A política portuguesa, mos últimos tempos, tem sido fértil em
episódios burlescos, folhetins e telenovelas, que nos têm entretido e ocupado o
tempo a dissecar tais fenómenos, de tão estranhos e insólitos.
Mas, o estranho e o insólito, já fazem parte do nosso quotidiano.
Porcos a voar e abelhas com põem ovos de galinha, já não nos
surpreendem!
É caso para dizer: que mais nos irá acontecer?!
Desde a comédia Relvas, passando pelo Estado da Nação e o duvidoso acórdão do Tribunal Constitucional, até ao
espírito revoltado de D. Januário, de tudo tem acontecido um pouco.
A nota comum de tudo isto, a pobreza cada vez mais pobre da
política e dos seus agentes, o apodrecimento das instituições, de uma justiça
que nada consegue provar, nem no Freeport, nem no Face Oculta, nem na Casa Pia,
nem no Caso Isaltino, só para citar os casos mais mediáticos.
E, quando as poucas provas aparecem, há sempre uma bruxa que as
faz transformar em fumo. E o fumo não prova nada. A não ser que há fogo...
Mas o próprio fogo também não prova nada, é apenas uma chama
rosa-alaranjada…
A política transformou-se num caldeirão de bruxaria, onde elas, as
bruxas, em que eu não acredito, mas que existem, cozinham as coisas mais tenebrosas
e sinistras.
E a nós, Povo Português, são servidas estas amargas e estranhas refeições,
pior do que sapos que nos obrigam a engolir, cozinhadas pelo diabo, em que eu
também não acredito, mas que elas, as bruxas invocam e acreditam, ao
exorcizarem os actos da sua feitiçaria.
A situação do país, degrada-se.
O prestígio do governo, degrada-se na mesma proporção, à medida
que o burlesco e o insólito, andando de mãos dadas, nos fazem rir e satirizar. Valha-nos isso!
Fala-se já em grande remodelação, antes das autárquicas. Fala-se
já em nomes sonantes, barões cor de laranja. Ortodoxos.
Tem de ser rápido, antes que mais desgraças nos
aconteçam.
Mas só vem provar a imaturidade do plantel inicialmente formado e a formação demasiado teórica de alguns ministros, que têm demonstrado uma grande dificuldade em lidar com situações reais, agravadas num contexto de crise.
Mas só vem provar a imaturidade do plantel inicialmente formado e a formação demasiado teórica de alguns ministros, que têm demonstrado uma grande dificuldade em lidar com situações reais, agravadas num contexto de crise.
D. Januário, Bispo das Forças Armadas, disse o que disse. Disse em voz alta o que o Povo diz em surdina e muitos, já mesmo
em voz alta, directamente aos políticos, quando os apanham a jeito na Rua.
Respeito sua opinião. Como a de qualquer outro cidadão.
Respeito sua opinião. Como a de qualquer outro cidadão.
O governo ficou em pólvora e exigiu provas. Claro não há provas,
como não as há em coisa nenhuma deste país. Nada se consegue provar. Isto é
tudo fantasias que povoam as mentes mais prodigiosas do zé povinho. Só pode ser
isto.
E, chegámos ao ponto fulcral desta reflexão.
As palavras contundentes, um pouco irreflectidas, de D. Januário, que
traduzem um estado de espírito de revolta, quando ele olha para os mais
frágeis, como bem referiu, encerram, porque irreflectidas, uma armadilha
perigosa, em que muitos de nós facilmente pode cair.
É a confusão entre causas (as origens, o que causou, o que provocou)
da crise, e os efeitos (as consequências, aquilo porque o país e a sua
população estão a passar).
É um tema recorrente, em que muitas vezes, tenho insistido e por
isso nunca é demais relembrar.
E D. Januário, caiu nessa armadilha, como muitos de nós já caímos,
ao analisar o desempenho e a actuação deste governo.
É um facto, que o desempenho deste governo, passado um ano de
governação, ficou muito aquém das expectativas que em 05 de Junho de 2011, nos
foram criadas pelos principais actores que o haveriam de integrar, ao vencerem
com o nosso voto, maioritário, aquelas eleições, num momento de grave
emergência nacional, decorrente do desastre da governação Sócrates.
Mas, o fraco desempenho do governo e a sua fragilidade, não podem
ser confundidas com as verdadeiras causas da crise que, essas sim, são muito
anteriores aos efeitos que estamos a observar e a pagar, já a preços
proibitivos.
O que se pode concluir é que este governo, pelos indicadores mais
recentes, não esteve à altura de tão grave emergência nacional e que, sem
capacidade negocial com uma troika de credores que ditaram as condições a um
país rendido e vencido e de capitular sem condições, por culpa dos seus
governantes.
Era óbvio que um país, já extremamente fragilizado em 2011, às mãos
do temido ditador e líder querido dos seus «compagnons du Graal», agora gozando as doçuras de um exílio dourado
em Paris, não iria resistir a tamanha terapêutica
de choque.
A cura de choque, atacando
apenas os efeitos da doença, sem cuidar das causas, agravou o estado de saúde
do doente que, depois de parecer recuperar um pouco, voltou aos cuidados
intensivos.
E agora? Quem tem coragem de enfrentar e desafiar os poderosos lóbis
que mandam neste país e ditam as suas regras?
Sim, porque é por aí que a ofensiva tem de começar e chamar estes
senhores à pedra, dizendo-lhes claramente que, já que todos temos de fazer sacrifícios e já agora em nome da igualdade de tratamento que o TC sublinhou, não é só o Povo que os tem de fazer,
eles também têm…
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