sábado, 11 de outubro de 2014

A TRANSVERSALIDADE POLÍTICO-IDEOLÓGICA

 
 
 
 
Ao invés de outros países, o sistema institucional português que, basicamente, é o que resulta da Constituição de 1976 e pequenas alterações posteriores, não permite a transversalidade na aplicação das políticas.
 
Transversalidade significa flexibilidade, pluralidade de ideias, liberdade de aplicação das políticas pelos diferentes governos, conforme as necessidades do país.
Mas, o défice de transversalidade não resulta apenas do enquadramento institucional, sem dúvida o factor mais limitativo, mas também no radicalismo ideológico em que se barricou a sociedade portuguesa.
 
E da intolerância em relação às opiniões dos outros e à tentativa de imposição das suas verdades, tidas como absolutas.
A verdade é que, não há verdades absolutas.
 
Mas, esse défice de transversalidade, de flexibilidade e de pluralismo, resulta ainda de uma imposição da chamada esquerda portuguesa que, escudando-se numa Constituição fechada e claramente formatada à sua medida, logo redutora e inflexível, impede o pluralismo de ideias e o livre exercício da democracia e da aplicação das políticas.
 
Por outras palavras, a esquerda portuguesa, desde a radical e totalitária, à dita moderada, impõe o seu estilo de governação a todo o sistema político e combate, ferozmente, todos aqueles que se lhe oponham, empossada de todo o poder que a Constituição lhe confere.
 
É óbvio que, num quadro institucional com estas características e com uma democracia de fachada e ainda assim, apenas limitada à esquerda, impede a formação de consensos nacionais para salvar o país, por mais que o Presidente da República se esforce para que os seus apelos sejam ouvidos.
A própria esquerda moderada, liderada pelo partido socialista afirma, claramente, ser impossível qualquer acordo ou consenso com a chamada direita portuguesa, mesmo que situada ao centro, desta faixa do espectro político.
 
Ou seja, a direita do centro democrático, é completamente banida do sistema político português, independentemente dos seus protagonistas, como se prova, pela experiência de quarenta anos da III República.
E, quando é chamada ao poder para, nas emergências nacionais resultantes do descalabro das governações da esquerda socialista moderada, será apenas por tempo limitado, apenas o necessário para arrumar a casa, determinado pelos infractores responsáveis, que sempre mandaram no país e sempre o arruinaram, com graves consequências para a população.
 
Em quarenta anos de democracia, que tanta esperança devolveu aos portugueses em Abril de 1974, o sistema político sempre funcionou assim.
Mas, a questão de fundo, que sempre é ignorada e menosprezada, porque ofuscados, quase cegos, pelas ideologias, é que um país não pode mais continuar assim.
Quarenta anos de experiência democrática republicana já nos demonstraram à exaustão, que o sistema e o modelo portugueses, estão errados, desadaptados da realidade e histórica e estatisticamente comprovados, os seus péssimos resultados.
 
A questão de fundo é que, para um país crescer, desenvolver-se e garantir um bom nível de bem-estar social à sua população, a transversalidade institucional e do sistema político, é condição fundamental e essencial.
 
Garantir a transversalidade, é garantir que se criem CONDIÇÕES PRÉVIAS DE CRIAÇÃO DE RIQUEZA, com políticas adequadas dirigidas ao sistema económico e às empresas (políticas ditas, incoerentemente de direita, nesta linguagem simplista a que estamos habituados) e, só à posteriori, depois de avaliados os resultados em termos de crescimento do Produto Nacional, se porem em prática as políticas DESENVOLVIMENTISTAS E SOCIAIS (ditas, também, do meu ponto de vista, incoerentemente, de esquerda).
 
Por isso, salvo poucas excepções, o sistema português, de governações sistemáticas sempre à esquerda, impedindo e não aplicando a transversalidade, sem recursos suficientes previamente disponíveis, preferindo o endividamento, isto é, violando o princípio anterior e a ordem de aplicação das políticas, tem conduzido ao subdesenvolvimento ou estagnação do país e ao empobrecimento geral da maioria da população, por via do endividamento, da ausência de políticas de crescimento com visão de longo prazo e das sistemáticas bancarrotas daí decorrentes.
 
E é dramático que, perante uma situação destas, em que está seriamente ameaçado o nosso futuro colectivo,  uma grande parte da população portuguesa, não devemos inibir-nos de o dizer, por questões ideológicas,  porque não revela conhecer, não se interessa ou não se informa, o que verdadeiramente está a acontecer ao país.
 
Prefere seguir,  cegamente, por militância ou simples simpatia, a palavra, quantas vezes falsa, do seu ídolo partidário.
E, ainda mais grave, repudia sistematicamente, qualquer alternativa que possa mudar o rumo do país, prefere continuar a acreditar nos seus carrascos.
 
Essa parte da população, que exerce o direito de voto, é a que, na prática, decide o resultado de umas eleições e condiciona todo o nosso futuro colectivo.
 
O cativeiro em que nos encontramos, é mais que óbvio!

 
 
 
 
 
 
 

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