sábado, 29 de maio de 2010

A ESSÊNCIA DAS COISAS

Vem este tema a propósito da recente visita do Papa a Portugal.

Para além da grande recepção que teve, o que veio provar que afinal em Portugal ainda há Fé, nem tudo está perdido em matéria de espiritualidade e de crença em Algo que nos transcende.

Mas o que contou, acima de tudo, foi a mensagem que o Papa nos quis deixar e que sempre os mais altos dignitários da Igreja Católica, não perdem a oportunidade de transmitir.

O Papa, numa mensagem muito simples, chamou a atenção para o perigo de se estar a tulelar os princípios básicos da Vida, nesta sociedade dita pós-moderna.

O que pretenderia o Papa dizer com estas palavras?

Uma coisa muito simples:
É que, há princípios que decorrem da Ordem Natural estabelecida no Planeta que habitamos, herdada de uma evolução de milhões ou mesmo de biliões de anos e que permitiu que existisse Vida neste Astro que habitamos, na forma que conhecemos.

E que, se tentarmos alterar por Decreto-Lei (Lei dos Homens) estes princípios básicos da Vida, corremos o risco de pôr em causa milhões ou biliões de anos de evolução, o equilíbrio natural da vida no Planeta.

È óbvio que o Papa, Entidade Máxima dentro da Igreja Católica, quis ir mais longe, tendo em conta a sua grande crença em Deus, ou seja, não se podem tutelar princípios instituídos por Deus, no nosso Planeta.

Independentemente das crenças de cada um de nós, há um facto irrefutável e indesmentível e que biólogos, antropólogos e arqueólogos demonstraram, ao estudar a evolução das espécies neste Planeta:
- É que a evolução das espécies conduziu a uma Ordem Natural, a um equilíbrio natural, que tem permitido a sobrevivência de todas as espécies animais ou vegetais.

Naturalmente que, toda a intervenção do Homem que ponha em causa esta Ordem Natural, atenta contra os princípios básicos da vida, instituída no Planeta e por isso não é lícita.

Nesta perspectiva não é lícito legalizar o aborto voluntário, porque atenta contra a vida, não é lícito legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, porque atenta contra a vida, no sentido em que impede a reprodução natural da espécie humana, pervertendo a Ordem Natural, não é lícito legalizar a adopção de crianças por pessoas do mesmo sexo, porque atenta igualmente contra a ordem natural de os filhos de humanos e de praticamente todas as espécies animais, terem como referência um pai e uma mãe, ou no caso da adopção de crianças, um homem e uma mulher, etc.

Seriam estes os factos em que o Papa certamente estaria a pensar, quando afirmou que « não podemos tutelar os princípios básicos da vida humana».

Mas, é também um facto, que o ser humano é o único das espécies animais, que tem capacidade para perverter a Ordem Natural, segundo os seus interesses egoístas ou para abrir espaço a tendências sociais e a modos de vida e de sociedade, ditos pós-modernos, que podem conter em si próprios graves perversões da Ordem Natural, pondo em risco todos os equilíbrios naturais, herdados de biliões de anos de evolução.

Um famoso psiquiatra afirmou há uns anos, fruto da sua experiência a lidar com a mente humana, que «quanto mais conheço o Homem, mais me convenço de que é o pior ser da criação...»


Esta afirmação de alguém que conhece melhor do que ninguém, a complexidade da mente humana, revela bem o poder da nossa inteligência para alterar, segundo as suas conveniências praticamente tudo o que entender, para o bem e para o mal da humanidade, inclusive a essência e os fundamentos básicos da Ordem Natural, a única que permitiu todos os equilíbrios da vida neste Planeta até à época actual.

E também é um facto que, quando perverte o equilíbrio e a Ordem Natural, o Homem consegue sempre arranjar uma justificação, um argumento ardiloso para justificar a perversão, sendo a partir daí tal perversão, considerada lícita e até tutelada pelo poder político.

Há países, como a Holanda, paradigmático em matéria de perversão dos equilíbrios naturais, em que, basta que seja observado com alguma permanência , um determinado comportamento fora dos padrões normais, por uma determinada minoria social, para que seja razão suficiente de tutela pelo poder político, ou seja, para que esse comportamento tenha cobertura legal..

No meu entender é uma via perigosa, que pode conduzir a graves desequilíbrios sociais, mas, mais grave ainda, é igualar por via legislativa, esses comportamentos socialmente minoritários, aos comportamentos da esmagadora maioria da sociedade.

Estes factos, que estamos a observar nesta sociedade dita pós-moderna, e com o argumento de que as sociedades evoluem, não só pervertem a Ordem Natural resultante da evolução, como pervertem igualmente a essência e o fundamento das coisas, que o mesmo é dizer que coisas diferentes têm de ser tratadas de forma diferente.

E coisas diferentes têm fundamentos, objectivos e finalidades diferentes, portanto têm de ser tuteladas (legalizadas) por estatutos jurídicos diferentes.

Ainda poderia acrescentar uma terceira perversão, que se refere à ignorância, pura e simples, da regra democrática básica, ou seja, o comportamento de uma minoria nunca se poderia sobrepor ao de uma maioria e muito menos considerá-lo igual ao dessa maioria.
Nesta sociedade pós-moderna tudo é possível e nada surpreende.

O Papa teve razão naquilo que disse e no apelo que fez.
Mas os governantes fazem orelhas moucas daquilo que o Papa diz, e as sociedades vão continuar a degradar-se até que graves desequilíbrios ocorram.

Quando, ninguém sabe...!

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