sexta-feira, 22 de novembro de 2013

NA HORA DA DEFESA DA CONSTITUIÇÃO, DA DEMOCRACIA E DO ESTADO SOCIAL





Isto está mal, mesmo muito mal. Foi pena termos deixado cair o país na situação em que se encontra e se encontrava já em 2010.  Não apenas resultado de erros recentes, mas de erros passados, de há décadas. E também de um desajustado enquadramento institucional.

Todos os políticos, sem excepção, têm responsabilidades, incluindo Mário Soares.

Este governo cometeu erros, sem dúvida. Desde o princípio. Nunca esteve à altura das circunstâncias gravíssimas do país, herdadas de governos anteriores e que nunca foram corrigidas.

Podia e devia, ter seguido outra estratégia. Mas não. Apenas se limitou e até excedeu as exigências da troika. No pior sentido. Falhanços corrigidos com falhanços. O prazo foi curto, a terapêutica de choque só agravou o estado do já moribundo doente. Deu demissões e cenas dramáticas.

A sociedade, as forças políticas principalmente, radicalizaram-se nos seus redutos ideológicos, no tacticismo eleitoral e no colocar as «barbas de molho», não fosse o fogo se lhes propagar. Não se quiseram envolver. Primeiro porque foram rejeitadas e depois já era tarde. É melhor deixar arder as barbas do vizinho. Assim, a culpa nunca será nossa.

Na hora difícil, faltou a união e a convergência de esforços. Inacreditável, num país perto da queda no abismo.

Outros valores se levantaram, inconfessáveis.

Mário Soares, na hora dramática, apela à mobilização e à revolta. Aparentemente tem razão.

Só que, não é a melhor altura. É preciso avaliar bem as consequências. As alternativas serão bem piores e mais dolorosas ainda. É preciso cuidado e não fazer escorregar o país, para uma situação ainda mais dramática.

Uma queda do Governo a oito meses do fim deste tenebroso programa de ajustamento, colocaria o país numa situação de instabilidade insustentável.

A hora certa ainda não é esta.

É preciso dar tempo ao tempo. Esperar mais oito dolorosos meses. E aí sim, fazer a avaliação e optar pelo que, dentro das circunstâncias, for melhor para o país.

A menos que tudo descambe até lá.

E, se isso acontecer, devemos estar preparados, para o que der e vier!

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