segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A DEMOCRACIA DO CAOS - É DIFÍCIL ACREDITAR NO MEU PAÍS




A génese democrática portuguesa começou por ser ensaiada ainda em regime monárquico, tendo sido feitas as primeiras diligências no tempo da ocupação francesa, no início do século XIX (súplica constitucional, dirigida a Napoleão). Começavam a fazer-se sentir, em Portugal, as primeiras influências das ideias da revolução francesa.
 
Com a Revolução de 1820, nasce a Constituição de 1822 e com ela a instituição da monarquia constitucional. São dados os primeiros passos para um parlamentarismo ainda incipiente, mas em que os poderes do rei e da sua corte, continuavam a ser decisivos e muito influentes.
 
Pouco ou nada se adiantou.
 
A primeira tentativa republicana, em 1910, falhou e foi um caos! O multipartidarismo terminou num desastre e só uma ditadura de partido único, conseguiu pôr ordem no país e criar as bases para algum desenvolvimento.
 
Em 1974, renasce a esperança com novo regime democrático. Foi, e é, o caos a que estamos a assistir.
 
Parece que o país não sabe viver em democracia!
 
Já Júlio César, quando da ocupação da antiga Hispânia, dizia que havia ali um povo que não se governava nem se deixava governar…
Também o Marquês de Pombal se queixava do mesmo.
 
Infelizmente, para todos nós, parecem confirmar-se as premonições históricas. Portugal, uma grande parte da sua população,  entenda-se, mas que é decisiva, parece não ter ainda  atingido a maturidade cívica suficiente, para entender a enorme responsabilidade que é viver em democracia.
 
Mas, o problema não se restringe apenas a uma questão de maturidade, de falta de esclarecimento, de défice formativo ou de educação, cuja culpa não se lhe pode obviamente atribuir, nem sequer à dificuldade em entender o que está em causa e muito menos entender as causas profundas dos dias trágicos que estamos a viver.
 
Viver em democracia, pelo menos nesta que foi inventada, é muito mais complexo!
 
O comportamento dos actores, sejam eles os eleitores, os políticos ou os agentes económicos e sociais, é o mais complexo que se possa imaginar, o que complica em alto grau o exercício da democracia.
 
Bem se pode dizer que esta democracia é o REGIME DO CAOS! Volto a dizer, pelo menos esta, que foi inventada e nos foi impingida.
 
Por um lado, os eleitores, agem uns, vencidos pelo cansaço da repetição do mais do mesmo, pelo desinteresse e pela renúncia ao voto, outros por interesses de classe (os classistas ou clubistas) outros, por interesses pessoais ligados aos partidos, outros ainda por convicção ideológica, na crença absoluta de que a ideologia os salvará e lhes abrirá a porta do paraíso, outros por influência do caciquismo autárquico e das lavagens ao cérebro e muitos, mesmo muitos, pelo raciocínio dicotómico do DÁ OU TIRA.
 
Os outros, os que agem de forma consciente, isenta e conhecem bem as causas dos problemas e sabem avaliar o comportamento dos actores políticos são, infelizmente ainda uma minoria em Portugal.
 
Mas, a democracia também depende dos actores políticos e da forma como se comportam.
 
Desde logo, os da área do poder, a incompetência e oportunismo com todas as suas consequências, a hermeticidade em relação à sociedade civil e finalmente a autocracia e as estranhas ligações ao poder económico.
 
Depois, o jogo subversivo dos não representados, especialmente à esquerda do partido socialista (PC e BE) que, na acção subterrânea das centrais sindicais por si controladas e das lavagens ao cérebro da pobreza e da miséria, pelo caciquismo local, exploram, intoxicam, pervertem mentes, desestabilizam e arruínam o país, ganham terreno no espectro político, pensando no seu objectivo último: o totalitarismo comunista.
 
Os actores económicos, das empresas ou grupos de grandes dimensões, concentram-se, formam alianças, seja com outros grupos, seja com o Estado ou os políticos, aumentam cada vez mais o seu poder, financiam os partidos da área do poder, subvertendo cada vez mais esta frágil democracia.
 
Finalmente os actores sociais, sejam sindicatos ou corporações, usando de poderes absolutos e ilimitados que a sombra protectora de uma Constituição feita à sua medida lhes confere, usam e abusam desses poderes ao mínimo pretexto, sem que qualquer poder moderador os possa refrear, ajudam os partidos totalitários na sua tarefa destruidora.
 
A desestabilizar ainda mais esta caótica democracia que, por vontade de um Conselho da Revolução, saído da revolução de 1974 e da Constituição de 1976, é limitada a uma ideologia exclusivamente de esquerda, não deixando espaço ao centro e à direita, mesmo que democraticamente eleitos os seus representantes.
 
Em consequência, uma sociedade dividida e radicalizada, entre esquerda e direita, gerando cada vez mais tensões sociais e contribuindo para a ruina do país, por impossibilidade de entendimento.
 
Se acrescentarmos à Democracia do Caos, a falência do país com todo o rol de miséria e pobreza que provocou, mais de um milhão de desempregados, dos quais metade sem meios de subsistência, o défice demográfico, a decadência  e desagregação sociais, a perda das jóias da coroa, vendidas ao desbarato ou tomadas de assalto pela globalização angolana, chinesa, brasileira e europeia, uma dívida colossal que não é pagável e a escravatura e dependência que dela vai resultar e todos os outos factores adversos, ESTÃO A SER REUNIDOS TODOS OS INGREDIENTES PARA, NUM FUTURO, NÃO MUITO LONGÍNQUO, FAZER EXPLODIR O BARRIL DE PÓLVORA.
Não apenas em Portugal, mas em todos os países do sul da Europa e da bacia do mediterrâneo, arruinados.
 
Parece assim, que as democracias europeias, em particular as do sul, não souberam lidar com a sua integração numa União, algumas nem sequer estavam preparadas para isso, julgaram que a integração seria o maná que lhes traria a árvore das patacas e que seríamos todos ricos, deixaram-se aliciar pelos cantos das sereias do centro e do norte da Europa, a nível interno esbanjaram, saquearam e delapidaram, acreditaram nos socialismos e sociais democracias, como modelos de desenvolvimento e, finalmente, como na nossa, barricaram-se no radicalismo ideológico e no oportunismo do caos.
 
E os cenários possíveis perfilam-se no horizonte:

- Integração política da Europa com governo europeu musculado, que estabilize a desordem; emergência dos nacionalismos como solução para os males europeus (a França já está perto desse objectivo); ou, nova guerra generalizada na Europa, para o novo ajustamento e correcção dos graves desequilíbrios e males europeus.

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