terça-feira, 5 de abril de 2011

NÃO INSISTA SR. PRIMEIRO-MINISTRO!

Por mais que se justifique, todo o país, de norte a sul, sabe perfeitamente que, o que nos aconteceu, não tem justificação, pelo menos da forma como o está a fazer, ao insistir na tese de que a culpa da tragédia que estamos a viver, é da oposição, de incertos, da crise internacional ou de um PEC 4 que não foi aprovado.


Sr. Primeiro Ministro, não insista com essa tese, porque já ninguém acredita, por mais brilhante e inflamado que seja o seu discurso.


Tenha a humildade de reconhecer que a situação a que chegámos resultou de um acumular de erros ao longo de décadas, por insistirmos em determinado modelo político, económico e social, que países que lograram o desenvolvimento, já abandonaram.


Tudo isto a que temos de adicionar uma acentuada dose de imobilismo, de falta de visão estratégica de longo prazo para o país e de não se terem efectuado, na altura apropriada, as grandes reformas estruturais, ao nível do Estado e da Administração Pública, do sector empresarial do Estado e de muitos outros aspectos da vida da sociedade em que se impunham essas reformas.


Era óbvio que tudo isto se iria agravar durante os seus governos, porque o mal já vinha de trás e não foram tomadas a tempo, medidas eficazes que poderiam ter obstado a que chegássemos a uma situação limite, de grave emergência nacional como a que estamos a viver.


Sr. Primeiro-Ministro tenha a humildade de seguir o exemplo de António Guterres, seu camarada de Partido que, ao aperceber-se do «pântano» que vinha a seguir, depois de também ter cometido erros, teve a humildade de reconhecer que não estava à altura das circunstâncias e decidiu sair.


Sr. Primeiro-Ministro siga o exemplo, agora bem recente, do seu homólogo espanhol, José Sapatero que, reconhecendo que perdeu o controlo da situação e apresentando evidente desgaste, já anunciou que não se vai candidatar nas próximas eleições, abrindo assim caminho a que outras ideias surjam, outras competências e outras capacidades surjam, dando a oportunidade a outros, mais frescos e não desgastados.


A situação que temos hoje, não se compara, nem de perto nem de longe com o «pântano» de António Guterres, mais uma razão para reconhecer que todos não somos demais, todas as capacidades e competências não são demais para dar o seu contributo numa situação de grande emergência nacional como esta.


Por isso só lhe ficava bem retirar-se e descansar que bem precisa e deixar que outros com ideias novas, mais frescos e determinados, possam abrir caminho às soluções que não foram planeadas, nem implementadas, durante décadas.


Não insista com as mesmas receitas que não funcionaram nem vão funcionar.


É preciso mudar de filosofia e de paradigma e ter a coragem, de forma pragmática de assumir essa mudança e pôr em marcha um plano estratégico de longo prazo para o desenvolvimento sustentado do país, que o mesmo é dizer criar as condições para a formação de um sistema económico sólido, que crie riqueza que se veja, base de tudo.


Sem sistema económico que crie riqueza, não há nada mesmo Sr. Primeiro-Ministro, nem Estado, nem emprego, nem sistema social.


É o empobrecimento do país, agravado com o endividamento. É um círculo vicioso que nunca mais pára e que se vai repercutir no futuro, criando sérias dificuldades às gerações vindouras.


Este processo de empobrecimento progressivo e diga-se, também do artificialismo de o país viver acima das suas possibilidades, já devia ter parado há muito tempo.


Por isso, não insista em continuar Sr. Primeiro-Ministro, era um grande favor que fazia ao país!

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