sábado, 23 de abril de 2011

A NOVA UNIÃO NACIONAL COR DE ROSA

Para quem, como eu, viveu sob o regime de Salazar, também conhecido como «Estado Novo», sabe do que estou a falar.

Para quem não viveu sob esse regime, devo esclarecer que a União Nacional dos tempos de Salazar, era o único partido autorizado em Portugal e que apoiava incondicionalmente o regime e por isso, os seus membros, gozavam de privilégios que mais ninguém auferia.

Os cidadãos eram chamados a participar, periodicamente, numas eleições (verdadeira farsa), em que só este partido concorria, porque mais nenhum podia participar.

Basta esta simples constatação para se concluir que vivíamos numa ditadura.

Agora, em regime democrático (falsa democracia, em que apenas concorre às eleições, cerca de metade do eleitorado, a outra metade está-se pura e simplesmente nas tintas), uma nova União Nacional está praticamente consolidada, em moldes muito semelhantes, à antiga União Nacional de Salazar.

De facto, estranhamos e cada vez mais que, nesta falsa democracia, apenas um partido ganha quase sempre as eleições.

Os outros é como se não existissem!



Não é de estranhar!

Daí a semelhança com a União Nacional de Salazar.


Por isso, para além do actual regime ser parcialmente representativo da vontade dos cidadãos, da cor desse partido único e de a antiga União Nacional nunca ter arruinado o país, as semelhanças entre as duas Uniões são assustadoramente óbvias:

- Quem nela se inscrever e participar, beneficia de grandes privilégios na sociedade (boas colocações e excelentes ordenados, no Estado e sector público estatal, em todos os órgãos directa ou indirectamente dependentes do Estado e nalgumas grandes empresas do sector privado).

Se os tachos não chegarem para todos, inventam-se mais e põe-se a plebe a pagar a conta.
Como se vê, é muito simples como o sistema funciona!

- Veneração e idolatração do líder (o querido líder), tal como antigamente.

- A máquina propagandística que parece ter sido tirada a papel químico da antiga organização de Salazar.

- Perseguição e censura a quem diga mal da nova União Nacional Cor de Rosa

Basta a primeira das semelhanças para não ficamos surpreendidos com a subida nas sondagens do partido que sistematicamente e após cada ciclo governativo, arruína completamente o país.

E com um bocado de jeito até pode voltar a ganhar as próximas eleições! Tudo aponta para isso. Se não ganhar, ficará certamente muito perto.

Esta nova União Nacional não quer saber de desgraças!

O importante é que os seus tachos e privilégios dourados estejam assegurados pelo seu líder espiritual. O resto que vá para o diabo.

O seu eleitorado sabe que o problema financeiro está a caminho da solução, vem aí dinheiro fresco, muito dinheiro.

O partido rosa se calhar já nem precisa da muleta dos partidos da direita. Com tanto dinheiro o problema resolver-se-á por si próprio, e tudo continuará como dantes, até à próxima visita do FMI.

Por isso Sócrates ri-se.

Ri-se de termos chegado até aqui e da vitória, quase certa, nas próximas eleições. Está feliz e exuberante com o seu trabalho e com o serviço que prestou ao país, com a preciosa ajuda, naturalmente, da sua querida União Nacional.


Vê-se pela alegria que, nos últimos dias tem exibido publicamente.

O seu eleitorado fiel, incondicional, zeloso e orgulhoso pelo seu líder, está sempre com ele, nas horas boas e principalmente nas más, como esta. Está também muito contente e radiante.

Vai de férias tranquilamente para os locais mais exóticos e recônditos deste mundo. Três vezes por ano!


Esgota hotéis. Dinheiro é coisa que não falta.

E as sondagens sobem, sobem… reflectindo essa alegria e esse entusiasmo.

E a campanha ainda nem sequer começou!

O Primeiro-Ministro demissionário ri-se da população portuguesa que sofre as agruras do dia a dia, que já não sabe o que fazer à vida, que já está a passar fome e, se não fosse a generosidade de muitos de nós, da Igreja, dos restaurantes e de organizações não governamentais, imagino o que seria destas pessoas.

Já nada me surpreende neste país dos paradoxos, das extremas desigualdades sociais a que este regime conduziu.

Já nada me surpreende, nem o perfil tipicamente terceiro-mundista do nosso país, nem a caminhada, a continuarmos assim, para a nossa albanização e chegarmos à condição de país marginal e mais pobre da Europa, que neste momento praticamente já somos.

Mas, de muita gente rica!


Ainda hoje, as notícias da venda de iates de luxo, diziam que a procura está a crescer cada vez mais.

Os tais iates que custam a módica quantia de quase dois milhões de euros, os mais baratos
, como bem frisou a entrevistada na reportagem passada nos canais de televisão, com toda a pompa e circunstância, como é seu apanágio quando se trata de coisinhas deste género.

Carteiras bem recheadas é coisa que não falta no nosso país!
Com um endividamento público e privado já na casa dos 150 mil milhões de euros, não é de admirar!


País pobre, de pessoas ricas!

Até quando?

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