sábado, 20 de abril de 2013

O TRILEMA PORTUGUÊS: SOCIALISMO VERDADEIRO, SOCIALISMO FALSO OU DEMOCRACIA SOCIAL?




A história dos socialismos e das suas diversas variantes é conhecida.

Desde o socialismo utópico de Saint- Simon, no século XVIII, passando pelo socialismo científico de Karl Marx no século XIX, até ao socialismo real, autoritário, de Josef Stalin, no século XX,  a partir da análise das desigualdades sociais provocadas pelo capitalismo e pelo liberalismo ou, no caso do socialismo científico, a partir da análise das estruturas socioeconómicas e produtivas da sociedade,  os socialismos procuraram dar resposta a problemas concretos das sociedades, nos contextos das épocas em que surgiram.

Não é meu propósito, nesta reflexão, falar sobre isso.

O meu propósito é isso mesmo, o de reflexão, de balanço, de comparação entre o que funcionou bem e o que funcionou mal.

Passados séculos, desde que surgiram as primeiras teorias e as suas aplicações concretas, impostas revolucionariamente pelo socialismo real, o balanço que se pode fazer não é positivo e nalguns casos bastante negativo, em variantes mais radicais do socialismo.

Não apenas os contextos mudaram, mas as próprias aplicações práticas dos socialismos e mais modernamente das sociais-democracias, não contribuíram nem conseguiram alcançar os objectivos visados, de correcção das desigualdades sociais, de eliminação  da exploração do trabalho e da excessiva concentração da riqueza criada, nas mãos de minorias sociais.

Mais violentas e sangrentas, nuns casos, mais moderadas noutros, as revoluções socialistas, saldaram-se por custos sociais e perdas humanas incalculáveis. E sem resultados visíveis que justificassem tais danos.

No caso português da actualidade, digladiam-se três mundos antagónicos, pela disputa do poder e da consequente implementação dos respectivos modelos económicos e sociais.

Um primeiro, liderado pela esquerda radical, Bloco de Esquerda e Partido Comunista que, insistindo nas velhas teorias socialistas, dos séculos passados, com pequenos ajustamentos, tentam, pela destruição das estruturas económicas e sociais, utilizando todos os instrumentos ao seu alcance, sindicais, constitucionais, locais e regionais,  impor o seu modelo, já que, pelo voto não se lhes afigura fácil.

Este é o mundo do socialismo verdadeiro, ortodoxo, tradicional.

Um segundo mundo, protagonizado pelo Partido Socialista e que tem liderado, praticamente desde a revolução socialista de 1974,  a linha intermédia do socialismo, o chamado socialismo democrático (não imposto revolucionariamente) e que, por via de um modelo de desenvolvimento irrealista e não sustentável e num utópico Estado Social, conduziu o país à situação de mais pobre, mais desigual e menos desenvolvido da União Europeia e nalguns índices, mais atrasado do mundo.

Este é o mundo do socialismo falso.

Falso porque, irrealista e utopicamente, tentou atingir objectivos próximos dos socialismos ortodoxos, seguindo um modelo económico e social baseado na exploração desenfreada de uma economia privada (falsamente consentida, mas visando apenas a sua exploração) dizimando-a pelo esbulho e extorsão dos seus rendimentos, para alimentar um monstro chamado Estado, onde tudo coube e onde tudo foi consentido.

Esta via, arruinou o país e destruiu o Estado Social, tal como fora concebido.

O terceiro mundo que se digladia na arena politica portuguesa é o da liberal social-democracia, via próxima do socialismo democrático, liderada pelo Partido Social Democrata e uma parte do CDS, mas mais realista, mais amiga da economia privada e mais favorável a um Estado minimalista, assente em bases financeiras sustentáveis e libertando a economia real, sustentáculo do crescimento e desenvolvimento.

Esta terceira via, pelo menos, até à chegada da troika, que impôs a correcção (dolorosa, face às grandes correcções estruturais) destes desequilíbrios, resultantes da utópica via socialista democrática seguida, porque na prática seguiu o mesmo modelo, também se pode incluir no mundo do falso socialismo.

A experiência negativa resultante da aplicação deste modelo e que resultou em gravíssimos desequilíbrios estruturais para o país, agravado substancialmente pelo oportunismo, saque do erário público e abuso de poder dos seus agentes, obrigou o país e a sua população, à perda de soberania e a sujeitar-se a imposições draconianas, impostas por entidades estrangeiras, já por três vezes em menos de quarenta anos, para obrigar o poder político a fazer aquilo que nunca foi capaz de fazer, por utópico imperativo ideológico ou normativo constitucional.

Perante o falhanço sistemático do modelo se sociedade seguido desde a revolução socialista de 1974 e do seu formato constitucional, pergunta-se, porque insistem os agentes políticos nesse modelo, porque não tentam alterá-lo?

Entre o falso socialismo e o verdadeiro socialismo, o ortodoxo, qual deles o melhor, dentro da sociedade minimalista que ambos propõem? O primeiro por utopia e irrealismo e o segundo, por convicção?

A resposta a esta pergunta, corresponde à opção, do meu ponto de vista, a escolher dentre dois males, o mal menor. E o mal menor teria sido, sem dúvida,  a escolha pelo socialismo tradicional, colectivista.

É  caso para dizer que, que perante estes factos e a situação a que chegou a sociedade portuguesa,  os revolucionários socialistas do MFA, em 1974, teriam razão!

Cada um de nós, hoje, teria pouco, é certo, mas teria alguma coisa. Hoje, a maior parte não tem nada.

Voltando ao tema desta reflexão, falta-nos a terceira via do trilema social.

E, a questão que se coloca no plano filosófico, é saber se, perante o falhanço da via socialista democrática e da social-democracia, próxima desta, a opção correcta para a sociedade portuguesa, de hoje e para o mundo actual, é a opção pelo socialismo ortodoxo, colectivista e que conduz, no limite, ao comunismo.

Do meu ponto de vista, categoricamente NÃO!

O socialismo colectivista, estatal e dirigista, nunca foi solução para as sociedades. E, em nome de uma igualdade quase absoluta, incompatível com a natureza humana, conduz, e a história demonstra-o, a grandes desigualdades, entre os agentes do sistema e a maioria da população destinatária.

Por isso, no contexto das sociedades actuais e no mundo actual, entendo que devemos abandonar, de vez, as velhas teorias, criar algo novo, inovador, motivador e que conduza as sociedades a níveis de bem estar (não apenas no sentido material) elevados e onde todos nos sintamos felizes.

Por isso, o velho termo «SOCIALISMO», deve ser, de vez, banido no nosso discurso e do nosso vocabulário,  perante tantos males já infligidos à humanidade.

O novo conceito, a terceira via do trilema social, deve passara a ser o «SOCIAL», a inclusão directa da sociedade, a dispensa do nefasto intermediário Estado, em suma, uma democracia social virada para o desenvolvimento e para bem estar das pessoas.


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