sexta-feira, 5 de setembro de 2014

LÓBIS À PORTA

 
Os lóbis, todos sabemos, são grupos de pressão e de influência na sociedade, aliás em todas as sociedades, que representam, quase sempre, interesses a proteger ou a beneficiar.
Interesse ligados ao grande poder económico e financeiro, mas também de interesses ligados a muitas corporações influentes na sociedade.
Actuam junto do poder político e corporativo, procurando influenciar decisões que os possam beneficiar ou, pelo menos, proteger.
Traficam influências a vários níveis e muitos infiltram-se nas maçonarias, muito frequentadas por políticos, aproveitando o secretismo destas organizações, local ideal para o tráfico e para firmar negócio.
 
Muitas evidências já temos tido, apesar do secretismo desta actividade subterrânea.
Evidências vindas até do anterior Ministro da Economia deste Governo, Álvaro Santos Pereira que, já de saída, num desabafo e pretendendo de certo modo justificar os grandes condicionalismos à sua liberdade de actuação, afirmou, peremptoriamente, que, logo no primeiro dia de entrada em funções no Ministério, já tinha uma série de Lóbis à porta.
 
Campo fértil para tráfico de influências e da instituição da alta corrupção em Portugal e em muitos outros países.
As sociedades funcionam assim.
Esta é apenas uma faceta da capacidade de influência do grande poder económico,  corporativo e financeiro.
Muitas decisões que afectam a população negativamente, resultam da influência destes lóbis que, preservando os seus interesses ou beneficiando por decisões ao nível do poder político, prejudicam toda a população, sob diversas formas: aumento de impostos, taxas, contribuições e aumento dos preços da facturação por parte destas  empresas monopolistas ou cartelizadas, que fornecem bens ou serviços a todo o país.
 
Apesar dos inúmeros reguladores, observatórios, associações, institutos e outras entidades públicas criadas, supostamente para defender as populações da saga devoradora e arbitrária destes poderosos lóbis, de nada serviu, nada funcionou. A sua influência e capacidade corruptiva falam mais alto e a permeabilidade humana, tão característica do Homem, não resiste.
Álvaro Santos Pereira talvez tivesse resistido e em conjunto com a sua manifesta incompetência como Ministro da Economia, acabou por soçobrar e foi afastado.
 
Este sistema está disseminado por todo o país, a todos os níveis, desde o poder central até ao poder local.
Ao nível do Estado e do poder legislativo, na Assembleia da República, as leis são muitas vezes, por um lado, formatadas propositadamente complicadas e de dúbia interpretação, para que possam dificultar a vida à população, e deste modo abrir caminho à corrupção e, por outro lado, para favorecer os tais lóbis, que impõem implacavelmente as suas regras.
Contrariamente ao que sucedeu nos outros países europeus que, experimentaram processos pacíficos de transição para democracias, Portugal passou, nesse processo, por um golpe de Estado, seguido por uma revolução com várias tendências ideológicas antagónicas entre si.
Triunfando a corrente comunista da ditadura do proletariado, esta encetou um processos de destruição das principais infra-estruturas económicas do país, ao invés de manter e depois aperfeiçoar as existentes.
Mau grado o contragolpe de 1975 da linha mais moderada, a dita socialista democrática, a destruição manteve-se e o país limitou-se a partir para um regime democrático, num situação de enorme fragilidade.
Nunca mais recuperou o atraso.
 
A linha socialista moderada,  que podemos identificar como a do regime instituído em 1975, e seguida pelo actual partido socialista, co-participada de quando em vez pela linha social democrata, degradou e arruinou completamente o país, que chegou ao estado em que hoje se encontra.
 
A degradação das instituições e dos protagonistas políticos, foi de tal ordem que abriu caminho ao domínio do país por uma poderosa oligarquia com três vertentes bem articuladas entre si: a vertente da grande concentração económica, a vertente política dos dirigentes e a vertente estatal, com poder discricionário.
 
É nesta articulação entre estes três poderes que se movimentam os lóbis, os grupos de interesses, as maçonarias onde se congeminam coisas tenebrosas, impondo as suas regras implacáveis ao povo português.
Povo complemente refém de um sistema maquiavélico, muito difícil de reformar, por um conjunto de constrangimentos institucionais e pela teia de lianas construída pelo triunvirato oligárquico que tomou conta do país.
Mas, Povo também refém da sua incapacidade de união e de mobilização e das contradições do doutrinamento revolucionário de Abril, impedindo-o de pensar em aldo de diferente que não seja a da cassete ideológica da doutrinação e da dinamização cultural de Abril.
 
Povo, em suma, sofrendo na pele as consequências da situação de cativeiro que lhe foi imposta e de que não se consegue libertar e da pobreza generalizada daí resultante, mas que, com grande gala e anunciada pelo governo,  está a contribuir para a melhoria da competitividade do país.

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