Numa
sociedade onde se instituiu constitucionalmente a liberdade de expressão e
pensamento, como um dos pilares básicos de uma democracia, cada um é livre
de expressar o que pensa.
Presume-se, ou implicitamente se assume,
que esta expressão do nosso pensamento, seja sob a forma de ideias,
comentários, críticas, prosa, sátira ou mesmo poesia, sejam feitas de forma
correcta, responsável, digna, visando ajudar o esclarecimento público ou
denunciar os actos menos correctos dos políticos e outros actores sociais e
económicos.
A expressão do nosso pensamento,
feita sob a forma de crítica gratuita, destrutiva, sem fundamento nem
argumentação que a sustente e pior ainda, sob a forma de insulto puro e
simples, não só não é liberdade de expressão responsável, como é reveladora de
radicalismo ideológico, intolerância e desrespeito às opiniões dos outros, em
suma, é a negação da própria democracia.
As redes
sociais são terreno privilegiado para exprimir o nosso pensamento e são terreno
fértil, para o uso e abuso da liberdade de expressão, feita muitas vezes de forma ofensiva, de um
rasteiro e intolerável insulto, que rompe
a escala do negativismo, sem assumir sequer o zero dessa escala, ou
seja, a forma simples de crítica
gratuita, sem qualquer fundamentação.
Excluindo o
insulto, usado e abusado pelos intolerantes e antidemocratas do costume, e já
sobejamente conhecidos, a crítica, o comentário deve, sempre que possível, ser
argumentado e fundamentado, para que o visado ou visados, entendam a natureza e
a razão da crítica.
A crítica gratuita é destrutiva,
pela sua própria natureza, não envolve nenhuma argumentação ou fundamentação, é
crítica pela crítica, muitas vezes para aliviar traumas, tensões ou frustrações
e por isso não é nada, é o zero da escala do conhecimento e da inteligência.
Mas, causa estragos, indignação e
inflama ódios, intolerância e radicalização na
sociedade.
O insulto é
mais grave, e tanto mais, quanto se usa e abusa-se dele, para simplesmente enxovalhar
cidadãos que pensam de forma diferente.
É o expoente
máximo da irresponsabilidade, do desrespeito pelos outros, do atentado à sua
dignidade, da farpa cobarde atirada à vítima indefesa, à sombra do virtualismo
das redes sociais, da ofensa gratuita, uso e abuso de uma liberdade que se
transformou, desta e de outras formas, numa liberdade bandalheira, sem eira nem
beira, legado e conquista de Abril.
O insulto, o que insulta, nega a
própria realidade dos factos, cego pelo radicalismo.
Mas, quanto mais intolerantes e
radicalizados houver numa sociedade, mais divididos, mais fragmentados e mais
frágeis nos encontraremos e mais facilmente seremos vencidos.
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