terça-feira, 9 de abril de 2013

COMENTADORES, DESPUDORES E OS ACTOS DOS ACTORES




As televisões portuguesas e em geral todo o sistema mediático, estão a ser literalmente invadidos por pessoas que se intitulam de comentadores.

Não deixa de ser estranho um tal fenómeno, pois que me lembre, nos nossos «media», nunca antes tinha assistido a uma tão elevada azáfama, destas casas da comunicação social.

E todos, ou quase todos, a representar as cores partidárias do seu clube. Muito estranho!

O comentador comenta, diz a gramática.

Comenta a comédia, acrescento eu, baralhando ainda mais as mentes, já perturbadas dos portugueses.

A superficialidade dos seus comentários, quase não passam de uma mera observação dos actos dos actores políticos da cena portuguesa, actos cada vez mais trágicos perante o adornar, cada vez mais inclinado do velho navio, onde todos estamos embarcados.
Uns comentam actos, possíveis jogadas e cenários, outros, os que vieram de fora, a redenção dos pecados mortais do seu passado, atirando areia para os olhos estupefactos dos portugueses, tal o despudor e o descaramento da sua presença.

Será jogada comercial de audiências para as televisões se afirmarem?  

Antes fosse. Pelos menos ficava mais tranquilo. Seria o marketing e o mercado a funcionar. Mas não me parece que seja só esse o objectivo das televisões. Há uma estratégia partidocrática, por detrás de tudo isto.

Estão em campo duas visões antagónicas de sociedade.

Uns a pretenderem continuar a soprar no balão estatal, que quase rebentou em 2010, foi por um triz.

Outros, a tentarem esvaziá-lo na medida do possível, para que, no futuro não rebente de vez, ou não se esvazie por si próprio, por falta de ar dos sopradores, já com  pouco ou nenhum fôlego.

E a visão para a sociedade portuguesa resume-se a isto:

- A UM BALÃO ESTATAL, mais cheio ou mais vazio, conforme o radicalismo ideológico dos clubes partidários.

Uma coisa é certa, e isso alguns clubes deste futebol político parecem não entender. É que,  sem ar não há balões.

E, se continuarmos, como até aqui, a forçar os sopradores a encher cada vez mais o balão, como a Constituição determina, um dia este rebentará de vez e será o culminar da tragédia.

Comentadores para quê?

Para se exibirem com palavras bonitas e prometedoras ou para mais crítica retórica intoxicante, que nada acrescentam à solução, antes agravam os problemas?

A situação do país não é para comentadores e arautos da desgraça ou para a redenção dos graves pecados passados e enganar incautos.

A situação do país, apela sim, não a comentadores, que não acrescentam valor a coisa nenhuma, mas à união dos portugueses, à queda, nem que seja temporária, dos muros de Berlim ideológicos e às inteligências, que as há, que tragam soluções para salvar o país.

Mas estas, infelizmente, não têm lugar nas televisões.

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