No ano passado, no dia 25 de Abril, nas comemorações oficiais da revolução de 1974, alguém teve a coragem de sair da rotina e desafiar os donos da revolução, presentes e omnipresentes, como sempre.
Esse alguém chama-se Teresa Caeiro, personalidade destacada da chamada direita portuguesa.
Discurso ousado, desafiador, denunciador! Parabéns Teresa, mais uma vez. É assim mesmo!
Há dias, no mesmo dia 25 de Abril e como sempre, a cerimónia repetiu-se.
O mesmo cenário, os cravos vermelhos na lapela dos donos e mentores da revolução e daqueles que se apropriaram dela para seu exclusivo proveito, como se a revolução e o seu símbolo, o cravo vermelho, fosse sua propriedade exclusiva.
Alguém, também com coragem e ainda mais ousado, proferiu um discurso que teve tanto de contundente como de sarcástico. Mas extremamente realista! O diagnóstico do país é mesmo aquele.
Provocou espanto, incómodo e indignação nos mesmos senhores de sempre!
Esse alguém chama-se José Pedro Aguiar Branco. Parabéns José Pedro! É assim mesmo!É preciso ter coragem para denunciar, para enfrentar, para afrontar.
Discurso excelente, sem dúvida e sem dúvidas. Foi bonito e gratificante ouvi-lo para quem não se conforma com a situação! Obrigado José Pedro pela tua coragem!
Dias depois, alguém da mesma esfera política, o recém eleito Presidente do PSD, também de nome Pedro, afirma, sem papas na língua, aquilo que os portugueses esclarecidos e atentos à situação do país já sabiam:
- Portugal tem andado a dormir e tem sido calaceiro!
Nada mais verdadeiro. Só é pena este jovem social-democrata ter aparecido agora, já devia ter sido eleito, como muitos sugeriram, da primeira vez, antes das eleições legislativas.
Talvez tivesse ganho as eleições e hoje, a arrogância tivesse dado lugar ao bom senso.
Teríamos provavelmente sido bafejados com a lufada de ar fresco de que tanto Portugal precisa.
Mas não. Os barões do PSD não deixaram. Perdeu-se tempo. E o país não se pode dar ao luxo de perder tempo. Os mesmos, desta longa noite a que nos têm obrigado, voltaram a ser eleitos. Perdeu-se tempo e continuamos a perder tempo, com «balelas» e «inutilidades». Continuamos prisioneiros dentro de um túnel sem saída.
Mas, a esperança renasce para todos nós com o aparecimento deste jovem na vida política.
As suas propostas são sensatas, realistas e fazem todo o sentido. O diagnóstico está correcto, como era de esperar de um economista.
Mas, Pedro Passos Coelho que não se iluda.
Se o paradigma constitucional não for alterado, de nada servem as suas propostas e, se ganhar as eleições, não conseguirá governar.
Tudo será declarado inconstitucional. Haverá perda de tempo irremediável e aí poderá ser tarde demais. O país afundar-se-á irremediavelmente, no mar da ideologia utópica que, como disse um dia Barroso, não dá de comer a ninguém!
Será caso para perguntar se é preciso deixar afundar o país para se alterar a Constituição.
Tudo indica que sim, pois o espectro político resultante do voto popular subsidiado e dos que pura e simplesmente não votam e que já são quase metade, não consentirá essa alteração.
Mas, se o país se afundar, os subsidiados vão ter uma grande surpresa. São os primeiros a ver os subsídios cortados ou, no mínimo, substancialmente reduzidos!
Os cortes nos subsídios irão ser tantos que amaldiçoarão o dia em que acreditaram neste sistema, rogarão pragas, cobras e lagartos, mas o tiro sair-lhes-á inevitavelmente pela culatra, e aí será tarde demais, para eles e para todos nós.
Se ao menos aprenderem a lição já se ganhará alguma coisa.Mas será certamente uma lição que custará muito caro ao país!
É preciso perceber que, nós só estaremos bem se o pais estiver bem e que, antes de olharmos primeiro para o nosso umbigo, devemos olhar antes de tudo para o país e saber usar a arma do voto racional e conscientemente.
É isto que, infelizmente e para mal de todos nós, não acontece em Portugal.
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