sábado, 16 de novembro de 2013

RICCIARDIS E SALGADOS




Vejo habitualmente os comentários à imprensa diária que, aos sábados de manhã, na SIC Notícias, são feitos pela habitual convidada, a Historiadora e Professora da Universidade Nova, Raquel Varela.

Aprecio a frontalidade das suas opiniões, contrariando, muitas vezes, as opiniões formadas pelos media do regime, as corporações e os sindicatos representantes de ideologias politicas de partidos representados na Assembleia da República.

Fazem o jogo do sistema!

Raquel Varela é frontal, clara nos raciocínios e realista.

Chamou-me a atenção dois aspectos centrais e hoje muito discutidos, da vida política e económica nacionais.

Um, dizia respeito à avaliação dos professores, do ensino  básico e secundário. Na sua opinião, os professores devem ser avaliados para se garantir alguma qualidade no sistema de ensino.

Na sua perspectiva, tem havido muita permissividade, que tem baixado significativamente a qualidade e a competência de quem ensina, seja no público ou no privado. E os resultados vêem-se, pelo mau aproveitamento dos alunos, sempre que se sobe um pouco a bitola da avaliação.

É verdade, é um facto.

Ainda este ano, os resultados médios das avaliações em Português e Matemática, a nível nacional, foram negativos.

Algo está mal no ensino e não apenas ao nível de quem aprende, mas principalmente ao nível de quem ensina, que um sistema de ensino baseado na permissividade e no faz de conta, instituiu há muitos anos em Portugal.

Não é de estranhar, portanto, as reacções dos professores que, no desespero da sua implícita falta de preparação, receiam deixar a nu, as suas fragilidades, pois quem não deve não teme.

Mas, a culpa não se lhe pode imputar, a culpa não é deles.
 
A culpa é do permissivo sistema de ensino que, desde logo ao nível do Ministério da Educação e durante décadas, em obediência a uma visão ideológica da esquerda mais enviesada, raiando o anarquismo e que tomou de assalto aquele vital Ministério, impôs ao país, com o beneplácito e a cumplicidade dos governos.

Por essa razão, desde sempre, desde a Revolução, o Ministério da Educação tem sido ingovernável. Nenhum Ministro conseguiu fazer o que quer que fosse, e quando o tentou, enfrentou sempre uma  guerra sem quartel movida pela esquerda radical, dona e senhora do ensino em Portugal.

Mas, estamos a enganarmos a nós próprios.

Pode esse poder corporativo imenso, da esquerda permissiva e destrutiva, ganhar todas as batalhas e todas as guerras, protegido e escudado por uma Constituição feita à sua medida, mas quem vai perder, quem já está a perder, é o país, e o balanço e o saldo finais deste processo, estão a ser desastrosos.

A geração dita, pelo poder instituído, como a mais qualificada de sempre, está-se a revelar a mais ignorante de sempre e bem podemos dizer que ficará na história como a mais qualificada, isso sim, no fabrico de canudos de papelão.

O outro aspecto, igualmente central e de extrema importância, abordado por Raquel Varela, dizia respeito à enorme concentração de riqueza nas mãos de minorias sociais, tornando Portugal um dos países mais desiguais na distribuição da riqueza, não só ao nível da Europa,  mas de todo o mundo.

Surpreenderam-me os números revelados, embora tivesse a convicção já formada, de que não estariam muito longe destes.

No nosso país, 870 bilionários detêm fortunas avaliadas em cerca de 45% da riqueza nacional produzida, ou seja do Produto Interno Bruto, representando qualquer coisa como 72.000 milhões de euros, quase tanto com o valor do resgate financeiro a Portugal.

Raquel Varela, aponta como solução a expropriação. Sinto vontade de a acompanhar, tal a magnitude do embuste.

Contrastando com esta enorme concentração de riqueza nas mãos de uns quantos privilegiados do regime, cerca de cinco milhões de portugueses, metade da população, vivendo na pobreza ou no limiar desta.

Interrogamos, legitimamente, como foi possível em Portugal, cujo regime foi instituído por uma revolução, pretensamente socialista e visando corrigir as desigualdades e implementar uma sociedade mais justa, deixar derivar o país para uma situação que, em termos relativos, é semelhante ou pior, do que a que vigorava antes de 1974?

Como foi possível, sob a capa de uma falsa democracia, de uma falsa liberdade e de uma falsa ideologia, dita de esquerda, derivar para um regime e um sistema de efectiva ditadura de um triunvirato de poderes económico, politico e estatal, que se apoderou do país?

Como foi possível, não termos o discernimento suficiente para acordarmos a tempo do sono com que os políticos nos adormeceram e dos cânticos europeus com que nos encantaram, gizando uma alternativa?

Como foi possível deixarmo-nos cair no fosso e na espiral do endividamento, durante décadas, dependência e escravatura anunciadas?

Um dia, estou certo, far-se-á o julgamento da história e teremos a resposta a todas estas interrogações.

 

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