terça-feira, 22 de outubro de 2013

DA CRÍTICA CONSTRUTIVA AO INSULTO

Numa sociedade onde se instituiu constitucionalmente a liberdade de expressão e pensamento, como um dos pilares básicos de uma democracia, cada um é livre de  expressar o que pensa.
 
Presume-se, ou implicitamente se assume, que esta expressão do nosso pensamento, seja sob a forma de ideias, comentários, críticas, prosa, sátira ou mesmo poesia, sejam feitas de forma correcta, responsável, digna, visando ajudar o esclarecimento público ou denunciar os actos menos correctos dos políticos e outros actores sociais e económicos.
 
A expressão do nosso pensamento, feita sob a forma de crítica gratuita, destrutiva, sem fundamento nem argumentação que a sustente e pior ainda, sob a forma de insulto puro e simples, não só não é liberdade de expressão responsável, como é reveladora de radicalismo ideológico, intolerância e desrespeito às opiniões dos outros, em suma, é a negação da própria democracia.
 
As redes sociais são terreno privilegiado para exprimir o nosso pensamento e são terreno fértil, para o uso e abuso da liberdade de expressão,  feita muitas vezes de forma ofensiva, de um rasteiro e intolerável insulto, que rompe  a escala  do negativismo, sem assumir sequer o zero dessa escala, ou seja,  a forma simples de crítica gratuita, sem qualquer fundamentação.
 
Excluindo o insulto, usado e abusado pelos intolerantes e antidemocratas do costume, e já sobejamente conhecidos, a crítica, o comentário deve, sempre que possível, ser argumentado e fundamentado, para que o visado ou visados, entendam a natureza e a razão da crítica.
 
A crítica gratuita é destrutiva, pela sua própria natureza, não envolve nenhuma argumentação ou fundamentação, é crítica pela crítica, muitas vezes para aliviar traumas, tensões ou frustrações e por isso não é nada, é o zero da escala do conhecimento e da inteligência.
Mas, causa estragos, indignação e inflama ódios, intolerância e radicalização na  sociedade.
 
O insulto é mais grave, e tanto mais, quanto se usa e abusa-se dele, para simplesmente enxovalhar cidadãos que pensam de forma diferente.
 
É o expoente máximo da irresponsabilidade, do desrespeito pelos outros, do atentado à sua dignidade, da farpa cobarde atirada à vítima indefesa, à sombra do virtualismo das redes sociais, da ofensa gratuita, uso e abuso de uma liberdade que se transformou, desta e de outras formas, numa liberdade bandalheira, sem eira nem beira, legado e conquista de Abril.
 
O insulto, o que insulta, nega a própria realidade dos factos, cego pelo radicalismo.
Mas, quanto mais intolerantes e radicalizados houver numa sociedade, mais divididos, mais fragmentados e mais frágeis nos encontraremos e mais facilmente seremos vencidos.

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