violência, uma descolonização catastrófica, golpes palacianos, calculismo político, eleitoralismo, intolerância, compadrio, corrupção, incompetência, esbanjamento do erário público, uma espécie de ditadura democrática socialista, resultante de um Voto popular clubista, inconsciente, subsidiado ou representando interesses inconfessáveis e que conduziu o país em 2010, a NOVA BANCARROTA, a condições extremas de desigualdade social, à miséria de milhões de portugueses e à condição humilhante, de país mais atrasado da Europa.


Conclui-se, portanto que, em cem anos de regime republicano, não temos razões para comemorar coisa nenhuma, a não ser a festa apenas servir para distrair e adormecer ainda mais este pobre povo ou para exibir os COCHES DE LUXO dos novos NOBRES DA REPÚBLICA.

Mas, para mal de todos nós, foi sempre assim. Também o foi durante a Monarquia Absoluta e durante a Monarquia Constitucional, basta ler a História.

O MAL está em nós!

O mal não está na natureza do regime e por isso tanto faz ser monárquico como republicano.

Há monarquias constitucionais por toda a Europa e que são países prósperos e desenvolvidos, porque têm governos competentes que sabem governar e acima de tudo têm UM POVO CONSCIENTE, RESPONSÁVEL, QUE SABE DISTINGUIR QUANDO UM GOVERNO GOVERNA BEM OU MAL E NÃO HESITA EM PENALIZÁ-LO QUANDO ELE GOVERNA MAL!

Em Portugal não é assim.

Em Portugal temos um povo, esse que determina o resultado das eleições , que orienta o sentido do seu voto, não em função da competência dos governos, mas em função dos subsídios e regalias sociais que o partido do poder lhe oferece.
Portanto, em Portugal os eleitores vão atrás do «canto das sereias», dos «violinos no telhado», das guloseimas oferecidas, das «papas e bolos com que se enganam os tolos».


Mas em Portugal existe uma outra faceta paradigmática, de outra parte do eleitorado. É a que pura e simplesmente NÃO VOTA, aquela que se está nas tintas para tudo isto e que representa quase metade do universo de eleitores, fazendo com a sua atitude deplorável, deturpar e falsear os resultados das eleições.

Estes dois conjuntos de eleitores são, juntamente com os políticos por eles eleitos, os GRANDES RESPONSÁVEIS PELA SITUAÇÃO DE CALAMIDADE SOCIAL, POLÍTICA, ECONÓMICA E FINANCEIRA EM QUE PORTUGAL SE ENCONTRA.

O mal está, portanto em nós!

Não foram a Monarquia nem a República que determinaram o destino fatalista deste povo. Foi a sua IRRESPONSABILIDADE, INCONSCIÊNCIA, ATITUDE PATERNALISTA E OPORTUNISMO.

Porque isto é verdade, a História demonstra-o em inúmeros exemplos, que faço esta afirmação contra mim próprio, porque também faço parte deste povo.
Mas eu faço parte daqueles que, felizmente, sabem distinguir o «trigo do joio» e como eu muitos concidadãos deste país, e que, sem culpa formada e sem nada podermos fazer, estamos a sofrer na pele as consequências da irresponsabilidade de alguns.

Se conjugarmos os factos atrás descritos, à cultura de esquerda prevalecente no país, em antítese de uma cultura predominantemente democrática e de uma consciência nacional, consequência directa de uma Constituição Socialista e de uma formação sindical, política e educativa das massas trabalhadoras e jovens, nessa cultura, para além do edifício legislativo decorrente da Constituição, bloquear todo o sistema económico, impedindo o seu desenvolvimento natural e a sustentabilidade de um Estado Social credível. encontramos aqui também uma grande razão para o fracasso desta Terceira República.

É verdade que nem tudo foi mau. O Balanço foi negativo, mas nem tudo foi mau.
Em termos relativos, há cem anos estávamos pior. Mal parceria se, em cem anos não tivéssemos evoluído nada.

Mas também em termos relativos e em comparação com os nossos parceiros europeus, somos os piores, os que menos se desenvolveram.

E ainda em termos relativos e tendo em conta a evolução do custo de vida desde há cem anos e o facto da nossa economia estar integrada na zona euro, ganha-se mais em valor absoluto, mas perdeu-se poder de compra, as classes médias empobreceram, as desigualdades sociais agravaram-se, o sistema económico está estagnado há mais de duas décadas e o Estado Social, de cariz eleitoralista, construído e assente em pés de barro, está prestes a demoronar-se como um castelo de cartas!

Em contrapartida, este sistema dito socialista, por mero oportunismo de alguns, pela incompetência dos políticos da esfera do poder e do voto irresponsável de certo eleitorado, fez surgir uma nova classe de novos ricos, ligada ao Estado, ao sector público dependente do Estado, a grandes empresas privadas ligadas ao Estado e aos chicos-espertos e chicas-espertas que operam na economia marginal e fogem às suas obrigações, VERDADEIRA NOBREZA DA REPÚBLICA, acumulando dinheiro e mais dinheiro, suor e miséria de milhões de portugueses!

É este, infelizmente e para mal de todos nós, o Balanço desta Terceira República Abrilista!

Sem comentários:

Enviar um comentário