Do blogue «QUINTUS»
« A implantação de uma
verdadeira e plena Democracia Direta será difícil. Implicará grandes alterações
legislativas e constitucionais e colocara em causa o poder monopolista dos
partidocratas que hoje ocupam todos os escalões de poder e que – de facto – fazem
as Leis. Qualquer “revolução directa” tem que ser assim feita a partir de
dentro do sistema, ou através de representantes bem intencionados dos atuais
partidos políticos ou criando novos partidos políticos que – sós ou coligados –
obtenham votações expressivas que lhes permitam negociar com os partidos
convencionais alterações legislativas e constitucionais que introduzam ou
reforcem formas de democracia directa ou participativa.»
SODEPAR - SOBRE O CONCEITO DE DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
Como já explicitado em artigos
anteriores, o objectivo deste meu contributo é definir um novo conceito de
democracia social, que possa constituir uma evolução, um novo patamar de
sociedade, que substitua os conceitos passados de socialismo e
social-democracia.
Embora as sociedades
humanas e os grupos sociais, funcionem melhor em lideranças autocráticas e os
estudos sobre a matéria demonstram exactamente isso, mas demonstram também que funcionam
pior em lideranças democráticas, tudo dependendo da competência e qualidade do
líder e do tipo de democracia adoptado.
Na liderança
autocrática, o líder impõe as regras e o grupo executa as tarefas de acordo com
o pensamento do líder. Há pouca interacção com os participantes.
Este estilo,
pressupõe a escolha de um líder experiente, competente e eficaz e que garanta o
bem comum da sociedade, pressupostos que raramente se verificam.
Na liderança
democrática, o líder interage com os participantes, leva em conta as suas
opiniões e decide em conjunto com estes. Mas, tal como como no estilo
autocrático, também aqui a experiência e competência do líder são importantes
para a eficácia do grupo, mas corre-se o risco das suas qualidades enquanto
líder, se diluírem com as opiniões dos participantes e, em casos extremos, como
acontece muitas vezes em Portugal, predominar a opinião dos participantes,
especialmente se estes tiverem muito poder.
O conceito
de democracia participativa pretende ser um modelo equilibrado que, sem se cair
na situação em que os participantes decidem em exclusivo, sendo o líder mera
figura emblemática, embora possa ser competente, mas que, potenciando as
qualidades e competência do líder, não exclui a influência dos participantes na
tomada de decisões.
O modelo tem
de garantir a eficiência e a eficácia das decisões, o bem comum colectivo, potenciando
e não diluindo as capacidades da liderança mas, devido à natureza volátil do
comportamento humano, tendendo a satisfazer os seus interesses individuais, em
prioridade, tem de ser dotado de inúmeros mecanismos de controlo, a todos os
níveis.
O modelo de Democracia Social
Participativa pretende, assim, garantir:
- A eficácia das decisões e o bem
comum colectivo
- A evolução para um novo
conceito de democracia que, não excluindo a participação dos cidadãos, a todos
os níveis, desde as decisões políticas, até às decisões económicas, sociais e
culturais, seja efectivamente eficaz e não utópica.
- A exclusão dos modelos utópicos
de democracia directa pura, em que os políticos são excluídos, mas basear-se
numa democracia representativa partilhada entre políticos e independentes, eleitos
directamente por sufrágio, que representem a população e em que os poderes se
encontrem equilibrados em duas Câmaras Parlamentares.
- A institucionalização e
incentivação, de formas especiais de democracia directa (assuntos de cariz
nacional ou fracturantes da sociedade e, em geral que não devem ser decididos
apenas pelos políticos) não apenas ao nível central, mas especialmente a nível regional
e local;
- Flexibilidade constitucional,
que permita que a sociedade possa funcionar segundo um padrão flexível de liderança,
mas viabilizando e incentivando o crescimento e desenvolvimento, única forma da
sociedade atingir elevados níveis de bem estar social.
- Cada cidadão, decida o seu
projecto de vida, sem constrangimentos estatais ou outros, ou seja, permitindo
e incentivando a sua integração e envolvimento social e económico, a sua
educação, formação e acesso à cultura.
- A recuperação dos valores
nacionais e a identificação de todos os cidadãos com estes valores, forma de
recuperar a identidade colectiva que nos faz pertencer a uma Nação, valores que
se devem sobrepor aos da globalização social, económica e cultural.
- A instituição de níveis de
controlo e monitorização do sistema, embora sem bloqueios injustificados. Seria
ideal que estes mecanismos funcionassem apenas como instrumentos dissuasores.
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