sábado, 5 de novembro de 2011

OS GRANDES ERROS DA REVOLUÇÃO DE 1974 - PARTE III

A partir de 1985 e até 1995, Cavaco Silva ascende ao poder como 1º Ministro. É o período chamado do «Cavaquismo».

Portugal entra na CEE e começa a ser apoiado em fundos de coesão, para recuperarmos o atraso económico e social que nos separava dos outros países.

A gestão destes fundos, no geral, foi um desastre. Mal aproveitados, mal geridos e muitos  desviados para fins obscuros. Portugal viveu na ilusão de uma riqueza que não tinha capacidade para produzir.

Começa o processo de reprivatização de empresas que tinham sido nacionalizadas pela Revolução, em face dos enormes prejuízos que estavam a ocasionar ao erário público.

Começa o processo de destruição da agricultura e das pescas, por força dos acordos ruinosos que foram negociados com a EU.

Com o cavaquismo começa a expansão da dimensão do Estado, as regalias para os funcionários públicos e as promoções automáticas, que fizeram disparar a despesa pública.

Foi a época do betão e do alcatrão. Muito  dinheiro, uma boa parte  vindo da UE, foi gasto aqui.

Os desequilíbrios orçamentais foram parcialmente corrigidos, deu-se o relançamento da economia e o seu crescimento em parâmetros aceitáveis.

Criou-se riqueza, embora muita aparente.

Este período, embora ainda com instabilidade provocada pelas forças de esquerda que tentavam dificultar a tarefa de Cavaco, foi marcado no geral pela positiva.

A frase que Cavaco repetia sistematicamente, na época, «deixem-me trabalhar» retrata bem a luta acirrada que a esquerda portuguesa, intolerante, anti-democrática e julgando-se detentora da verdade absoluta, lhe moveu.

Foi o período da Revolução que correu melhor, porque o governo, com maioria absoluta,  se afastou dos paradigmas revolucionários e fez o trabalho que tinha de ser feito e o país cresceu.

A afirmação do Estado Social conhece neste período um dinamismo substancial, embora o financiamento para o sustentar já desse sinais de alguma fragilidade, mau grado o crescimento aceitável da economia, em boa parte sustentada com os fundos comunitários que começaram a afluir a Portugal.

Com a «Questão da Ponte sobre o Tejo» (protestos pelos aumentos das portagens e a sua repressão violenta) a «Questão dos Feriados» que Cavaco Silva queria acabar, cai o governo e ascende ao poder o socialista António Guterres.

Guterres que, sendo engenheiro, titubeava a fazer contas, sendo «bem falante», encantou o eleitorado socialista e Prometendo o Paraíso, onde até as «bengalas dos velhos seriam de chocolate», teriam férias subsidiadas pelo Estado e os pastores teriam telemóveis de graça, para avisar dos incêndios, chegou desta forma ao poder.

Aproveitando o estado de graça e a riqueza criada por Cavaco, entra numa espiral despesista sem precedentes.

Combate o desemprego, admitindo funcionários públicos aos milhares. O ciclo dos «boys e das girls», dos tachos e das mordomias é no reinado de Guterres, substancialmente ampliado.

O «Monstro» criado por Cavaco toma forma ameaçadora e começa a metamorfose para o «Fantasma» que nos havia de ensombrar até aos nossos dias. O esquizofrénico despesismo e o crescimento desmesurado do Estado, Autarquias e Satélites empresariais do Estado.




Este período, conhecido como do «BOOM-BUST», em traços gerais, pode caracterizar-se por:

*        A entrada no euro e a ideia do paraíso
*        O falso-riquismo e o endividamento
*        Baixas taxas de juro (artificiais; o chamado «síndroma português»)
*        Política económica: prioridade à expansão de bens não transaccionáveis das grandes empresas; falta de concorrência e de competitividade)
*        Rigidez do mercado de trabalho
*        Ausência de reformas estruturais
*        O «fantasma» do crescimento descontrolado da despesa pública (tentativa de controlo do défice resultante por aumento da carga fiscal)
*      Início da subida vertiginosa da dívida pública

Não chegando  a terminar o segundo mandato, e apercebendo-se do «Pântano» que aí vinha, abandona o país e refugia-se no tacho internacional dos «Refugiados».
Esta  época também conhecida como do «Guterrismo»,  marca o princípio do fim da tragédia da terceira República e  pode considerar-se  o sétimo erro da revolução e mais uma oportunidade perdida.

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