sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CRISE DEMOGRÁFICA - CRISE DO ESTADO SOCIAL







Depois de casa roubada, trancas à porta! Diz um velho ditado popular.
Em Portugal foi sempre assim.

Deixámos sempre que o pior nos batesse à porta para, no desespero, tentarmos remediar a situação.

Remediar, apenas, porque remediar é isso mesmo, remediar. Remediando não se resolve, verdadeiramente, coisa nenhuma, é remendar é, no máximo, a tentativa temporária para tapar um buraco, até que outro maior nos surja pela frente, para o voltarmos a tentar tapar.

Se o conseguirmos.

Entre remendos e buracos, no intervalo, folgamos e descansamos. Pelo menos, para já, as preocupações aparentemente desparecem.

É assim, foi sempre assim, o comportamento dos políticos, as pessoas que foram nomeadas para nos governar.

É,  sempre foi, a governação à vista, do dia a dia, sem qualquer visão de futuro.

As suas prioridades são outras, foram outras, bem mais interessantes para eles, do que os verdadeiros problemas estruturais do país.

Entre demagogia e partidarismo autocrático, entre acusações bacocas de populismo a quem a eles se opõe, de partidarismo incompetente e de exaltação oportunista, na hora própria, da já podre ideologia,  o país real é ignorado, às vozes e aos sinais de alerta de todos os quadrantes da sociedade  fazem, sempre fizeram, desde há décadas, orelhas moucas.

As virtudes sagradas desta espécie de democracia que, pretensamente se diz ser representativa do Povo, não passa de um embuste, de um logro, que só beneficia quem nela tem a sorte de participar por dentro.

O Estado Social está na ordem do dia, pelas piores razões.

Como em tudo o que acontece de mal ao país, consequência do alheamento, da inércia e da ideologia, com a qual eles se escudam, para justificar comportamentos sociais anacrónicos que lesam gravemente a sociedade e o país.

Está na ordem do dia, o aumento progressivo da idade de passagem à reforma, fórmula engendrada, para remendar um Estado Social a rebentar por todos os lados.

Agora 66, depois 67, depois 70 anos.

Depois de uma vida inteira de trabalho, os mais idosos são obrigados a trabalhos forçados, a não terem direito a um resto de vida digno e despreocupado.

Foi a solução engendrada para tapar o buraco da Segurança Social que faliu, por não se ter olhado a tempo e com visão de futuro, para os alicerces que a podiam sustentar de forma equilibrada.

É apenas um remendo, mais um remendo, que vai rebentar mais ano menos ano e as consequências serão ainda mais dramáticas do que as que são, já hoje, o dia a dia a dia de muitos portugueses aposentados:

- Continuação da redução de pensões, tectos máximos, em suma pensões de miséria.

Para os actuais aposentados, de nada serviram os descontos que lhes foram impostos mensalmente enquanto estiveram na vida activa.

Tudo foi desbaratado pelo Estado e por quem teve à sua responsabilidade a governação do país.

Um dos alicerces, para além de um Estado financiável e de uma economia em crescimento, que podiam ter sustentado um Estado Social sólido e portanto um sólido sistema de Segurança Social, teria sido uma equilibrada composição demográfica da população portuguesa, ou seja, uma equilibrada composição de jovens, população activa e idosos.

Este elemento fundamental de suporte de qualquer sistema de segurança social, foi completamente ignorado, nunca nenhum governante se preocupou, desde há décadas, com uma política eficaz de natalidade, de protecção e apoio financeiro à família e de uma adequada política de apoio à mulher na idade fértil, levando-a a optar pelo trabalho parcial subsidiado, na altura própria.

Portugal é o país com mais baixa taxa de apoio à mulher, no trabalho a tempo parcial, durante o período fértil e de natalidade. Uns vergonhosos 14% quando comparados com taxas muito mais elevadas em países do norte e centro da Europa e com uma taxa de 70%, na Alemanha.

Ninguém pensou que as crianças e jovens de hoje, são os adultos e activos de amanhã que, pelo emprego na vida activa, serão os contribuintes líquidos para os sistemas de segurança social.

Não, ninguém pensou nisso.

Só se pensou no aborto, consequência do prazer libertino, um dos bens supremos da esquerda, financiado, assistido e incentivado.

Só se pensou na penalização das mulheres que, querendo engravidar e apresentando dificuldades, lhes foi recusado o apoio financeiro.

Só se pensou no LGBT, financiado pelo Estado, na sua incentivação e divulgação pelas escolas, também como um bem supremo da esquerda e institucionalizou-se a homossexualidade.

Só se pensou no corte dos abonos de família, que ainda foi, durante anos, o miserável apoio do Estado à família, pois muito mais devia ter sido feito.

Ou seja, fez-se  tudo ao contrário em nome de utópicas e irrealistas ideologias que mais não fizeram do que destruir o país.

Continuamos sempre a remendar, sempre que a desgraça nos bate à porta.

Mais uma vez remendamos, tapamos buracos e não resolvemos, em definitivo os graves problemas estruturais do país.

Mais uma vez, têm de ser os outros, os de fora, para humilhação de todos nós, de nos ditar o que temos de fazer, porque cá dentro, os valores predominantes da utopia, da ideologia oportunista, da incompetência, da demagogia, do oportunismo, do desleixo e incúria e diga-se, do errado enquadramento institucional, nos impedem de fazer o que verdadeiramente faz sentido fazer.

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