As
televisões portuguesas e em geral todo o sistema mediático, estão a ser
literalmente invadidos por pessoas que se intitulam de comentadores.
Não deixa de ser estranho um tal
fenómeno, pois que me lembre, nos nossos «media», nunca antes tinha assistido a
uma tão elevada azáfama, destas casas da comunicação social.
O comentador
comenta, diz a gramática.
Comenta a comédia, acrescento eu,
baralhando ainda mais as mentes, já perturbadas dos portugueses.
A superficialidade
dos seus comentários, quase não passam de uma mera observação dos actos dos
actores políticos da cena portuguesa, actos cada vez mais trágicos perante o
adornar, cada vez mais inclinado do velho navio, onde todos estamos embarcados.
Uns comentam
actos, possíveis jogadas e cenários, outros, os que vieram de fora, a redenção
dos pecados mortais do seu passado, atirando areia para os olhos estupefactos
dos portugueses, tal o despudor e o descaramento da sua presença.
Será jogada
comercial de audiências para as televisões se afirmarem?
Antes fosse.
Pelos menos ficava mais tranquilo. Seria o marketing e o mercado a funcionar. Mas
não me parece que seja só esse o objectivo das televisões. Há uma estratégia partidocrática,
por detrás de tudo isto.
Estão em
campo duas visões antagónicas de sociedade.
Uns a
pretenderem continuar a soprar no balão estatal, que quase rebentou em 2010,
foi por um triz.
Outros, a
tentarem esvaziá-lo na medida do possível, para que, no futuro não rebente de
vez, ou não se esvazie por si próprio, por falta de ar dos sopradores, já com pouco ou nenhum fôlego.
E a visão
para a sociedade portuguesa resume-se a isto:
- A UM BALÃO
ESTATAL, mais cheio ou mais vazio, conforme o radicalismo ideológico dos clubes
partidários.
Uma coisa é
certa, e isso alguns clubes deste futebol político parecem não entender. É que,
sem ar não há balões.
E, se
continuarmos, como até aqui, a forçar os sopradores a encher cada vez mais o
balão, como a Constituição determina, um dia este rebentará de vez e será o
culminar da tragédia.
Comentadores para quê?
Para se exibirem com palavras
bonitas e prometedoras ou para mais crítica retórica intoxicante, que nada
acrescentam à solução, antes agravam os problemas?
A situação do país não é para comentadores
e arautos da desgraça ou para a redenção dos graves pecados passados e enganar
incautos.
A situação do país, apela sim, não
a comentadores, que não acrescentam valor a coisa nenhuma, mas à união dos
portugueses, à queda, nem que seja temporária, dos muros de Berlim ideológicos
e às inteligências, que as há, que tragam soluções para salvar o país.
Mas estas, infelizmente, não têm
lugar nas televisões.
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