Isto está
mal, mesmo muito mal. Foi pena termos deixado cair o país na situação em que se
encontra e se encontrava já em 2010. Não
apenas resultado de erros recentes, mas de erros passados, de há décadas. E
também de um desajustado enquadramento institucional.
Todos os
políticos, sem excepção, têm responsabilidades, incluindo Mário Soares.
Este
governo cometeu erros, sem dúvida. Desde o princípio. Nunca esteve à altura das
circunstâncias gravíssimas do país, herdadas de governos anteriores e que nunca
foram corrigidas.
Podia e
devia, ter seguido outra estratégia. Mas não. Apenas se limitou e até excedeu
as exigências da troika. No pior sentido. Falhanços corrigidos com falhanços. O
prazo foi curto, a terapêutica de choque só agravou o estado do já moribundo
doente. Deu demissões e cenas dramáticas.
A
sociedade, as forças políticas principalmente, radicalizaram-se nos seus redutos
ideológicos, no tacticismo eleitoral e no colocar as «barbas de molho», não
fosse o fogo se lhes propagar. Não se quiseram envolver. Primeiro porque foram
rejeitadas e depois já era tarde. É melhor deixar arder as barbas do vizinho.
Assim, a culpa nunca será nossa.
Na hora difícil,
faltou a união e a convergência de esforços. Inacreditável, num país perto da
queda no abismo.
Outros
valores se levantaram, inconfessáveis.
Mário
Soares, na hora dramática, apela à mobilização e à revolta. Aparentemente tem
razão.
Só que,
não é a melhor altura. É preciso avaliar bem as consequências. As alternativas
serão bem piores e mais dolorosas ainda. É preciso cuidado e não fazer escorregar
o país, para uma situação ainda mais dramática.
Uma queda
do Governo a oito meses do fim deste tenebroso programa de ajustamento,
colocaria o país numa situação de instabilidade insustentável.
A hora
certa ainda não é esta.
É preciso
dar tempo ao tempo. Esperar mais oito dolorosos meses. E aí sim, fazer a
avaliação e optar pelo que, dentro das circunstâncias, for melhor para o país.
A menos
que tudo descambe até lá.
E, se
isso acontecer, devemos estar preparados, para o que der e vier!
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