Desejaríamos acreditar
que sim, mas a realidade é bem diferente!
O comentador,
Marcelo de Sousa, divulgou ontem, no seu comentário semanal, com grande júbilo
e certezas absolutas, de que Portugal vai voltar aos mercados antes de Setembro
deste ano, como uma grande vitória para o país e para o governo.
Como
se esse objectivo, neste momento ainda de certeza duvidosa, fosse a grande
meta a alcançar pelo país.
Se
isso se concretizar e neste momento já alguns Bancos o conseguem fazer, a juros
aceitáveis, mas ainda acima do desejável, é lícito perguntar para que serve a
ida aos mercados?
Mesmo
a compra de obrigações da dívida pública portuguesa pelo BCE, a custo mais
baixo, pergunta-se onde vai ser aplicado o dinheiro?
Para
apoiar as PME´s ainda sobreviventes, para pagar dívida com dívida, para pagar
juros, para ir suportando as despesas do Estado, quando o dinheiro da troika se
acabar, porque não se corta onde se deve cortar?
Ir aos mercados não é
um objectivo estratégico para o país!
É
uma medida transitória que, nas circunstâncias actuais, de sobreendividamento
do Estado e do país, apenas permite ir-nos aguentando, sem entrar em rotura.
É
continuar a viver com o dinheiro dos outros.
É resolver
pontualmente problemas financeiros, mas adiando e empurrando para a frente, os verdadeiros problemas de
fundo, esses sim, criados por anos de incúria, desleixo e incompetência e
necessitando de um verdadeiro plano estratégico global, para os resolver.
O regresso aos
mercados, embora desejável, para evitar a rotura, tem o seus riscos.
Não se trata já da
simples «gestão de uma dívida» como disse o ex-primeiro ministro.
Numa
situação em que a dívida pública portuguesa já se encontra no dobro do máximo
aceitável, para ser gerida em condições normais, o recurso aos mercados, sendo
um mal necessário, tem de ser feita com todo o critério e tem de ter como
pressuposto, a diminuição incomportável do nível da dívida pública e do peso
dos juros.
Sem este pressuposto,
qualquer sinal de crescimento da economia, não chegará para o país inverter a espirar de empobrecimento em
que já entrou.
Os grandes objectivos
para o país, no médio prazo e era disso que gostaríamos de saber a opinião de
Marcelo Rebelo de Sousa, é como sanar de vez as finanças públicas, sem arrasar
o país e os cidadãos, como reduzir a dívida pública e os seus astronómicos
custos, como relançar a economia e o emprego, depois dos graves danos sofridos
e como fazer sair este país da espiral de empobrecimento.
É
que, atirar dinheiro para cima dos problemas, que têm causas profundas, não os
vão resolver de um dia para o outro. Essa estratégia não surtiu efeito no
passado e foi muito mal gerida. Destruir é fácil, reconstruir é muito mais
difícil.
O governo segue a
estratégia imposta pela troika e alguma de sua autoria e tenta resolver desta
forma os problemas do país. Muitos sectores da sociedade portuguesa a contestam,
porque havia alternativas menos penosas para o país, envolvendo na sua recuperação,
os principais responsáveis pela sua
deterioração.
Mas,
mesmo que o programa seja cumprido, com os custos enormes que está a ter para o
país e para a sociedade, de que ainda não há certezas, pois tudo vai depender
da execução do OE 2013, que mal começou,
e pensando no país para além da troika, como diz o primeiro ministro,
pergunta-se o que vamos fazer depois?
Com um país em recessão
profunda e desemprego galopante, cujos juros da dívida pesam mais que toda a
despesa do Serviço Nacional de Saúde, depois da troika tudo ficará resolvido, com o regresso aos mercados?
De forma realista,
infelizmente não. Temos pela frente um duro, difícil e longo caminho.
É disto que
gostaríamos de ouvir falar, Marcelo Rebelo de Sousa.
Gostaria
de ser optimista e teria desejado acima de tudo, que o meu país não tivesse
chegado à condição de país menos desenvolvido e mais desigual da União Europeia.
O GRANDE OBJECTIVO,
ESSE SIM, É RETIRÁ-LO DESSA SITUAÇÃO HUMILHANTE!
Sem comentários:
Enviar um comentário