A partir de 1985 e até 1995, Cavaco Silva ascende ao poder como 1º Ministro. É o período chamado do «Cavaquismo».
Portugal entra na CEE e começa a ser apoiado em fundos de coesão, para recuperarmos o atraso económico e social que nos separava dos outros países.
A gestão destes fundos, no geral, foi um desastre. Mal aproveitados, mal geridos e muitos desviados para fins obscuros. Portugal viveu na ilusão de uma riqueza que não tinha capacidade para produzir.
Começa o processo de reprivatização de empresas que tinham sido nacionalizadas pela Revolução, em face dos enormes prejuízos que estavam a ocasionar ao erário público.
Começa o processo de destruição da agricultura e das pescas, por força dos acordos ruinosos que foram negociados com a EU.
Com o cavaquismo começa a expansão da dimensão do Estado, as regalias para os funcionários públicos e as promoções automáticas, que fizeram disparar a despesa pública.
Foi a época do betão e do alcatrão. Muito dinheiro, uma boa parte vindo da UE, foi gasto aqui.
Os desequilíbrios orçamentais foram parcialmente corrigidos, deu-se o relançamento da economia e o seu crescimento em parâmetros aceitáveis.
Criou-se riqueza, embora muita aparente.
Este período, embora ainda com instabilidade provocada pelas forças de esquerda que tentavam dificultar a tarefa de Cavaco, foi marcado no geral pela positiva.
A frase que Cavaco repetia sistematicamente, na época, «deixem-me trabalhar» retrata bem a luta acirrada que a esquerda portuguesa, intolerante, anti-democrática e julgando-se detentora da verdade absoluta, lhe moveu.
Foi o período da Revolução que correu melhor, porque o governo, com maioria absoluta, se afastou dos paradigmas revolucionários e fez o trabalho que tinha de ser feito e o país cresceu.
A afirmação do Estado Social conhece neste período um dinamismo substancial, embora o financiamento para o sustentar já desse sinais de alguma fragilidade, mau grado o crescimento aceitável da economia, em boa parte sustentada com os fundos comunitários que começaram a afluir a Portugal.
Com a «Questão da Ponte sobre o Tejo» (protestos pelos aumentos das portagens e a sua repressão violenta) a «Questão dos Feriados» que Cavaco Silva queria acabar, cai o governo e ascende ao poder o socialista António Guterres.
Guterres que, sendo engenheiro, titubeava a fazer contas, sendo «bem falante», encantou o eleitorado socialista e Prometendo o Paraíso, onde até as «bengalas dos velhos seriam de chocolate», teriam férias subsidiadas pelo Estado e os pastores teriam telemóveis de graça, para avisar dos incêndios, chegou desta forma ao poder.
Aproveitando o estado de graça e a riqueza criada por Cavaco, entra numa espiral despesista sem precedentes.
Combate o desemprego, admitindo funcionários públicos aos milhares. O ciclo dos «boys e das girls», dos tachos e das mordomias é no reinado de Guterres, substancialmente ampliado.
O «Monstro» criado por Cavaco toma forma ameaçadora e começa a metamorfose para o «Fantasma» que nos havia de ensombrar até aos nossos dias. O esquizofrénico despesismo e o crescimento desmesurado do Estado, Autarquias e Satélites empresariais do Estado.
Esta época também conhecida como do «Guterrismo», marca o princípio do fim da tragédia da terceira República e pode considerar-se o sétimo erro da revolução e mais uma oportunidade perdida.Este período, conhecido como do «BOOM-BUST», em traços gerais, pode caracterizar-se por:
* A entrada no euro e a ideia do paraíso
* O falso-riquismo e o endividamento
* Baixas taxas de juro (artificiais; o chamado «síndroma português»)
* Política económica: prioridade à expansão de bens não transaccionáveis das grandes empresas; falta de concorrência e de competitividade)
* Rigidez do mercado de trabalho
* Ausência de reformas estruturais
* O «fantasma» do crescimento descontrolado da despesa pública (tentativa de controlo do défice resultante por aumento da carga fiscal)
* Início da subida vertiginosa da dívida pública
Não chegando a terminar o segundo mandato, e apercebendo-se do «Pântano» que aí vinha, abandona o país e refugia-se no tacho internacional dos «Refugiados».
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