O Tribunal
Constitucional chumbou o corte nas pensões dos aposentados da Caixa Geral de
Aposentações.
Fez o seu
trabalho, nada a objectar. Os fundamentos estão na Constituição.
Mas, todas
as medidas de austeridade, todas as medidas que, num prazo diminuto de três
anos o país foi forçado a aplicar, para ajustar um desajustado e desastrado
modelo de desenvolvimento, bem ou mal, por agora pouco importa, foram
consequências, foram efeitos de causas muito profundas, de que o país não soube
cuidar.
E o país não soube cuidar, não
por culpa do Povo, mas pelos representantes por ele eleitos que, lavando as
mãos uns atrás dos outros, não assumiram a responsabilidade pelo mal que
fizeram a este Povo e a este país.
Há sempre
uma desculpa, ninguém assume.
Aqueles que, numa primeira linha
de responsabilidades deviam ser responsabilizados e condenados pelos péssimos
serviços que prestaram ao país e pela ruina a que votaram este Povo, esses, são
os primeiros a descartar-se, a descontrair-se e entrar no cortejo, como dizia
Confúcio.
Não é nada com eles. Para eles
nada aconteceu. Quem vier a seguir que feche a porta e o assunto está
resolvido.
As pensões têm de ser cortadas,
os salários diminuídos, os impostos têm de aumentar, toda uma série
interminável de penalizações sobre dez milhões de almas que nada tiveram a ver
com o assunto e apenas confiaram os destinos do país nas mãos de energúmenos,
que outro nome não têm.
O país
faliu, não há dinheiro, dizem vozes insuspeitas, e por isso a austeridade e o
castigo do Povo são uma inevitabilidade, à bruta, a eito, cegamente, sem se cuidar
das consequências para vidas formadas em expectativas, que os próprios
carrascos do Povo lhe criou. Não há dinheiro, é verdade. Mas, porque razão não há dinheiro? Alguém pergunta? Muito poucos.
O afirmar-se
que não há dinheiro não pode justificar tudo. Temos de nos interrogar, qual a razão, porque um país, com os recursos
de que dispõe, mais do que suficientes para gerar muito dinheiro, foi à
falência, o dinheiro desapareceu e continua a desaparecer.
É preciso
que uma auditoria às contas do país, ao défice do país, à dívida do país, em
quarenta anos de democracia, apure responsabilidades e sejam identificados os mentores
do descalabro, internos e externos.
Não basta
dizer que não há dinheiro, dar o facto como consumado e vir depois pedir,
exigir a dez milhões de pessoas que entrem com o dinheiro que falta, destruindo
vidas, e causando graves estragos ao sistema económico e social do país, quando
se sabe que grande parte desse dinheiro, está sair do país para pagar os custos
astronómicos de uma dívida, que os políticos contraíram sem aval do país, para
satisfazerem os seus devaneios.
Bastava que
os encargos, os juros da dívida pública portuguesa fossem reduzidos a metade,
para que muitos cortes em pensões e salários e aumento de impostos fossem
evitada e ainda haveria alguma margem para estimular as funções sociais do
Estado.
O que o Tribunal
Constitucional devia ter feito, além de chumbar o corte nas pensões, era ter
incluído no Acórdão, a identificação da responsabilidade civil e criminal para
quem geriu tão mal o Estado e o país, que ocasionou a ruptura dos fundos de
pensões para os quais os cidadãos agora penalizados descontaram, quebrando a
confiança no Estado e seus agentes.
A guilhotina da História não pode
cair sempre sobre a cabeça dos mesmos, é preciso inverter o sentido da lâmina e
que os responsáveis de outrora, agora armados em carrascos do Povo, também
ponham a cabeça no cepo e assumam as suas responsabilidades.
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