sábado, 11 de agosto de 2012

MUDAR O SISTEMA - A ALTERNATIVA É POSSÍVEL? (XI)





Novo Modelo de Desenvolvimento

A estrutura do novo sistema económico, segue os princípios da livre iniciativa e da capacidade criadora dos cidadãos, bases e fundamentos essenciais do progresso e desenvolvimento de qualquer país, numa lógica de economia social de mercado e de equilíbrio entre o económico e o social, convenientemente regulada e controlada pelo Estado e sendo a componente social de importância crucial para maximizar o bem-estar dos cidadãos, mas sempre condicionada pela libertação de recursos pela componente económica.

Ou seja, se forem criadas condições favoráveis ao sistema privado, libertando  e maximizando a sua capacidade de criar riqueza, mais o sistema social é beneficiado e poderá dispor de meios que maximizem o bem estar social da população e dinamize a sua ascensão social.

Esta a ideia central para recuperar os cidadãos.

Para além de outras, obviamente, que resultem da sua iniciativa pessoal e capacidade criadora.

Para tanto, três factores são  essenciais e determinantes:

- Que o Estado não intervenha, ou muito pouco, na componente  privada do sistema
- Que minimize a absorção de recursos (impostos, contribuições e outros)
- Que exerça uma função reguladora forte e eficaz

Ainda um dos aspectos centrais, que a lógica do novo sistema económico tem de garantir, é acabar com o princípio da prioridade e de apoios preferenciais às grandes empresas privadas de produção de bens e serviços não transaccionáveis, isto é, que intervêm num mercado privilegiado sem concorrência ou muito pouca.

Para além de constituírem verdeiros monopólios nuns casos, ou cartéis noutros, prestando-se à concertação de preços prejudicando seriamente o consumidor, prestam-se igualmente a dar abrigo em altos cargos, a políticos, que se prestaram a favorece-las, num sistema de promiscuidade nos dois sentidos.

O princípio a seguir pelo novo sistema tem de basear-se na livre concorrência em todos os sectores e em todas as actividades, com regulação geral e nalguns específica para certos sectores,  por parte do Estado.

Outra prioridade importante que o novo sistema económico tem de assegurar é o apoio preferencial às Pequenas e Médias Empresas, as grandes vítimas do sistema vigente, as que de facto precisam de apoios e tendo em conta que constituem a componente de maior peso na economia portuguesa, oferecendo emprego à maioria da população activa.

Além do mais, estas PME´s são as que menos capacidade têm de beneficiar os seus trabalhadores em apoios sociais, comparativamente às grandes empresas monopolistas ou cartelizadas, do mercado de bens não transaccionáveis, que pagam salários muito acima da média e beneficiam os seus trabalhadores a todos os níveis, com mordomias e benefícios que, nem de perto nem longe estão acessíveis a PME´s.

Esta lógica tem de ser invertida e os apoios às PME´s têm de ser prioritários, não apenas para estimular a sua capitalização e constituição de reservas e com isso ajudar a financiar o investimento reprodutivo e criação de postos de trabalho, mas também aumentar a sua capacidade de prestarem  apoios sociais aos seus colaboradores, aproximando-os dos níveis praticados pelos sectores privilegiados da economia.

Outro dos aspectos centrais da lógica do novo sistema económico, no âmbito dos apoios às PME´s, é a necessidade fundamental e prioritária de reconstruir o sector primário, a agricultura e a actividade pesqueira e as suas indústrias agregadas, destruídos pelas políticas desastrosas impostas pela UE, a que cegamente e servilmente  os políticos obedeceram.

Por outro lado, a nova estrutura do sistema económico, integra uma componente pública residual (na lógica da minimização do peso do Estado), para bens, recursos ou serviços com natureza colectiva.
Este sector público, tem de passara a funcionar e a ser gerido por administradores independentes, com capacidade reconhecida e não pode apresentar prejuízos, sob pena dos respectivos gestores serem responsabilizados civil e/ou criminalmente.

Este sector público, que se pretende bem gerido, deve libertar meios que contribuam com a sua quota-parte, para financiar o Estado, invertendo a lógica de saqueamento e oportunismo, a qualquer preço, que prevaleceu até aqui, com o modelo soarista.

Ainda no âmbito do Sistema Público e consagrado constitucionalmente, a  obtenção de consenso, na Assembleia Nacional, sobre a  obrigatoriedade de preparação e elaboração de um Plano Estratégico de Desenvolvimento a Longo Prazo (PED) ( prazo não inferior a 20 anos), definindo claramente quais os objectivos estratégicos a atingir pelo conjunto do país e patamares de bem estar social a atingir pela população (erradicação da pobreza, níveis de rendimento, PIB per capita, níveis cultural e educacional e outros indicadores de bem estar).

Este Plano Estratégico inicial, elaborado pelo Governo, tem de seguir os parâmetros gerais constitucionalmente definidos e podem ser, dentro de cada legislatura de seis anos, bianualmente ajustados e revistos, implicando, após cada revisão, ao ajustamento do Plano Global.

Integrando e dinamizando todo o sistema, como factor de desenvolvimento e progresso, o investimento público na educação, na ciência e tecnologia, em co-participação com Fundações de índole científica e tecnológica já existentes ou a criar, e de Institutos ou Instituições semelhantes, dedicados à investigação e desenvolvimento, estes sim, merecedores de estímulo e apoios por parte do Estado.

Ainda como componente de apoio ao conjunto do sistema económico, uma nova filosofia e atitude do sistema bancário e das instituições financeiras, relativamente ao apoio ao investimento empresarial e às famílias.

Uma nova cultura bancária tem de passar a prevalecer.

Tem de acabar a postura de arrogância, de imposição de condições leoninas nos contratos, de arruinar famílias inteiras a qualquer preço, de se arvorar em titular de direito tributário (impondo e cobrando comissões por tudo e por nada, autênticos impostos) e de desvirtuar as verdadeiras necessidades de apoio ao investimento, tendendo a dar prioridade a muito do sector público arruinado e autárquico e grandes empresas privilegiadas do sector protegido, numa lógica egoísta de meros interesses.

Não é para isto que o sector bancário existe.

Esta lógica tem de ser completamente invertida, e o sistema bancário tem de passar a cumprir a função social que deve exercer. Só assim se justifica o privilégio de uma  carga fiscal muito mais baixa do que a da generalidade das empresas.

Ou seja, canalizar o apoio ao investimento para os sectores onde, de facto é necessário e que tenham potencial de crescimento e criação de postos de trabalho.
Para além de cumprirem a função social que devem ter de apoio às famílias em condições aceitáveis.

Por isso tem de haver uma completa reestruturação do sistema bancário existente, ao nível  do sector privado, assim como do Banco Público, a Caixa Geral de Depósitos que tem de passar a ser gerida por administradores independentes de partidos e ainda a criação de um novo Banco totalmente público que, em conjunto com a CGD, possam pressionar todo o sistema bancário, concorrendo com ele, no sentido de optimizar as condições de financiamento da economia e das famílias.

Feita esta introdução, cuja finalidade foi explicitar os fundamentos e bases em que se tem de alicerçar o novo sistema económico, segue-se a síntese esquemática da sua estrutura:

 
SÍNTESE ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA DO NOVO SISTEMA ECONÓMICO

 






Principais componentes do novo modelo de desenvolvimento







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