Ao invés de outros países, o
sistema institucional português que, basicamente, é o que resulta da
Constituição de 1976 e pequenas alterações posteriores, não permite a
transversalidade na aplicação das políticas.
Transversalidade
significa flexibilidade, pluralidade de ideias, liberdade de aplicação das
políticas pelos diferentes governos, conforme as necessidades do país.
Mas, o
défice de transversalidade não resulta apenas do enquadramento institucional,
sem dúvida o factor mais limitativo, mas também no radicalismo ideológico em
que se barricou a sociedade portuguesa.
E da
intolerância em relação às opiniões dos outros e à tentativa de imposição das
suas verdades, tidas como absolutas.
A verdade é
que, não há verdades absolutas.
Mas, esse défice de
transversalidade, de flexibilidade e de pluralismo, resulta ainda de uma imposição
da chamada esquerda portuguesa que, escudando-se numa Constituição fechada e
claramente formatada à sua medida, logo redutora e inflexível, impede o
pluralismo de ideias e o livre exercício da democracia e da aplicação das
políticas.
Por outras
palavras, a esquerda portuguesa, desde a radical e totalitária, à dita
moderada, impõe o seu estilo de governação a todo o sistema político e combate,
ferozmente, todos aqueles que se lhe oponham, empossada de todo o poder que a
Constituição lhe confere.
É óbvio que, num quadro
institucional com estas características e com uma democracia de fachada e ainda
assim, apenas limitada à esquerda, impede a formação de consensos nacionais
para salvar o país, por mais que o Presidente da República se esforce para que
os seus apelos sejam ouvidos.
A própria esquerda moderada, liderada
pelo partido socialista afirma, claramente, ser impossível qualquer acordo ou
consenso com a chamada direita portuguesa, mesmo que situada ao centro, desta
faixa do espectro político.
Ou seja, a
direita do centro democrático, é completamente banida do sistema político português,
independentemente dos seus protagonistas, como se prova, pela experiência de
quarenta anos da III República.
E, quando é
chamada ao poder para, nas emergências nacionais resultantes do descalabro das
governações da esquerda socialista moderada, será apenas por tempo limitado, apenas
o necessário para arrumar a casa, determinado pelos infractores responsáveis,
que sempre mandaram no país e sempre o arruinaram, com graves consequências
para a população.
Em quarenta anos de democracia,
que tanta esperança devolveu aos portugueses em Abril de 1974, o sistema
político sempre funcionou assim.
Mas, a questão de fundo, que
sempre é ignorada e menosprezada, porque ofuscados, quase cegos, pelas
ideologias, é que um país não pode mais continuar assim.
Quarenta anos de experiência
democrática republicana já nos demonstraram à exaustão, que o sistema e o
modelo portugueses, estão errados, desadaptados da realidade e histórica e estatisticamente
comprovados, os seus péssimos resultados.
A questão de
fundo é que, para um país crescer, desenvolver-se e garantir um bom nível de
bem-estar social à sua população, a transversalidade institucional e do sistema
político, é condição fundamental e essencial.
Garantir a
transversalidade, é garantir que se criem CONDIÇÕES
PRÉVIAS DE CRIAÇÃO DE RIQUEZA,
com políticas adequadas dirigidas ao sistema económico e às empresas (políticas
ditas, incoerentemente de direita, nesta linguagem simplista a que estamos
habituados) e, só à posteriori, depois de avaliados os resultados em termos de
crescimento do Produto Nacional, se porem em prática as políticas DESENVOLVIMENTISTAS E SOCIAIS (ditas, também, do meu ponto de
vista, incoerentemente, de esquerda).
Por isso, salvo poucas excepções,
o sistema português, de governações sistemáticas sempre à esquerda, impedindo e
não aplicando a transversalidade, sem recursos suficientes previamente
disponíveis, preferindo o endividamento, isto é, violando o princípio anterior
e a ordem de aplicação das políticas, tem conduzido ao subdesenvolvimento ou estagnação
do país e ao empobrecimento geral da maioria da população, por via do
endividamento, da ausência de políticas de crescimento com visão de longo prazo
e das sistemáticas bancarrotas daí decorrentes.
E é dramático que, perante uma
situação destas, em que está seriamente ameaçado o nosso futuro colectivo, uma grande parte da população portuguesa, não
devemos inibir-nos de o dizer, por questões ideológicas, porque não revela conhecer, não se interessa
ou não se informa, o que verdadeiramente está a acontecer ao país.
Prefere seguir, cegamente, por militância ou simples simpatia,
a palavra, quantas vezes falsa, do seu ídolo partidário.
E, ainda mais grave, repudia sistematicamente,
qualquer alternativa que possa mudar o rumo do país, prefere continuar a
acreditar nos seus carrascos.
Essa parte da população, que
exerce o direito de voto, é a que, na prática, decide o resultado de umas
eleições e condiciona todo o nosso futuro colectivo.
O cativeiro em que nos encontramos,
é mais que óbvio!