sábado, 12 de março de 2011

GRANDIOSA MANIFESTAÇÃO: ISTO ESTÁ A BATER NO FUNDO


Com toda a franqueza não esperava uma manifestação espontânea (sem ser convocada por partidos ou sindicatos) com a dimensão da que se realizou hoje.

Foram quase trezentas mil pessoas só em Lisboa!
Mas foi extensiva a todo o país!

Foi a prova incontestável de que a insatisfação é geral,
mas também a prova de que os portugueses são capazes de se mobilizar, de responder à chamada, de fazer ouvir a sua voz, em suma, de afirmarem a sua indignação pelo que está a acontecer ao seu país.

Não foram apenas os novos, a «geração à rasca», mas foram também idosos e de meia idade, as pessoas que se manifestaram, porque todos estão a sofrer na pele as consequências do imobilismo e da incompetência do poder instituído.

Chamou-me a atenção uma frase, proferida por uma senhora, que expressava grande indignação:

- Isto está a bater no fundo, é preciso parar…!

É verdade, isto está mesmo a bater no fundo e é preciso parar. É preciso mudar!

Mas, já devia ter parado há muito tempo, já devia ter parado o imobilismo, a incompetência e a incapacidade de fazer as reformas estruturais, que tinham impedido que chegássemos a esta situação de verdadeira emergência nacional.

Mas, é bom que se diga, a culpa também foi nossa, mais concretamente do eleitorado que, teimosamente, inconscientemente, durante décadas de regime democrático, colocou no poder os responsáveis pela situação de calamidade nacional em que o país se encontra e a maioria da sua população.

Mas, parte da culpa também tem de ser atribuída ao eleitorado abstencionista que, negando-se sistematicamente a cumprir as suas obrigações cívicas, também contribuiu para colocar no poder os responsáveis por esta situação.

Todos esperamos que os portugueses, de uma vez por todas, compreendam três coisas:

1ª - Que é importante votar
. O voto é a grande arma que pode fazer mudar as coisas. A abstenção pode ser muito prejudicial a uma democracia.

2ª - Que é preciso votar em consciência, responsavelmente, e saber distinguir quando um governo governa mal e quando governa bem. E quando governa mal, tem de ser penalizado quanto antes, antes que males piores possam acontecer.

3ª - Que é preciso abandonar o clubismo partidário ( o partido que julgamos defender os nossos interesses de classe) pois, quando governa mal, não está a defender os nossos interesses, mas outros que nos são alheios.
Os partidos não são clubes de futebol. Temos de mudar de clube, quando for necessário, é assim em democracia. Só assim podemos mudar o rumo do país.

Que a dolorosa lição seja, finalmente, aprendida.

Acordámos demasiado tarde. Foi pena não nos termos apercebido do abismo para onde caminhávamos e para onde nos estavam a empurrar.

A recuperação do país vai levar, seguramente, mais de uma década, com muitos sacrifícios e privações
para a grande maioria de nós, pois a minoria que beneficiou com a situação, essa vai continuar a «vender lenços para enxugar as lágrimas aqueles que estão a chorar amargamente…»

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