Perante o espectáculo degradante de ver Órgãos do Serviço de
Informações da República (SIRP) completamente devassados e assaltado por
malfeitores, penso que voltámos aos
tempos da PIDE de Salazar. Ou talvez pior…
Talvez pior porque, enquanto a PIDE se preocupava em identificar e
perseguir os adversários políticos do regime, o galinheiro em que se
transformaram órgãos do SIRP, devassa a
vida privada das pessoas a seu bel-prazer e colocou-se, tudo indica, ao serviço
dos grandes interesses económicos e políticos do país.
Inacreditável!
Transformou-se num verdadeiro Centro de Espionagem.
Já não é apenas um mecanismo de defesa do regime e do Estado (País),
mas muito mais do que isso.
E, pior que tudo, preocupado em dar satisfação aos interesses de
lóbis, acaba por não cumprir a missão para que foi criado. A defesa do Estado
Português de ameaças externas e internas.
E, muito grave, as pessoas nomeadas para o controlar, são
afastadas dos serviços de controlo e aliciadas (compradas) para cargos
irrecusáveis. E isto, em estreita colaboração com o governo, por simples troca
de mensagens de telemóvel.
Uma
verdadeira bagunça!
Assim, a raposa, com a chave do galinheiro na mão, encheu o bucho
à vontade.
Quando quis, quando lhe aprouve, quando lhe apeteceu.
Nunca pensei que a promiscuidade chegasse tão longe em Portugal.
Promiscuidade entre o responsável máximo de um serviço de extrema responsabilidade
e membros do governo, sugerindo nomes de confiança para os serviços de controlo
e indo ao desplante de sugerir nomes para o substituir, depois de ter sido
apanhado na ratada.
Promiscuidade entre o governo e os órgãos de comunicação,
designadamente jornais, onde jornalistas tratam por «tu» membros do governo e
onde um destes ameaça devassar a vida privada de uma jornalista, por esta o
tentar denunciar.
Por tudo isto, o país transformou-se numa república da espionagem,
da chantagem, da bagunçada e da palhaçada.
Já desceu muito abaixo do nível da «banana» que, apesar de tudo ainda
era, e é, um fruto tropical com valor económico e nutritivo.
Portugal transformou-se num país onde já nem os portugueses o
reconhecem. Já não se sentem bem no seu próprio país.
Maria José Morgado, conhecedora destes assuntos, por dentro e por
fora, procuradora do DIAP, uma das vozes mais esclarecidas que ainda vão tendo
a coragem de dizer as verdades acusa, peremptoriamente:
- «Demos a chave do
galinheiro à raposa» e agora é tarde demais…
É tarde demais, porque a razia nas galinhas deve ter sido
devastadora. O esfaimado apetite da raposa deve ter sido voraz.
Nem ousamos imaginar onde chegou a promiscuidade, a devassa, os
interesse em jogo, os estragos provocados.
E quem foram as vítimas e os beneficiados? O que sabemos deve ser
apenas a «ponta do icebergue».
Foi apenas o que transpareceu cá para fora.
Balsemão, um peso-pesado do regime, empresário e ex-primeiro
ministro, foi espiado, foi escutado.
Nem as essências balsâmicas do seu nome, que supostamente o deviam
proteger, o salvaram.
Indignou-se, e com razão!
Como qualquer um de nós se indignaria.
Escutas
ao serviço de quem? Quem foram os beneficiados? E a devassa da vida privada das
pessoas? Quem ganhou com o negócio e quem paga os prejuízos e as reparações moral
e material?
O
que aconteceu no SIEP (Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa) é de
extrema gravidade e demonstra, à evidência, o grau de degradação a que chegaram
as Instituições Públicas e Privadas a estas ligadas.
E acima de tudo, a insegurança que todo este espectáculo promíscuo
e degradante, causa em cada um de nós portugueses.
Nem
no nosso país já nos sentimos seguros e podemos estar expostos, por tudo e por
nada, a sermos escutados e espiados por estes felinos, sem escrúpulos e de
dentes afiados, que tomaram de assalto os
órgãos vitais do poder e da segurança do Estado.
Depois
de roubados, trancas à porta?
A
ver vamos…
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