sábado, 12 de novembro de 2011

OS GRANDES ERROS DA REVOLUÇÃO DE 1974 - PARTE IV

Perante o descalabro do reinado guterrista, ascende ao poder em 2002, o social-democrata Durão Barroso.
É vaiado na Assembleia da República pelas forças de esquerda. Foi insultado e só não foi agredido, porque a polícia estava presente. Ministros do seu governo foram insultados e conotados com o consumo de droga no Casal Ventoso, em Lisboa.
Uma vergonha, que mais parecia um areópago dum país do terceiro mundo.
Foi a época do «Cherne» (alcunha por que era conhecido Durão Barroso e que foi motivo de chacota na Assembleia da República) da Tanga e do Choque Fiscal.
Barroso queixava-se da herança despesista de Guterres e dizia que o país estava de tanga. E estava mesmo. A dívida pública estava perto  dos 60% do PIB, a dívida total do país (pública e privada) atingia já nesta altura níveis preocupantes (150% do PIB) e a despesa corrente do Estado representava  valores perto dos 50% da riqueza nacional.
O crescimento da economia desacelerou no final do mandato de Cavaco e agravou-se substancialmente durante o período guterrista, de tal forma que, após seis anos de governo socialista, a taxa de variação negativa do PIB se situava em 1,7%.
Barroso quis aplicar a Portugal a receita da Irlanda que, ao optar pela redução acentuada da carga fiscal (choque fiscal)  conheceu um surto de desenvolvimento sem precedentes.
Barroso herdou, de facto, de Guterres, uma economia revelando indícios de desequilíbrios macroeconómicos graves, com diminuição da competitividade das empresas, factores produtivos (capital e trabalho) pouco eficientes e com baixas produtividades, erros na política de apoio às empresas (prioridade aos grandes grupos económicos de bens não transaccionáveis, não sujeitos à concorrência), política de grandes investimentos públicos de baixa rendibilidade (auto-estradas, SCUT´s, pontes, estádios de futebol), agravado com os sobrecustos das empreitadas.

Predomina a política eleitoralista, com visão de curto prazo.

 O seu programa era ambicioso, cujas linhas gerais podemos sintetizar:

*        A RECEITA DO MODELO IRLANDÊS

*        O CHOQUE FISCAL

*        O SANEAMENTO DAS FINANÇAS PÚBLICAS

*        A REFORMA ESTRUTURAL DO ESTADO  E DO SECTOR EMPRESARIAL DO ESTADO

*        A QUALIFICAÇÃO DOS PORTUGUESES

*        O ROMPIMENTO COM O PASSADO, A CREDIBILIZAÇÃO DA CLASSE POLITICA

*        A OPOSIÇÃO ACIRRADA NO PARLAMENTO E A INTERRUPÇÃO DA LEGISLATURA


De facto, pouco o deixaram fazer e, a meio do mandato, sendo convidado para chefiar a Comissão Europeia, nem pensou duas vezes. Acaba o mandato em 2004 e desparece do país. Mais dois anos de impasse,  com as necessárias reformas estruturais adiadas.
Sucede-lhe Santana Lopes, sem eleições. Foi um governo efémero que durou poucos meses e caracterizou-se pela extravagância, pela pseudo inovação utópica e pela disputa de cargos.

O impasse e a disputa pelos cargos públicos e lugares no governo, levaram Jorge Sampaio, Presidente da República, a demiti-lo, assim como a dissolver a Assembleia da República, abrindo caminho a eleições gerais que se realizaram em 2005.

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