sábado, 26 de março de 2011

O HOMEM CAIU

Não foi de nenhuma cadeira, como aconteceu a um dos seus predecessores do antigo regime, mas caiu.
Caiu por força das circunstâncias, circunstâncias menores é certo, quando comparadas com a bancarrota em que o seu governo deixa o país.

Por esta última razão maior, o homem nunca se demitiria. Seria a vanguarda da salvação da Pátria, aquele que salvaria o país da catástrofe, catástrofe que, não sendo responsabilidade sua nem do seu governo, mas sim da oposição ou de incertos, incluindo a crise internacional, nunca lhe poderia ser imputada.

O seu governo não teve culpa de nada!

Por isso e porque o seu governo não tem mácula nem nódoa que se lhe possa apontar, não se iludam os seus adversários, o homem vai novamente candidatar-se a novo veredicto popular e, sabe-se lá, até pode voltar a ganhar as eleições.

Tudo é possível neste insólito país, neste país das surpresas, neste país do masoquismo que, quanto mais pancada leva, mais gosta de quem lhe bate.

Mas, aqueles que levam pancada e continuam a levar, sendo uma boa maioria da população, ignoram provavelmente, ou talvez não, que alguns e já são muitos, em vez de levarem pancada, são tratados como príncipes e vivem na mais escandalosa opulência.

É o reverso da medalha deste original regime socialista.

É o socialismo dos contrastes, para que uns quantos possam ser muito ricos, a grande maioria tem ser pobre, senão as coisas ficariam desequilibradas.

A situação de grave emergência nacional em que o país se encontra, exigiria, no mais curto espaço de tempo, a formação de um governo de iniciativa presidencial, reunindo as grandes competências e capacidades deste país, que as há certamente, sei que as há.

Mas não! A indecisão e inépcia presidenciais, vai dar prioridade à vontade dos partidos para que estes se submetam a novas eleições e daí se clarificar a situação política, perdendo-se assim, mais dois preciosos meses sem nada se poder fazer, degradando ainda mais um situação, já de si, extremamente degradada.

É típico e característico este comportamento em Portugal. A extrema morosidade para se tomar qualquer decisão mesmo, espante-se, numa situação de calamidade e de grave emergência nacionais.

Porquê?

Porque em Portugal acima de tudo, mandam os «papéis escritos», os documentos sagrados sem os quais nada se pode fazer. Tem de se cumprir à risca o que está escrito nos «papéis sagrados», mesmo que estejamos todos a morrer de fome.

Imagine-se que procedíamos assim, num barco a afundar-se, situação semelhante à que nos encontramos.
Morreríamos todos, certamente, afogados.

As situações de grave emergência nacional não se compadecem com burocracias, nem com clarificações politicas, tem de se agir rapidamente e depressa.

Vamos perder dois preciosos meses, sem poder agir, dois preciosos meses, numa campanha eleitoral que, tudo aponta nesse sentido, vai ser marcada por um rol de ataques, insultos, tumultos, manifestações, um lavar de roupa suja à nossa maneira, que vai ser motivo de divertido espectáculo para os espectadores da arena internacional, dando uma imagem degradante do nosso país.

Os dois acérrimos gladiadores, com as tensões acumuladas, com as ameaças veladas que já começaram a emitir, prometem dar um espectáculo só comparável ao dos tempos do PREC, de má memória, mas cuja segunda edição pode estar muito brevemente à nossa disposição.

Vai-se perder este precioso tempo, neste espectáculo, para cumprimento dos sagrados papéis, e no fim podemos ter uma grande surpresa e apanharmos todos um grande balde de água fria.

O homem que agora aparentemente caiu, pode emergir e tomar novamente o poder e aí, preparem-se os portugueses para o que virá a seguir.

O homem prometeu salvar a Pátria de um dia para o outro, de uma degradação de décadas, por culpa dos outros, já pelo homem, demonisados: oxalá consiga fazer esse milagre se ganhar as eleições e, se o conseguir, ficará conhecido na história como tendo realizado o milagre de S. José Bento.

Não creio, porém, que isto possa acontecer, pois o descontentamento e a indignação são gerais de norte a sul do país.

Mas, mesmo que outro governo, de cariz mais musculado e de base alargada emerja, a contestação nas ruas e não só, vai ser de tal ordem, pela esquerda protegida pela Constituição socialista, que terá muita dificuldade em governar.

E, como já previ há muito tempo, as soluções para salvar o país acabarão por ser impostas de fora, por intervenção do FMI e da União Europeia.

Mas, é mais do que certo, a recuperação do país, vai levar mais de uma década, com grandes privações para todos nós, pois até agora, temos estado a lidar apenas com a ponta do icebergue.

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