Os lóbis,
todos sabemos, são grupos de pressão e de influência na sociedade, aliás em
todas as sociedades, que representam, quase sempre, interesses a proteger ou a
beneficiar.
Interesse
ligados ao grande poder económico e financeiro, mas também de interesses
ligados a muitas corporações influentes na sociedade.
Actuam junto
do poder político e corporativo, procurando influenciar decisões que os possam
beneficiar ou, pelo menos, proteger.
Traficam
influências a vários níveis e muitos infiltram-se nas maçonarias, muito
frequentadas por políticos, aproveitando o secretismo destas organizações,
local ideal para o tráfico e para firmar negócio.
Muitas evidências já temos tido,
apesar do secretismo desta actividade subterrânea.
Evidências vindas até do anterior
Ministro da Economia deste Governo, Álvaro Santos Pereira que, já de saída, num
desabafo e pretendendo de certo modo justificar os grandes condicionalismos à
sua liberdade de actuação, afirmou, peremptoriamente, que, logo no primeiro dia
de entrada em funções no Ministério, já tinha uma série de Lóbis à porta.
Campo fértil
para tráfico de influências e da instituição da alta corrupção em Portugal e em
muitos outros países.
As
sociedades funcionam assim.
Esta é apenas
uma faceta da capacidade de influência do grande poder económico, corporativo e financeiro.
Muitas decisões que afectam a
população negativamente, resultam da influência destes lóbis que, preservando
os seus interesses ou beneficiando por decisões ao nível do poder político,
prejudicam toda a população, sob diversas formas: aumento de impostos, taxas,
contribuições e aumento dos preços da facturação por parte destas empresas monopolistas ou cartelizadas, que
fornecem bens ou serviços a todo o país.
Apesar dos inúmeros reguladores,
observatórios, associações, institutos e outras entidades públicas criadas,
supostamente para defender as populações da saga devoradora e arbitrária destes
poderosos lóbis, de nada serviu, nada funcionou. A sua influência e capacidade corruptiva
falam mais alto e a permeabilidade humana, tão característica do Homem, não
resiste.
Álvaro Santos Pereira talvez
tivesse resistido e em conjunto com a sua manifesta incompetência como Ministro
da Economia, acabou por soçobrar e foi afastado.
Este sistema
está disseminado por todo o país, a todos os níveis, desde o poder central até
ao poder local.
Ao nível do
Estado e do poder legislativo, na Assembleia da República, as leis são muitas
vezes, por um lado, formatadas propositadamente complicadas e de dúbia
interpretação, para que possam dificultar a vida à população, e deste modo
abrir caminho à corrupção e, por outro lado, para favorecer os tais lóbis, que
impõem implacavelmente as suas regras.
Contrariamente ao que sucedeu nos
outros países europeus que, experimentaram processos pacíficos de transição
para democracias, Portugal passou, nesse processo, por um golpe de Estado,
seguido por uma revolução com várias tendências ideológicas antagónicas entre
si.
Triunfando a corrente comunista
da ditadura do proletariado, esta encetou um processos de destruição das principais
infra-estruturas económicas do país, ao invés de manter e depois aperfeiçoar as
existentes.
Mau grado o contragolpe de 1975 da
linha mais moderada, a dita socialista democrática, a destruição manteve-se e o
país limitou-se a partir para um regime democrático, num situação de enorme
fragilidade.
Nunca mais recuperou o atraso.
A linha
socialista moderada, que podemos
identificar como a do regime instituído em 1975, e seguida pelo actual partido
socialista, co-participada de quando em vez pela linha social democrata,
degradou e arruinou completamente o país, que chegou ao estado em que hoje se
encontra.
A degradação
das instituições e dos protagonistas políticos, foi de tal ordem que abriu
caminho ao domínio do país por uma poderosa oligarquia com três vertentes bem articuladas
entre si: a vertente da grande concentração económica, a vertente política dos dirigentes
e a vertente estatal, com poder discricionário.
É nesta articulação entre estes
três poderes que se movimentam os lóbis, os grupos de interesses, as maçonarias
onde se congeminam coisas tenebrosas, impondo as suas regras implacáveis ao
povo português.
Povo complemente refém de um
sistema maquiavélico, muito difícil de reformar, por um conjunto de constrangimentos
institucionais e pela teia de lianas construída pelo triunvirato oligárquico
que tomou conta do país.
Mas, Povo também refém da sua
incapacidade de união e de mobilização e das contradições do doutrinamento
revolucionário de Abril, impedindo-o de pensar em aldo de diferente que não
seja a da cassete ideológica da doutrinação e da dinamização cultural de Abril.
Povo, em suma, sofrendo na pele
as consequências da situação de cativeiro que lhe foi imposta e de que não se
consegue libertar e da pobreza generalizada daí resultante, mas que, com grande
gala e anunciada pelo governo, está a
contribuir para a melhoria da competitividade do país.
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