O relatório do FMI, hoje
publicado, embora não seja vinculativo e não sejamos obrigados a cumpri-lo, a
verdade é que a violência das medidas ali apontadas e sugeridas, acorda-nos para
uma realidade de que muitos de nós nunca suspeitámos: a falência de um modelo
de desenvolvimento.
E, tão grave
quanto isso, o alheamento, durante muitos anos, premeditadamente ou não, o
tempo o dirá, quando se fizer o julgamento da história, de que esse modelo
estava irremediavelmente condenado, pela evidente linha vermelha que estava a
percorrer.
Os gráficos estão lá, as
estatísticas estão lá.
A linha da economia a cair sistematicamente,
o que significava empobrecimento, contrastava e cruzava perigosamente coma
subida vertiginosa da despesa e da dívida públicas. Algo de grave e
contraditório.
Deixou-se andar. Os mercados alimentaram
a contradição, enquanto os juros eram suportáveis.
Os responsáveis
políticos, foram tudo menos responsáveis. De todos os quadrantes da sociedade,
soavam sinais de alarme. De nada serviu.
Já na
iminência do desastre, a demagogia política ainda insistia no TGV, no Aeroporto,
no Betão sobreposto e duplicado.
No meio de tudo isto, a grande
vítima: a sociedade portuguesa que, sem ter alternativa credível para alterar,
pela força do voto, o rumo da história, acabou por ser apanhada na armadilha.
Como sempre,
responsáveis não há.
Como sempre,
continuámos prisioneiros de um sistema do qual,, com uma dureza inqualificável,
nos estão a impor uma saída mais que duvidosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário