A história
dos socialismos e das suas diversas variantes é conhecida.
Desde o
socialismo utópico de Saint- Simon, no século XVIII, passando pelo socialismo científico
de Karl Marx no século XIX, até ao socialismo real, autoritário, de Josef
Stalin, no século XX, a partir da
análise das desigualdades sociais provocadas pelo capitalismo e pelo
liberalismo ou, no caso do socialismo científico, a partir da análise das estruturas
socioeconómicas e produtivas da sociedade,
os socialismos procuraram dar resposta a problemas concretos das
sociedades, nos contextos das épocas em que surgiram.
Não é meu
propósito, nesta reflexão, falar sobre isso.
O meu propósito é isso mesmo, o
de reflexão, de balanço, de comparação entre o que funcionou bem e o que
funcionou mal.
Passados
séculos, desde que surgiram as primeiras teorias e as suas aplicações
concretas, impostas revolucionariamente pelo socialismo real, o balanço que se
pode fazer não é positivo e nalguns casos bastante negativo, em variantes mais
radicais do socialismo.
Não apenas
os contextos mudaram, mas as próprias aplicações práticas dos socialismos e
mais modernamente das sociais-democracias, não contribuíram nem conseguiram
alcançar os objectivos visados, de correcção das desigualdades sociais, de
eliminação da exploração do trabalho e
da excessiva concentração da riqueza criada, nas mãos de minorias sociais.
Mais
violentas e sangrentas, nuns casos, mais moderadas noutros, as revoluções
socialistas, saldaram-se por custos sociais e perdas humanas incalculáveis. E
sem resultados visíveis que justificassem tais danos.
No caso português da actualidade,
digladiam-se três mundos antagónicos, pela disputa do poder e da consequente implementação dos
respectivos modelos económicos e sociais.
Um primeiro, liderado pela
esquerda radical, Bloco de Esquerda e Partido Comunista que, insistindo nas velhas teorias
socialistas, dos séculos passados, com pequenos ajustamentos, tentam, pela
destruição das estruturas económicas e sociais, utilizando todos os
instrumentos ao seu alcance, sindicais, constitucionais, locais e
regionais, impor o seu modelo, já que,
pelo voto não se lhes afigura fácil.
Este é o mundo do socialismo
verdadeiro, ortodoxo, tradicional.
Um segundo mundo, protagonizado
pelo Partido Socialista e que tem
liderado, praticamente desde a revolução socialista de 1974, a linha intermédia do socialismo, o chamado
socialismo democrático (não imposto revolucionariamente) e que, por via de um
modelo de desenvolvimento irrealista e não sustentável e num utópico Estado
Social, conduziu o país à situação de mais pobre, mais desigual e menos
desenvolvido da União Europeia e nalguns índices, mais atrasado do mundo.
Este é o mundo do socialismo
falso.
Falso
porque, irrealista e utopicamente, tentou atingir objectivos próximos dos
socialismos ortodoxos, seguindo um modelo económico e social baseado na
exploração desenfreada de uma economia privada (falsamente consentida, mas visando
apenas a sua exploração) dizimando-a pelo esbulho e extorsão dos seus
rendimentos, para alimentar um monstro chamado Estado, onde tudo coube e onde
tudo foi consentido.
Esta via, arruinou o país e
destruiu o Estado Social, tal como fora concebido.
O terceiro mundo que se digladia
na arena politica portuguesa é o da liberal social-democracia, via próxima do
socialismo democrático, liderada pelo Partido Social Democrata e uma parte do
CDS, mas mais realista, mais amiga da
economia privada e mais favorável a um Estado minimalista, assente em bases
financeiras sustentáveis e libertando a economia real, sustentáculo do
crescimento e desenvolvimento.
Esta terceira via, pelo menos, até à chegada da troika, que
impôs a correcção (dolorosa, face às grandes correcções estruturais) destes
desequilíbrios, resultantes da utópica via socialista democrática seguida,
porque na prática seguiu o mesmo modelo, também
se pode incluir no mundo do falso socialismo.
A experiência negativa resultante
da aplicação deste modelo e que resultou em gravíssimos desequilíbrios estruturais
para o país, agravado
substancialmente pelo oportunismo, saque do erário público e abuso de poder dos
seus agentes, obrigou o país e a sua
população, à perda de soberania e a sujeitar-se a imposições draconianas,
impostas por entidades estrangeiras, já por três vezes em menos de quarenta
anos, para obrigar o poder político a fazer aquilo que nunca foi capaz de
fazer, por utópico imperativo ideológico ou normativo constitucional.
Perante o
falhanço sistemático do modelo se sociedade seguido desde a revolução
socialista de 1974 e do seu formato constitucional, pergunta-se, porque
insistem os agentes políticos nesse modelo, porque não tentam alterá-lo?
Entre o falso socialismo e o
verdadeiro socialismo, o ortodoxo, qual deles o melhor, dentro da sociedade
minimalista que ambos propõem? O primeiro por utopia e irrealismo e o segundo,
por convicção?
A resposta a esta pergunta, corresponde
à opção, do meu ponto de vista, a escolher dentre dois males, o mal menor. E o
mal menor teria sido, sem dúvida, a
escolha pelo socialismo tradicional, colectivista.
É caso para dizer que, que perante estes factos
e a situação a que chegou a sociedade portuguesa, os
revolucionários socialistas do MFA, em 1974, teriam razão!
Cada um de nós, hoje, teria
pouco, é certo, mas teria alguma coisa. Hoje, a maior parte não tem nada.
Voltando ao
tema desta reflexão, falta-nos a
terceira via do trilema social.
E, a questão que se coloca no plano
filosófico, é saber se, perante o falhanço da via socialista democrática e da
social-democracia, próxima desta, a opção correcta para a sociedade portuguesa,
de hoje e para o mundo actual, é a opção pelo socialismo ortodoxo, colectivista
e que conduz, no limite, ao comunismo.
Do meu ponto
de vista, categoricamente NÃO!
O socialismo colectivista,
estatal e dirigista, nunca foi solução para as sociedades. E, em nome de uma
igualdade quase absoluta, incompatível com a natureza humana, conduz, e a
história demonstra-o, a grandes desigualdades, entre os agentes do sistema e a
maioria da população destinatária.
Por isso, no
contexto das sociedades actuais e no mundo actual, entendo que devemos
abandonar, de vez, as velhas teorias, criar algo novo, inovador, motivador e
que conduza as sociedades a níveis de bem estar (não apenas no sentido
material) elevados e onde todos nos sintamos felizes.
Por isso, o
velho termo «SOCIALISMO», deve ser, de vez, banido no nosso discurso e do nosso
vocabulário, perante tantos males já
infligidos à humanidade.
O novo conceito, a terceira via
do trilema social, deve passara a ser o «SOCIAL», a inclusão directa da
sociedade, a dispensa do nefasto intermediário Estado, em suma, uma democracia
social virada para o desenvolvimento e para bem estar das pessoas.
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