domingo, 15 de abril de 2012

A FORMA E O CONTEÚDO


Costuma dizer-se que «Mais vale sê-lo do que parecê-lo».

Na nossa vida quotidiana, muitas vezes parecemos aquilo que não somos e também somos aquilo que não parecemos.

Vem isto a propósito daquilo que observamos, daquilo que lemos, daquilo que ouvimos e do modo como formamos a nossa opinião e tomamos decisões.

A subtileza, com que se comunica, em qualquer das suas formas, escrita, oral, gestual, codificada, tem muita influência na forma como o receptor interpreta a mensagem.
Em qualquer processo de comunicação há sempre um emissor, um canal de comunicação e um receptor.
O emissor, quem comunica a mensagem, pode, ele próprio, usar de subtileza, hipocrisia e no limite a própria mentira e o canal (o meio de comunicação), também ele próprio, deturpar a mensagem.

Quando isto acontece, dizemos que existe ruído na comunicação.
E o ruído (a alteração, muitas vezes propositada) do verdadeiro sentido da mensagem, faz com que o receptor (o destinatário) a interprete de modo completamente diverso do seu sentido original, influenciando deste modo, a sua maneira de pensar.

Um exemplo típico de ruído extremamente perverso, é o que acontece quando uma mentira, repetida muitas vezes faz com que os destinatários a considerem como uma verdade. Ou um boato, posto a circular, pelos meios mais diversos, faça com que milhares e milhares de pessoas, acreditem nele.
Podia citar aqui vários casos concretos, que se passaram em Portugal e que convenceram muita gente.
Lembro-me, há uns anos, do meteorito que tinha caído numa praia, algures no norte do país.
A encenação foi perfeita, desde a filmagem da queda, à cratera deixada na praia, à simulação da cor queimada do objecto vindo do espaço, até ao isolamento do local pelas autoridades!

Na política, principalmente, quem dominar os meios de comunicação e usar da máxima subtileza e poder oratório, domina multidões e dessa forma formata a nossa maneira de pensar, influenciando as nossas decisões.

A isto chama-se marketing político.

Contrariamente ao marketing comercial que, perante uma concorrência e competição cada vez maiores, num determinado mercado de produtos ou serviços, procura acrescentar vantagem competitiva às empresas e valor real ao cliente final, o marketing político é, quase sempre, perverso e visa, muitas vezes, influenciar o cliente final (o cidadão eleitor) oferecendo-lhe um «valor» falso que, embrulhado numa atraente embalagem lindamente enfeitada, convence facilmente milhares (milhões) de incautos.

Nem seria preciso reafirmar que estes factos, têm sido uma constante em Portugal, desde sempre,  e é característico de todas as democracias desenhadas neste formato imperfeito, tal como as conhecemos.

Paralelamente à capacidade que devemos ter de distinguir o trigo do joio, aquilo que é verdadeiro daquilo que é falso, também devemos adquirir a capacidade de distinguir entre a embalagem e o enfeite de um presente ( a sua atraente aparência) e o seu conteúdo (o que está lá dentro).

E, antes de tomar uma decisão ou formar uma opinião, devemos, antes de tudo, abrir o presente e observar o seu conteúdo. Ver e analisar, de todos os ângulos.

E, perante o que está a acontecer por este país fora, em que os tradicionais arautos da desgraça, começam a emergir e a ressuscitar dos mortos, apregoando as mesmas falsidades de sempre e a mesma táctica demagógica de sempre, temos (devemos), mais do que nunca estar atentos.

Porque, não queremos, nunca mais, que a tragédia que, já pela terceira vez, nos bateu à porta, se volte a repetir, pela mão desses já sobejamente conhecidos arautos, temos (devemos), mais do que nunca, estar em «posição de guarda».

Nesta democracia imperfeita, de fachada e camuflada e por isso enganadora, nós portugueses, temos de adquirir rapidamente esta capacidade de avaliação e análise, entre o que é falso e o que é verdadeiro, entre a  forma exterior daquilo que observamos e nos vendem e o seu conteúdo (a verdadeira razão das coisas).

E aqui chegamos ao ponto fulcral desta reflexão.

A tentativa de ressuscitar a figura de José Sócrates,  actualmente em marcha, pelos tais profetas da desgraça, mais não visa do que branquear a figura de um dos principais (não o único)  responsáveis da situação trágica que o país está viver,  pela relevância do cargo que desempenhou nos últimos seis anos de governação cor de rosa, do país.

E, o que é preocupante, neste momento, é constatar que muitos de nós portugueses, estamos novamente a acreditar que o Partido Socialista é o grande salvador da Pátria e que estes, os que agora estão no governo, a quem Sócrates passou a «batata quente» e depois fugiu para Paris, onde leva uma vida regalada e de luxo, são agora os grandes responsáveis e os bodes expiatórios de todas as desgraças.

O bluff funcionou em pleno. E foi duplo. Como sempre!

Os que destruiram a Pátria, nunca serão capazes de a reconstruir. Isto também é dos livros e da história. Aprendamos a lição!

Já é tempo de a aprendermos!

Já é tempo de termos adquirido a capacidade de distinguir o que são causas e o que são efeitos.

Já é tempo de entendermos que são as causas que provocam os efeitos, são as causas anteriores que provocam as consequências e que as causas são anteriores aos efeitos.

Se as causas forem boas, os efeitos serão bons. Se as causas forem más, as consequências serão más.

É preciso perceber que este governo, recebeu do governo anterior ( o de José Sócrates) uma situação económica, financeira, social e demográfica, da maior gravidade, que não ocorria em Portugal desde há mais de  século e meio.

Por isso as consequências, os efeitos,  estão a ser gravíssimos.

Mas,  não foi este governo que as ocasionou. Parece-me claro.

Este governo herdou a situação e foi obrigado a cumprir uma severo programa de austeridade.

Este programa não pode ser confundido com as causas. Este programa (dito da troika) visa atacar os efeitos, as consequências de governações anteriores irresponsáveis e desastrosas, que podem ter sido agradáveis e beneficiado muita gente, mas que arruinaram o país.

Podemos questionar se podia ter sido executado de forma mais suave ou se havia alternativas. Mas fomos obrigados a cumpri-lo. Porque se não o aceitássemos, o dinheiro acabava-se em Portugal e as consequências ainda seriam piores.

Nós portugueses, temos de ter a capacidade de, nesta situação de grave emergência nacional, pôr de lado, as nossas convicções ideológicas e de nos unirmos em prol da recuperação do país. Todos os contributos, todas as ideias são úteis e bem-vindas.

Não podemos continuar desunidos. A união faz a força.

Olhemos para os exemplos da Irlanda e da Islândia.
A Grécia não é um bom exemplo, porque os abusos de governações anteriores (socialistas) foram longe demais.

E, nesta hora difícil para todos nós, não deixa de ser preocupante, parte da população portuguesa continuar radicalizada em torno do partido socialista, que sistematicamente nos nem tem atirado para a desgraça.

Radicalizada como se um partido político fosse um clube de futebol! Nada mais perigoso!




Uma coisa é certa:

Se não tivermos a coragem de mudar, continuaremos eternamente numa estagnação crónica ou entrar definitivamente numa espiral de pobreza, que comprometerá irremediavelmente o nosso futuro colectivo e inviabilizará Portugal como país.

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